O primeiro debate dos candidatos a prefeito de Cuiabá no segundo turno, ocorrido na manhã desta terça-feira (18), na rádio CBN, foi marcado por bate-boca e troca de acusações entre Emanuel Pinheiro (PMDB) e Wilson Santos (PSDB).
As principais discussões envolveram a concessionária de água e esgoto CAB Cuiabá, o ex-prefeito Chico Galindo (PTB) e apoiadores envolvidos em casos de corrupção.
No primeiro momento de confronto, Emanuel questionou Wilson sobre a administração do governador Pedro Taques (PSDB), que, segundo ele, disse que não pagaria a integralidade da Revisão Geral Anual (RGA) dos servidores públicos para não atrasar salários e, agora, prevê a possibilidade de atrasos na folha.
Wilson respondeu que o culpado da atual situação financeira do Estado é o ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
“As barbaridades que foram feitas com as finanças, a desonestidade nos incentivos fiscais, as operações da Polícia que levaram Silval para a cadeia, a forma perdulária e desonesta, deixaram Mato Grosso nessas condições. Toda essa dramaticidade tem nome: PMDB, Eder Moraes, José Riva, que estão com você, Emanuel Pinheiro”, disse o tucano.
Wilson, em seguida, questionou Emanuel sobre qual o seu conceito de ética. “É aquilo que pratico há 20 anos na vida pública. É não decepcionar o povo, não fazer da vida pública um benefício pessoal; é não abandonar a população para buscar projetos políticos; é ser ficha limpa e não responder processos por improbidade, não ter o nome envolvido em atos de corrupção ou desvio dos cofres públicos”, disse Emanuel.
“O deputado Emanuel responde por ação de improbidade junto com João Arcanjo Ribeiro e José Riva. Emanuel já colocou no bolso mais de R$ 4 milhões por conta de uma pensão obtida aos 30 anos”, rebateu Wilson, referindo-se ao Fundo de Assistência Parlamentar (FAP) recebido por Emanuel.
“O Wilson diz que vai dar posse a secretários ficha-limpa. Não deixa de ser curioso um prefeito ficha-suja dando posse a secretários ficha-limpa. Ele é quem responde por improbidade administrativa; ele é quem tem relação nebulosa com empresários do transporte; ele é quem responde por improbidade nas obras do Rodoanel. Não me leve para seu mundo, Wilson. Você é que entende de João Arcanjo, que da tribuna da Assembleia o elegeu o homem modelo de Mato Grosso”, disse Emanuel, referindo-se ao episódio em que Wilson faz elogios ao ex-bicheiro durante um discurso.
Depois, o tucano voltou a tratar do FAP e questionou se Emanuel for eleito irá abdicar do beneficio ou irá acumulá-lo junto com o salário de prefeito.
Emanuel negou que o FAP seja uma aposentadoria e voltou a citar Dante de Oliveira como um dos beneficiários. Wilson rebateu e disse que Dante não se compara a Emanuel.
“Imoral é você querer comparar. Dante não se tornou aposentado com 30 e poucos anos. A carreira dele não pode se comparar com a sua. Há uma diferença enorme entre vocês. Você se aposentou com menos de um ano na Assembleia. Fiz uma pergunta simples, não sei o motivo do desequilíbrio”, disse.
“É patente o seu desequilíbrio. A população conhece o perfil de Wilson Santos, que não leva Cuiabá a sério. Ele sabe que não há como requerer previdência com menos de um mandato. Ele pode ser tudo, menos desconhecedor da lei. É uma previdência que Dante requereu no mesmo período e mesma idade. Dante é imoral?”, disse Emanuel.
Ainda durante o debate, Wilson citou um possível perigo nas alianças de Emanuel. “Imaginem como será com Carlos Bezerra rondando a Prefeitura. Com aliados como José Riva, Eder Moraes e Janaina Riva, vocês vão vender o Alencastro”, disse.
Emanuel rebateu dizendo que se for para associar membros de partidos, irá citar o ex-secretário de Educação Permínio Pinto, preso desde julho por conta da Operação Rêmora.
Nesses blocos, o candidato do PMDB abriu mão, por diversas vezes, da réplica.
Pai de Galindo
O ex-prefeito Chico Galindo foi tema do debate quando Wilson citou que o PTB é um dos principais doares da campanha do peemedebista e questionou se há um “acordão” para manter a CAB em Cuiabá.
“Quem trouxe o Galindo para a política cuiabana foi você. Ele foi seu vice, financiador da sua campanha. Se a CAB existe aqui é por causa da sua parceria com ele, é por causa da Operação Pacenas, que deu prejuízo de R$ 300 milhões a Cuiabá. Você é o grande responsável por isso. Inclusive, em entrevista a um site, você disse que assume todos os erros e acertos de Galindo, que ia privatizar o saneamento e que concordava com o que ele fez. Você é o grande pai da CAB e do Galindo, responsável pelo retrocesso do saneamento. Os meus doadores são os partidos, não pessoa física”, disse Emanuel.
“Eu sempre assumi meus erros e admito que errei com o Galindo. Mas eu não tinha conhecimento dele, você conhece e sabe o que ele fez e mesmo assim o trouxe para ser seu articulador financeiro. Então, qual é o acordão entre vocês?”, questionou Wilson.
“Palavras de Wilson Santos: ‘Eu assumo todos os erros do Galindo. É claro que ele tem o estilo dele e eu o meu, mas nosso programa de governo é o mesmo. Eu concordo e tentei fazer a concessão do saneamento’. Palavras de Wilson, pai da CAB e do Galindo, que agora quer deserdar o filho”, completou Emanuel.
Direito de resposta
O programa teve dois direitos de resposta acatados para cada um dos candidatos.
Na primeira, Wilson negou que seja ficha suja e classificou Emanuel como “desequilibrado”.
“Ficha suja é quando há condenação em segunda instância. Eu respondo a processos, como ele também. A diferença é que eu assumo, ele corre, corre desesperado, abre mão de réplica, está fugindo o tempo todo. A população sabe que você está agressivo, você está desequilibrado. O Galinho é de chegada e está chegando”, disse Wilson.
Em outro momento, negou que tenha trazido a CAB Cuiabá e ressaltou que o responsável foi o ex-prefeito Galindo.
Já Emanuel, em ambos direito de resposta, negou que ficará à mercê de aliados políticos.
“Wilson não deixa seu humor de lado quando tenta justificar o injustificável. Eu sou político ligado a população e estou andando nas ruas. Não há nada que me afete, por isso estamos liderando e com uma rejeição baixa, bem diferente de Wilson, que não pode dedicar atenção às ruas, porque não é bem aceito”, disse.
“Tenho 28 anos de vida pública e respondo por meus atos. Quer me questionar, me questione pelo que eu fiz. Respondo por meus atos e ninguém coloca cabresto em mim. Se é para falar de aliado, quem tem apoio de Eder Moraes é você, ele é do PHS, que está com você; o José Riva é do PSD, que também está com Wilson. Precisamos esclarecer e colocar pingos no is”, completou.
Pergunta dos jornalistas
Os candidatos também responderam a perguntas de três jornalistas. Representando o MidiaNews, o repórter Airton Marques questionou o fato de Wilson responder a processo por não fazer a licitação das empresas de ônibus. Segundo o jornalista, o tucano tem dito que não licitou, mas a juíza Célia Vidotti negou a existência de tais decisões.
“A juíza foi levada ao erro. Eu não pude fazer licitação, porque tinham quatro decisões me impedindo. A licitação foi feita pelo prefeito Roberto França e, quando venceu, as empresas entram na Justiça e tiveram essas decisões. Eu não podia fazer esse enfrentamento e me curvei, mas caso eleito, nos primeiros 100 dias, vamos fazer a licitação”, disse o tucano.
Para Emanuel, o jornalista afirmou que o peemedebista é citado pela Defaz por ter “estreitas” ligações com o ex-secretário Marcel De Cursi, preso por conta da Operação Sodoma. E questionou se houve algum tipo de “lobby” para favorecer o delator João Rosa para não ter a empresa citada na CPI da Renúncia e Sonegação.
“Tive um relacionamento meramente institucional, de um deputado com ex-secretário. E não foi só ele, todos os ex-secretários tiveram contato comigo, mas de forma institucional. Não existe nada na Sodoma que me ligue a este ou aquele crime ou a tentava de cobrir empresa. Foi graças ao nosso trabalho na CPI que eclodiu a Operação Sodoma. E que os responsáveis respondam por seus erros na Justiça”, disse Emanuel.
9 Comentário(s).
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Gilstinho 19.10.16 07h58 | ||||
Nos queremos proposta pra Cuiabá. Não estamos nem um pouco interessado na vida funcional ou particular do Emanuel ou mesmo do WS. Portanto Sr. Wilson Santos, o senhor esta perdendo seu valioso tempo de televisão pra mostrar projetos bons pra Cuiabá. Percebemos que bateu o desespero na sua equipe do PSDB, e aí cai a qualidade dos debates, onde o segundo colocado o senhor WS, não tem mais argumentos e nem proposta novas a ser apresentada, ai o jeito é atacar a pessoal do concorrente, pra vê se muda o atual momento apresentado nas pesquisas, e isso é ruim pra todos.O Emanuel inteligentemente, não esta entrando no jogo sujo do Galinho, que quer desestabilizar o Emanoel. | ||||
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Mesaque 19.10.16 00h05 | ||||
E agora quem podera nos defender!!!! | ||||
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Sabrina 18.10.16 20h49 | ||||
Wilson , agora É 15 !! Wilson Santos nunca mais !! Diana, que trabalhou com voce que te conheceu e bem !! | ||||
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claudemir 18.10.16 18h41 | ||||
Se com Wilson estiver ruim, com Emanuel RGA Pinheiro é muito pior. O cara não tem vergonha de acusar o governador Taques. Este sim, homem de caráter, não faz politicagem, joga limpo. Se quisesse teria feito meio mundo de manobras para aprovar qualquer candidato, mas agiu e age com responsabilidade. Agora é só olhar a turma que está e sempre esteve com Emanuel pra saber o que é melhor pra Cuiabá. Vou de 45 e não abro! | ||||
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Claudia Marques 18.10.16 15h36 | ||||
Não sei porque eles rodeiam tanto esse assunto CAB. A justiça já declarou que a licitação e o contrato são nulos e deu prazo para que seja feita nova licitação. Ponto final. Agora esse Wilson é o cara... juiz nenhum sabe julgar, todos são levados a erro... nem a justiça estadual, nem a federal, nem a eleitoral... só ele sabe tudo. | ||||
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