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RETROSPECTIVA 2023
31.12.2023 | 11h22 Tamanho do texto A- A+

Assassinato de advogada por ex-PM causou revolta em MT

Vítima foi deixada em seu carro, no Parque das Águas, em Cuiabá; autor do crime aguarda julgamento

Reprodução

O ex-policial militar Almir Monteiro dos Reis e sua vítima, a advogada Cristiane da Fonseca Tirloni (detalhe)

O ex-policial militar Almir Monteiro dos Reis e sua vítima, a advogada Cristiane da Fonseca Tirloni (detalhe)

ANGÉLICA CALLEJAS
DA REDAÇÃO

No último dia de sua vida, em 12 de agosto, a advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, de 48 anos, passou a tarde em um churrasco com a família e depois foi com um primo até um bar no Bairro Verdão, em Cuiabá.

 

No local, ela conheceu o ex-policial militar Almir Monteiro Reis, de 49 anos, com quem passou a maior parte do tempo conversando. Cerca de 1h30 depois, eles foram embora juntos para a casa de Almir, onde ela teve a vida ceifada.

 

Na madrugada do dia 13 de agosto, conforme a investigação da Polícia Civil, Cristiane teria se negado a ter relações sexuais com Almir, momento em que ele decidiu matá-la. Após uma sessão de espancamento, o assassino a asfixiou até a morte.

 

De acordo com a Polícia, o ex-PM manteve o corpo da advogada em sua casa por cerca de 6 horas. Por volta de 8h30, ele saiu do imóvel no carro de Cristiane, e com a vítima dentro, ele foi até o Parque das Águas, onde abandonou o veículo. 

 

Em seguida, Almir chamou um carro por aplicativo e retornou à sua casa. Momentos depois, ele chamou sua namorada para a residência, segundo a Polícia, na tentativa de criar um álibi.

 

O corpo foi encontrado pelo irmão de Cristiane. Almir teria colocado óculos escuros nela e a deixado deitada no banco do passageiro. Sem saber o que havia acontecido, o irmão dela entrou no carro e dirigiu até o CHC (Complexo Hospitalar de Cuiabá), onde foi constatada a morte.

 

Prisão, a reconstituição do crime e o laudo

 

A prisão de Almir ocorreu ainda no domingo, no dia em que o corpo da vítima foi encontrado. Conforme a Polícia, os investigadores conseguiram descobrir que o último lugar em que Cristiane estava era a residência do PM.

 

Assim, durante a abordagem, Almir disse que teria tido relações com a vítima, mas apresentou diversas contradições em sua história. 

 

Diante da suspeita, uma equipe da Politec (Perícia Oficial e Identificação Técnica) foi chamada para periciar o imóvel, sendo encontrados diversos indícios da autoria do crime.

 

Almir foi então conduzido à DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa) para interrogatório. Quando desembarcou da viatura, ao ser questionado por jornalistas, ele disse que teria sido um acidente e alegou que a vítima estaria drogada.

 

Em depoimento, o ex-PM reforçou a alegação de que havia ocorrido um acidente em sua casa, quando Cristiane teria se levantado para buscar algo para beber. Segundo ele, ela teria caído e batido a cabeça no chão de seu quarto.

 

Durante a reconstituição do crime, foram identificados pelo menos quatro pontos da residência onde continham vestígios de sangue humano, sendo no chão da sala, e em edredons e almofadas que ele tentou lavar na máquina.

 

Foi também descoberto que Almir utilizou creolina para tentar limpar o sangue do imóvel, que foi revelado com uso de luminol.

 

Para corroborar a tese do homicídio, o laudo da necropsia da vítima indicava que a advogada sofreu várias lesões na cabeça, nos seios e pernas, além de apresentar indícios de relação sexual forçada. Na casa do ex-PM, foi encontrado um preservativo usado.

 

Indiciamento, denúncia e pedido de absolvição

 

No dia 24 de agosto, Almir foi indiciado por estupro, homicídio qualificado e fraude processual. Entre as qualificadoras do homicídio, estão o feminicídio, em razão do menosprezo do gênero mulher, meio cruel e motivo fútil.

 

No dia 4 de setembro, o MPE (Ministério Público Estadual) denunciou o ex-PM pelos crimes de feminicídio, estupro, fraude processual e ocultação de cadáver.

 

A Defensoria Pública, que faz a defesa Almir, chegou a pedir a absolvição do acusado alegando que ele seria esquizofrênico. 

 

Conforme a investigação, o laudo de sanidade mental é de 2016 e já teria sido usado pelo ex-PM como defesa em outros processos.

 

Atualmente, Almir está preso em Cuiabá, e é reu pelo homicídio, cujo processo tramita na 12ª Vara Criminal de Cuiabá, sob responsabilidade do juiz Wladymir Perri.


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