WELLINGTON JESUS DOSS SANTOS

O delegado Gianmarco Pacolla, da GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado), da Polícia Judiciária Civil, admitiu, em entrevista coletiva, nesta terça-feira (28), que a fuga de 35 presos da PCE (Penitenciária Central do Estado), na semana passada, pode ter sido facilitada por agentes prisionais e policiais militares que fazem a segurança interna e externa do local.
Segundo a Sejudh (Secretaria de Justiça e Direitos Humanos), um grupo fortemente armado explodiu o muro da PCE, no bairro Pascoal Ramos, na madrugada de segunda-feira (20), e resgatou 35 presos que estavam no raio três do presídio.
O delegado disse que as condições precárias da carceragem já seriam suficientes para fazer com que a fuga fosse bem-sucedida.
Paccola revelou que as imagens do circuito interno de monitoramento da PCE são de péssima qualidade.
“As imagens são muito ruins. Mas, conseguimos ver que os presos estavam fora da cela, quando houve a explosão. Não descartamos a possibilidade de facilitação por parte de agentes, de dentro da PCE. Já temos alguns nomes suspeitos, mantidos em sigilo. Vamos ouvir essas pessoas no inquérito e, caso tenham envolvimento, isso será descoberto. A precariedade da penitenciária também pode ter facilitado na fuga”, disse.
Quadrilha identificada
Paccola informou que já foram identificadas, pelo menos, 15 pessoas que tiveram envolvimento direto com a fuga dos bandidos.
“Prendemos seis pessoas que tiveram envolvimento na fuga, identificamos quatro detentos que também participaram e temos mais seis pessoas já identificadas. É questão de tempo para tudo ser desvendado”, afirmou o delegado.
“Vamos ouvir todos que estavam trabalhando na PCE, no dia da fuga. Caso necessário, pediremos a quebra de sigilo telefônico. Sabemos que os presos usam celulares dentro da prisão e isso será checado”, completou.
A GCCO já mapeou o local que foi usado como apoio para o bando que promoveu a fuga, com a explosão do muro. “Já sabemos onde a dinamite estava escondida. Ainda não localizamos de onde veio, mas sabemos onde ela estava”, informou.
Paccola ressaltou que a Polícia Civil está trabalhando em conjunto com a Polícia Militar, com o objetivo de prender todos os participantes da ação criminosa. "As barreiras que a PM tem realizado contribuem muito com o nosso trabalho, é um trabalho conjunto", disse.
GCCO de alerta
O delegado Flávio Stringueta, titular da GCCO, disse que as investigações estão avançadas e que a missão do órgão é desvendar o esquema da fuga e recapturar os fugitivos. “Vamos desvendar o esquema da fuga, recapturar os fugitivos e apontar quem deu apoio aos presos”, disse.
Todos os envolvidos na fuga serão indiciados pelos crimes de formação de quadrilha, crime de explosão, disparo em via pública, facilitação de fuga, porte ilegal de arma de uso restrito, posse irregular de munição de uso restrito, receptação e tentativa de homicídio.
O inquérito deve ser concluído em 30 dias.
A fuga
Conforme a direção da Penitenciária, 35 presos fugiram na madrugada de segunda-feira (20), por volta das 2h30.
Na ocasião, 13 fugitivos foram recapturados em seguida, restando como foragidos 22.
Moradores vizinhos da PCE relataram que o barulho produzido pela explosão foi muito alto e formou uma grande massa de poeira, que cobriu ruas e casas.
Portas, janelas e telhados foram destruídos devido à expansão dos gases liberados.
A dona de casa Sônia Simoni Miranda, por exemplo, disse ao MidiaNews que acordou com o barulho da explosão. Logo em seguida, foram ouvidos muitos tiros e gritos.
“Acordamos com o barulho da explosão. Logo depois, escutamos tiros e muita gritaria. Foi horrível. Não podíamos sair, tivemos que ficar dentro da sala e aguardar a situação se acalmar”, disse a moradora ao site.
Confira a lista oficial dos foragidos:
Adriano Vieira da Silva Menezes - homicídio
Edmar Oliveira Soares - roubo a mão armada
Kelton Richer da Silva Freitas - roubo e homicídio
Kelves Gonçalves da Silva - receptação, homicídio, tráfico e associação ao tráfico
Renan Gonçalves de Oliveira - homicídio
Diego Alessandro Garcia Costa - homicídio, roubo e furto
Sérgio Nunes da Silva - homicídio, roubo, Posse irregular de arma de fogo de uso permitido e porte ilegal de arma de fogo e munição
Ederson Gomes da Conceição - homicídio, roubo, tráfico de drogas, receptação, porte ilegal de arma ou munição de uso permitido e porte ilegal de arma de fogo e munição de uso proibido ou restrito
Matuzalem Martins da Silva - roubo e furto
Ceclienio Lourenço de Araújo - homicídio e roubo
Josimar Ribeiro da Silva - roubo, porte ilegal de arma ou munição de uso permitido e porte ilegal de arma de fogo e munição de uso proibido ou restrito
Márcio Roberto Neves Ribeiro - homicídio
André Luiz Dias - roubo e porte e tráfico de drogas na comarca de Goiânia e roubo na comarca de Cuiabá
Julio Cézar Alves Ferreira - homicídio, roubo e porte ilegal de arma ou munição de uso permitido
Allan Ramos da Silva - roubo, furto, receptação e apropriação indébita
Marcos Sabas Alves Ferreira Júnior - homicídio e roubo
Clóvis da Silva Veiga - roubo
Silvio Cézar Araújo - roubo, receptação, estelionato, falsificação de documentos, associação a quadrilha ou bando para cometer crimes, cárcere privado e uso de documento falso
Fernando Cícero de Oliveira Mendes ou Cícero Fernando Santiago Neto - roubo e associação a quadrilha
Adriano Amorim - roubo
Wellington da Costa Santos - tráfico de drogas
Andrezinho da Silva - roubo e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
Veja a galeria de fotos com alguns dos fugitivos:
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1 Comentário(s).
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Galdencio 28.08.12 14h35 | ||||
Torcemos para que o Dr. Pacolla tenha êxito em esclarecer a vergonhosa fuga do PCE. Se comprovado a facilitação por parte de criminosos investidos em cargo público, que sejam punidos exemplarmente. A bagunça no sistema penitenciário é apenas o reflexo do q é o governo do estado de MT: omissão, incompetência, descaso, irresponsabilidade, falcatruas, etc... O Estado tem q ser denunciado na OEA, ONU, Corte Internacional da Justiça, seja lá onde for mais algo tem que ser feito. Desde 1994 o governo federal através do FUNPEN envia recursos e meios para financiar e apoiar as atividades de modernização e aprimoramento dos Sistemas Penitenciários Estaduais. Onde foram parar, aqui em MT, esses recursos durante todo esse tempo? | ||||
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