Genilson Silva treinando

O atleta amador cuiabano Genilson Marques e Silva, de 49 anos, conquistou uma das disputadas vagas para o Campeonato Mundial de Ironman Full, a mais longa e desafiadora competição de triatlo. A classificação é resultado de 10 anos de treinos ininterruptos. A disputa ocorre neste domingo (14), em Nice, na França, com um percurso de 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42,2 km de corrida.
Genilson é promotor de eventos esportivos e conta que o esporte entrou em na vida dele ainda na infância. “Começou na escola, como todo bom brasileiro, com o futebol, e assim vem até hoje”.
Foram cerca de seis anos dedicados exclusivamente às corridas. Em 2011, ao assistir pela primeira vez a uma prova de triatlo, o interesse pela modalidade surgiu. “Me chamou atenção, mas eu não conhecia ninguém que praticava. Até descobrir um amigo envolvido no esporte. Fui atrás e aí tudo começou”.
Motivado pelo desafio pessoal e pela possibilidade de disputar provas específicas em cada modalidade, Genilson começou a competir em 2012. Desde então, já participou de mais de 40 competições em diferentes campeonatos.
A disputa deste domingo marca a estreia em um Ironman de longa distância. No entanto, em 2023, ele já havia representado a Confederação Brasileira de Triatlo no Mundial de média distância, realizado na Espanha.
“São 10 anos tentando conseguir essa vaga para o Mundial e, neste ano, aconteceu quase que naturalmente. Não tive lesão, acho que a experiência dos outros anos contribuiu e a rede de apoio que foi construída. Foi um conjunto de fatores”.
Victor Ostetti/MidiaNews
Genilson Silva, começou com as corridas e está no triatlo há 14 anos
Genilson disse não criar ilusões de chegar ao pódio e que as expectativas hoje são diferentes. “A primeira expectativa é terminar a prova bem, sem muito sofrimento, trazer essa medalha e não ter lesão. Essa é a minha maior expectativa, porque a gente está lidando com atletas do mundo todo, acostumados com a temperatura, com o terreno e ex-atletas profissionais”.
Ele calcula que, no Brasil, levaria em torno de 10 horas para concluir a prova. Em Nice, acredita que o tempo será entre 11h ou 11h30, por conta das montanhas do percurso.
“Na hora da premiação, quando sai o resultado e você consegue essa vaga, olha para trás e é a recompensa de tudo: de todo o dinheiro investido, de todo o tempo, de todo o perrengue que passou para chegar”, afirmou.
Do treino à vaga no Mundial
A rotina de treinos de Genilson começa cedo: às 4h30 da manhã, todos os dias, sem descanso. São dois treinos diários, que somam entre 12 e 15 horas semanais, intercalando natação, corrida, ciclismo e musculação. Há 10 anos, ele treina na Academia Medley, que oferece a estrutura necessária e acompanhamento especializado.
“São dois treinos diários. No dia que corro pela manhã, nado ao meio-dia. No dia que pedalo pela manhã, treino musculação à noite, e assim vai de segunda a segunda. A administração do tempo é fundamental”, explicou.
No início, ele chegou a sentir desvantagem por não estar acostumado a competir no mar, lidando com água salgada, ondas e a multidão na largada. Hoje, a experiência e a disciplina nos treinos já neutralizam esses fatores.
“Com o tempo isso é minimizado. Uma piscina como essa aqui da Medley atende perfeitamente o que a gente precisa em termos de treino para disputar a prova fora”, afirmou.
Para disputar o Mundial, o investimento também é alto. Entre inscrição, hospedagem, alimentação e passagens aéreas, Genilson calcula um gasto de cerca de R$ 25 mil e é o seu trabalho que garante a manutenção desse sonho.
“Eu sou um atleta amador, gosto, me dedico, sou apaixonado pela modalidade. Mas o custo é meu, quem banca meu esporte é o meu trabalho. Agora, é claro, que tenho apoiadores como a Medley, por exemplo”.
Investimento e legado
À frente da Federação de Triatlo de Mato Grosso há três anos, Genilson disse que a modalidade vive um momento de expansão no Estado. Segundo ele, os investimentos quadruplicaram nesse período, resultado de apoios do Governo do Estado, da Secretaria de Esporte e de parlamentares que abraçaram a causa.
“Nos últimos três anos, o triatlo recebeu mais investimento do que nos últimos 15”, contou.
Reprodução
Genilson Silva ao lado de Celso Mitsunari, proprietário da Academia Medley
O impacto pode ser medido em números: as provas, que antes reuniam em média 20 a 25 atletas, hoje chegam a 150 inscritos por etapa. A participação feminina também cresceu de forma expressiva, passando de três ou quatro competidoras para até 35.
Genilson afirmou, ainda, que cada evento movimenta uma verdadeira cadeia econômica, com geração de empregos temporários e contratação de serviços variados, como medalhistas, troféus, sonorização, camisetas, gráficas, bombeiros civis, assessorias esportivas, lojas de suplementos, academias e muito mais.
“O dinheiro investido gera muita riqueza na própria cidade, no próprio Estado”, disse.
Inspiração e futuro
Por fim, ele disse enxergat a participação no Mundial como uma inspiração para outros atletas de Mato Grosso.
“É um orgulho grande alguém de Cuiabá estar numa prova dessa. É um recado para quem sonha com isso: é possível! Basta dedicação, basta planejar", afirmou.
"E, além de participar, viver tudo isso, estar do lado de atletas profissionais do mundo todo, dos melhores. No futebol eu não consigo jogar ao lado do Neymar. Lá eu consigo estar na mesma prova, com os melhores do mundo”, completou.
Após a disputa na França e um breve descanso de, no máximo, um mês, Genilson já planeja um novo desafio: a preparação para a próxima prova de longa distância, marcada para maio de 2026, em Florianópolis.
Veja o vídeo:
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