Amanda Alves Homem

Amanda Alves Homem, de 26 anos, foi mais uma cuiabana que perdeu o emprego devido à crise provocada pelo novo coronavírus. Diante disso, ela passou a investir na pintura abstrata para conseguir pagar as contas.
Há duas semanas, a jovem artista foi demitida de seu emprego, em um hotel da Capital, junto com outros colegas. Ao receber a notícia, ela viu seu mundo desabar.
“Bateu um desespero total. Eu prezo muito pela estabilidade financeira, moro sozinha, pago as minhas contas, vivo de aluguel. Essas coisas não deixam de acontecer quando você perde o emprego”, relata.
Antes disso, porém, Amanda já estava com o contrato suspenso e recebia o auxílio do Governo, em parceria com a empresa contratante, mas acabou a ajuda governamental e ela precisou tomar uma atitude.
“Estava dedicando mais do meu tempo para divulgar meu trabalho e tentar fazer ligações com as minhas redes de contato para ter saídas. Mas a demissão acabou sendo um empurrão maior, porque a necessidade, com certeza, move muito mais a gente”, revela.
Tendo desistido de encontrar um emprego formal neste momento, a artista fez uma publicação em sua conta no Twitter expondo sua situação e divulgando seu trabalho com as tintas. Os desenhos abstratos, com cores que ela mesma produz, chamaram atenção na rede social e ela conseguiu alcançar novos públicos.
Com mais de 200 curtidas e 163 compartilhamentos, Amanda já recebeu diversos orçamentos e encomendas que variam entre pintura e ilustração.
“Geralmente, os trabalhos que recebo são de pessoas que conheço, que já conhecem o meu trabalho. Agora, tive muita procura de pessoas que eu não conhecia, pessoas de outros Estados. Deu uma movimentada bem legal depois desse tweet. Estou com trabalho para o mês inteiro agora”, afirma.
A artista acredita que as pessoas estão mais empenhadas em tornar a casa mais aconchegante, já que estão passando mais tempo nesse ambiente por conta da pandemia.
“Acho que esse contato tão intenso com a sua casa faz você querer fazer mudanças nele. Então, as pessoas que têm me procurado, geralmente, buscam porque estão fazendo mudanças dentro do seu ambiente e querem um trabalho meu para decorar e deixar mais agradável”, explica.
Contudo, ela reforça que há instabilidade quando se vive de um trabalho independente como a arte. Mesmo tendo conseguido maior divulgação, a jovem ainda teme que não consiga se sustentar.
“O trabalho de freelancer, que estou fazendo agora, não é um trabalho fixo com uma renda fixa. Ainda dá um medo das coisas não darem certo, porque, independente se vou ter trabalhos ou não, essas contas vão continuar chegando, vou continuar tendo que pagar elas”, relata.
Pintura com movimento
Quase como uma experiência química, somada ao toque artístico e sensível, a fluid art é a marca registrada da jovem.
Uma técnica onde a tinta reage com solventes, produz uma obra abstrata e chama atenção pelas formas que parecem ainda manter um movimento.
“É como se ela congelasse o momento em que a tinta estivesse molhada. Dá a impressão de que está fluindo ainda quando seca. Ficam essas formas bem fluidas mesmo, com cores, com movimento”, explica Amanda.
Ela diz que nessa técnica é necessário utilizar uma tinta bem líquida e à base de água. A tinta vai reagir com álcool ou outro solvente para criar formas que podem lembrar água para alguns e até superfície de planetas para outros.
“No trabalho de fluid art é muito mais o processo, é uma coisa bem laboral, bem química. Ela te dá liberdade para criar formas que você não conseguiria com o pincel”.
Amanda ainda revela que as pessoas sempre buscam significado em suas obras, mas ela diz que não coloca uma interpretação específica para seu trabalho.
Uma das obras da jovem artista em fluid art
“É difícil de delimitar o abstrato, porque cada um vai interpretar de uma maneira diferente dentro da sua vivência”, afirma.
Para seu processo criativo, a jovem se inspira em artistas renomados, principalmente do movimento expressionista. O que ela mais admira é o trabalho de Vincent van Gogh.
“Acho que isso de pintar o momento e colocar um sentimento naquilo usando as cores é uma coisa muito bonita”, diz.
Outra grande inspiração para Amanda é o artista norte-americano Edward Hopper, conhecido por suas representações da solidão na contemporaneidade e na maneira com que faz uso das cores.
“A pintura desse artista não tem nada a ver com o que eu faço, mas me inspira na forma como usa as cores. Ele tem muita fidelidade de cor. O traço dele não é muito realista, mas ainda assim parece que não é uma pintura de tão real que são as cores que ele coloca ali”, explica a artista.
Além disso, a artista é quem produz suas próprias cores. Utilizando apenas as tintas de cores primárias, ela mistura os materiais até chegar na cor desejada.
Do aprendizado ao profissionalismo
Desde muito nova, ainda criança, Amanda tinha um pé nas artes, seja teatro, dança, música. Mas somente há quatro anos a pintura despertou na jovem.
Ao fazer mobilidade acadêmica, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a jovem teve contato com as artes visuais. Foi nesse cenário que ela se descobriu na pintura.
“Tem coisas que a gente faz que nos completam, nos deixam muito feliz quando a gente está fazendo”, afirma a artista.
A partir disso, ela começou a pesquisar mais sobre a pintura, mais especificamente a técnica de fluid art.
“Descobri na internet essa técnica e fiquei interessada em tentar fazer. Na mesma semana, comprei os materiais e fui tentar experimentar”, recorda.
No primeiro teste, Amanda conta que se conectou com a atividade de uma forma tão especial que ficou totalmente imersa ao processo.
“Não vi o tempo passar, eu não peguei no celular um minuto. Gostei muito de fazer aquilo. Aí, comecei a pesquisar mais sobre como aprimorar a técnica”.
Reprodução
Amanda Homem sempre esteve inserida no mundo da arte
A artista também começou a dar aulas de pintura de observação para iniciantes, mas o trabalho foi interrompido pela pandemia do novo coronavírus, já que ela não podia continuar recebendo alunos em casa por conta do risco de contaminação.
Diante disso, Amanda tem pensado em alternativas para continuar ofertando as aulas, agora de forma online.
“Não via videochamada, porque a gente acaba perdendo qualidade de conteúdo por conta do vídeo mesmo e, às vezes, não consigo enxergar o que a pessoa está me mostrando e nem ela o que eu estou mostrando. Estou estudando algumas plataformas para tentar fazer vídeos e montar um curso de pintura e fluid art e talvez de observação”, afirma.
Encomendas
Aqueles que tiverem interesse em fazer um orçamento e adquirir uma peça, podem entrar em contato com a artista pelo telefone: (65) 98169-8662 ou pelo seu perfil no Instagram.
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2 Comentário(s).
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KARINA DE OLIVEIRA ROSSI 12.08.20 11h09 | ||||
Que maravilha e atividade! Quero saber a artista tem Instagram? Pode passar ? | ||||
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Giovanny Montinny 09.08.20 18h38 | ||||
Na minha humilde opinião, espero que conquiste essa área, e que se torne mestra da pintura. Precisamos de mais talentos no nosso país. | ||||
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