Cuiabá, Terça-Feira, 9 de Setembro de 2025
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09.09.2025 | 16h16 Tamanho do texto A- A+

Atriz indígena mato-grossense vive Tybyra em curta queer

Andrya Kiga é da etnia Boe Bororo e vive na aldeia Meruri, em General Carneiro (MT)

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Atriz Andrya Kiga, que interpreta Tybyra  em curta

Atriz Andrya Kiga, que interpreta Tybyra em curta

DA REDAÇÃO

Uma atriz indígena trans, do povo Boe Bororo, dá corpo e voz a uma das figuras mais silenciadas da história colonial brasileira. Andrya Kiga, que vive na Aldeia Meruri, em General Carneiro (469 km de Cuiabá), interpreta Tybyra no curta Hendy’a Rapykwere.

 

A obra do gênero documentário/ficção/realismo fantástico acompanha Gualoy KG, jovem Guarani-Kaiowá de 20 anos que se tornou referência na luta pela diversidade sexual e de gênero em comunidades indígenas.

 

O filme reverbera a memória de Tybyra, primeiro indígena LGBTQIAPN+ martirizado nas Américas e a entrelaça à luta contemporânea das juventudes indígenas no Mato Grosso do Sul. A obra conta com Marcus Teles, como diretor e roteirista, Michele Kaiowá, roteirista e produtora, Gualoy KG, ator e roteirista, e equipe majoritariamente formada por indígenas do interior de Mato Grosso do Sul.

 

Em sua atuação, Andrya não apenas revive um personagem histórico: ela invoca um espírito ancestral que atravessa os tempos.

 

“A Tybyra ou o Tybyra não sabemos o que elu seria, mas sabemos que a sua luta e resistência será lembrada como um símbolo para nossa luta. E, como uma mulher indígena trans, foi um privilégio, uma conexão, trazer Tybyra pela primeira vez em uma história contada em curta-metragem”, conta.

 

A escolha de Andrya para este papel é, por si só, um gesto político e estético e afirma que novas vozes e corpos indígenas, trans, dissidentes e plurais têm espaço no cinema. É deslocar o olhar colonizador para revelar a liberdade em sua forma mais radical: o direito de existir.

 

Gravações em territórios de luta

 

O curta-metragem foi gravado em uma retomada indígena no município de Douradina (MS) e na Aldeia Jaguapiru, em Dourados (MS), territórios onde a luta pela terra se conecta à afirmação da identidade e da diversidade. É nesse chão de resistência que Andrya encarna Tybyra, transformando a história em imagem e corpo vivo.

 

“Tybyra tem a essência do que é ser um corpo livre dos padrões de gênero masculino e feminino. Sua alma é liberdade, como os ventos que passam por tudo e estão em qualquer lugar. E eu, como um corpo em transição, quero carregar a sua liberdade, sua força e sua essência de ser livre”, revela a atriz.

 

Na interpretação de Andrya, Tybyra não é apenas um personagem histórico, mas uma presença sagrada, que inspira e fortalece os povos originários em suas lutas de hoje.

 

“Está sendo incrível e desafiador, pois Tybyra, por ser um símbolo da luta Indígena LGBTQIAPN+, originário do povo Tupinambá, terá fragmentos do seu visual em cada povo originário, pela sua linda luta de liberdade e resistência. Dar vida a elu é trabalhar no corpo e no olhar o poder de ser humano e, agora, de divindade carregada pela sua passagem na terra, pela força da sua luta para que muites de nós ficássemos livres e tivéssemos força para ser quem somos e levantar a nossa luta de resistir para existir”.

 

Assim, a memória de Tybyra renasce no cinema indígena sul-mato-grossense como um grito de liberdade. Andrya Kiga transforma sua arte em travessia, sua presença em chama que ilumina caminhos para que outras existências possam florescer.

 

“O nome Tybyra não precisa ser falado. Como o menino Guarani, o olhar delu consagra a sua luta de resistência em ser quem é. E assim como elu consagra muitas outras lutas de resistência indígena LGBTQIAPN+, em apenas um olhar, seu espírito estará em nossas batalhas pela liberdade de ser”. Para acompanhar mais da atriz, siga o perfil no Instagram (@andryakiga).

 

Hendy’a Rapykwere conta com investimento da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Ministério da Cultura (MinC), por meio de edital da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), autarquia do Governo de Mato Grosso do Sul.

 

Ficha Técnica

 

Produção – Michele Kaiowá
Direção – Marcus Teles
Roteiro – Gualoy, Marcus Teles e Michele Kaiowá
Assistente de Direção – Danny Kaiowa
Direção de Arte – Kuñatai Yvotyju
Direção de Fotografia – Fabrício Borges
Assistente de Fotografia – Tatiana Varela
Som Direto – Laura Cristina
Assistente de Som – Luan Iturve
Atuação – Gualoy, Andrya Kiga, Luan Iturve, Julis Kaiowa e Kuña Ita Poty Weha
Assistente de Produção – Jefley M. Cano e Lucas Moura
Foto Still – Mariane Lopes
Produção Executiva – Michele Kaiowá e Marcus Teles
Assessoria de Imprensa – Lucas Arruda e Aline Lira

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