A delegada Alessandra Saturnino, ex-secretária-adjunta de Inteligência da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), declarou estar “surpresa” com a acusação da colega de profissão, delegada Alana Cardoso.
Em depoimento ao secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas, Alana afirmou que foi Alessandra quem pediu para incluir na Operação Forti, de 2015, dois números de telefone de pessoas sem relação com a investigação policial.
“Na verdade eu preciso saber antes quais são as acusações, porque formalmente eu não sei nada. Tudo que eu sei é o que está na imprensa e fiquei bem surpresa, muito surpresa. Mas, enfim, depois que eu tomar conhecimento dos fatos, eu falo sobre o assunto”, disse, em entrevista ao MidiaNews nesta quinta-feira (1º).
A suposta “barriga de aluguel” na operação - tática ilegal feita quando números de pessoas comuns são listados como se pertencessem a alvos de investigações policiais – foi levantada pela juíza Selma Arruda, em ofício encaminhado à corregedora-geral do Tribunal de Justiça, desembargadora Maria Aparecida Ribeiro.

Os dois telefones interceptados pertenciam a Tatiane Sangalli, suposta ex-amante de Paulo Taques, ex-secretário de Estado Chefe da Casa Civil, e à ex-assessora dele, Caroline Mariano dos Santos.
Alessandra Saturnino garantiu que, apesar de não ter conhecimento formal sobre os fatos, suas ações “foram legítimas e legais”.
A assessoria da Polícia Civil informou que um procedimento preparatório já foi aberto para investigar o caso.
A assessoria ressaltou que a Corregedoria Geral da instituição está reunindo todos os documentos do fato e, em breve, deve notificar as pessoas envolvidas para prestar esclarecimentos.
Depoimento na Sesp
Os esclarecimentos prestados pela delegada Alana foram encaminhados pelo secretário Rogers Jarbas ao diretor geral da Polícia Civil do Estado, Fernando Vasco Spinelli
De acordo com o documento, foi o governador Pedro Taques (PSDB) quem solicitou à Sesp que apurasse a denúncia feita pela juíza Selma Arruda.
“Diante do exposto, esta autoridade convidou a delegada Alana a comparecer à Sesp para prestar esclarecimento, o que foi prontamente atendido, tendo a mesma, durante o termo de declarações, externado que no início de 2015 foi iniciada uma operação denominada Forti, a qual tinha como objetivo acompanhar e reprimir as atividades ilícitas praticadas por membros de organização criminosa atuantes em presídios do Estado, sendo constituída uma força-tarefa composta por integrantes das agências de inteligência da PJC, PM, Sesp e Sejudh, cuja coordenação ficou a cargo da delegada de polícia Alessandra Saturnino, à época Secretária Adjunta de Inteligência”, diz trecho do documento.
Segundo Alana, em março de 2015, Alessandra Saturnino trouxe ao seu conhecimento supostas ameaças feitas em desfavor de autoridades de Estado e pediu que dois terminais telefônicos móveis fossem incluídos no bojo da operação Forti.
“Sem que, para isso, fosse produzido relatório técnico expondo os motivos da interceptação, e mais, sem que houvesse qualquer relação com atividades ilícitas praticadas por membros de organizações criminosas atuantes em presídios do Estado”, diz outro trecho do documento.
MidiaNews
A delegada Alana Cardoso, que prestou depoimento na Sesp nesta quarta-feira
Ainda de acordo com Alana, Alessandra Saturnino a orientou a separar os áudios dos dois números interceptados da operação Forti, criando uma operação paralela chamada de “Pequi”.
Desta forma, os áudios não foram encaminhados à Justiça, conforme informou a juíza Selma Arruda no ofício.
“A fim de operacionalizar o acompanhamento da situação acima mencionada, de acordo com Alana, os áudios foram implantados em separado dentro da operação Forti, tendo esta operação paralela recebido a denominação de Pequi. Cujos áudios foram direcionados, via [sistema] Guardião, a um único analista, Rafael Meneguini, o qual utilizava como plataforma de trabalho da então secretária de Inteligência da Sesp, Alessandra Saturnino”, diz trecho do documento.
A delegada Alana também informou à Sesp, em depoimento, que manteve contato com o delegado Flávio Stringueta, então titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), a quem notificou sobre os fatos relacionados às operações Forti e Pequi, “bem como o que havia sido detectado nos áudios”.
Conforme a delegada, Stringueta teria acertado que representaria pela interceptação telefônica dos terminais pertencentes à ex-amante de Paulo Taques e à ex-assessora dele.
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