“Acabaram com a vida da minha família”, diz viúva de coronel da PM

“Eles não acabaram apenas com a vida do meu marido, acabaram com a vida dos pais dele, com a minha vida e com a vida dos nossos filhos”.

O desabafo é da funcionária pública Cristiana Martins de Martins, viúva do tenente-coronel PM Helton Vagner Martins, assassinado com quatro tiros no dia 8 de agosto, após ter a residência invadida por três criminosos, menores de idade, na cidade de Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá).  

Em entrevista ao MidiaNews, Cristiana, que também foi atingida por três disparos – dois no braço e um na barriga -, na tentativa de proteger o marido, afirmou que perdeu o movimento do punho direito.

Ela disse que recebeu alta há um mês, após realizar duas cirurgias e, desde então, busca junto com os filhos a ajuda de um terapeuta para superarem o caso.

Eles não acabaram apenas com a vida do meu marido, acabaram com a vida dos pais dele, com a minha vida e com a vida dos nossos filhos

“Além da terapia, rezamos muito, todos os dias, para ver se Deus traz o conforto para nós. Infelizmente é a única coisa que podemos fazer no momento, porque é muito difícil, ficar lembrando, falando do que aconteceu. Não é nada fácil”, disse.

Bastante emocionada, Cristiana afirmou que não acredita que os suspeitos sejam condenados pelo crime.

“Eu procuro nem pensar sobre isso. Para mim, tanto faz. Eles vivos, mortos, presos ou não, nada disso vai trazer meu marido de volta. A única coisa que eu tenho certeza é de eles não ficarão impunes diante de Deus”, afirmou.

Ela disse, porém, que teme pela vida de outras famílias, caso os acusados sejam soltos.

“Meu medo é de que, se eles forem soltos, podem fazer a mesma coisa que fizeram com a minha família com outras famílias”, disse.

Os três adolescentes responsáveis pelo crime estão recolhidos no sistema socioeducativo da cidade. Eles assinaram um Termo Circunstanciado de Conduta em que respondem por latrocínio (roubo seguido de morte) e associação criminosa.

Já o adulto de 23 anos, preso por dar apoio logístico aos menores, está preso em uma cela da Penitenciária Osvaldo Florentino Leite (Ferrugem). Ele também foi indiciado por latrocínio e associação criminosa.

Coronel não reagiu

Para mim, tanto faz. Eles vivos, mortos, presos ou não, nada disso vai trazer meu marido de volta. A única coisa que eu tenho certeza é de eles não ficarão impunes diante de Deus

De acordo com Cristiana, após anunciaram o assalto, os criminosos trancaram ela, o marido, os dois filhos e a sobrinha dentro de um quarto da residência.

Conforme a Polícia Civil, antes disso, os bandidos já haviam passado pelo menos três vezes na frente da residência.

Cristiana, afirmou, no entanto, que ela e o marido não perceberam a ação dos criminosos antes de anunciarem o assalto.

“Foi tudo muito rápido. Quando vimos eles já estavam com as armas apontadas para a gente e mandando nós entrarmos na casa”, relembrou.

“Depois de alguns minutos, um deles voltou no quarto e já começou a atirar contra o meu marido. Ele não reagiu a nada, porque não teve tempo. Tentei protegê-lo, mas não consegui salvá-lo”, lamentou.

Cristiana afirmou que, apesar da tragédia, não pretende se mudar da casa onde ocorreu o crime, tampouco de Sinop.

"Não é fácil, mas eu e meus filhos vamos criar forças para recomerçamos nossas vidas aqui mesmo", afirmou.

 O crime

O tenente-coronel Helton Martins e a esposa foram abordados na porta de casa, por volta das 19h30, quando lavavam o carro. 

Ele [tenente-coronel] não reagiu a nada, porque não teve tempo. Tentei protegê-lo, mas não consegui salvá-lo

Durante a procura por objetos de valores na residência, os criminosos encontraram um  boné da PM, e um dos adolescentes efetuou vários disparos contra o coronel.

Três dos disparos acertaram a esposa da vítima.

Após isso, os assaltantes fugiram a pé, sem levarem nada. 

O PM levou dois tiros no peito, um no tórax e um na cabeça.

Ele foi levado ainda com vida ao Hospital Regional, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. 

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