Cuiabá, Domingo, 6 de Julho de 2025
ESCADARIA DE QUARTZO
18.11.2018 | 08h00 Tamanho do texto A- A+

Escavações em obra no Beco Alto encontram piso do século 18

Prefeitura de Cuiabá disse que vai concretar pedra; arqueólogos discordam e pedem preservação

Alair Ribeiro/MidiaNews

Pedras de quartzo branco foram encontradas durante escavação de reforma

Pedras de quartzo branco foram encontradas durante escavação de reforma

BIANCA FUJIMORI
DA REDAÇÃO

Arqueólogos que trabalham nas escavações feitas durante a reforma da Escadaria do Beco Alto, no Centro de Cuiabá, descobriram a existência de um piso de quartzo branco do século XVIII no local. O destino da pedra, porém, tem gerado polêmica. Há quem discorde do projeto da Prefeitura para aterrar o quartzo.

 

A pedra foi encontrada no início deste ano no local, que fica entre as ruas Pedro Celestino e Ricardo Franco.  

 

Esta é mais uma obra contemplada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, que foi idealizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e é supervisionado pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano.

 

Segundo o secretário Juares Samaniego, o piso será recoberto por concreto com o objetivo de preservar a pedra.

 

A ideia é manter a pedra por baixo do novo concreto que será depositado, mas com a devida proteção de um aterramento compacto

“A ideia é manter a pedra por baixo do novo concreto que será depositado, mas com a devida proteção de um aterramento compacto. A pedra é inviável para utilização por conta das suas características”, afirmou.

 

O arqueólogo que monitora o trabalho de escavação, João Bosco Campos Peclat, acredita que o quartzo branco deve ser mantido intacto no local e preservado.

 

No entanto, o especialista revelou que o projeto de reforma da escadaria precisa ser repensado.

 

“Como eles estão trabalhando com escavação, retirada de sedimento, eles estão atingindo o nível arqueológico. Para a gente, seria melhor deixar lá intacto. Então, seria melhor uma alteração do projeto, repensar sobre esses bens”, explicou Peclat.

 

O arqueólogo ainda sugere que as pedras de quartzo que já foram removidas sejam encaminhadas para um museu.

 

Ele apontou que chegou a apresentar uma proposta arquitetônica para a Administração Municipal, a fim de tentar manter a memória histórica do piso. No entanto, a ideia não teve apoio.

 

“A gente apresentou para a Prefeitura um projeto arquitetônico que tem como fins preservar e criar um espaço onde as pessoas que vão visitar possam olhar e recordar um pouco desse grande piso”, disse.

 

Alair Ribeiro/MidiaNews

Beco Alto - Escavações 14-11-2018

Arqueólogo explica que piso encontrado era comum em cidades históricas

Três séculos de história

 

De acordo com Peclat, toda a escadaria do Beco Alto era composta pelo quartzo branco, pois era uma característica arquitetônica da época.

 

“Em quase todo o Centro Histórico temos registro dele [piso de quartzo]. Esses pisos são comuns em cidades históricas, porque era uma forma de construção, era um padrão”, disse.

 

Conforme o arqueólogo, o quartzo era muito encontrado nos garimpos de ouro na baixada cuiabana. Com a abundância, os moradores da época perceberam o potencial da pedra para fazer as ruas da Capital.

 

“Para nós, da arqueologia, essa peça tem um grande valor, pois relembra o garimpo de ouro. Ele compunha as principais ruas do Centro de Cuiabá”, explicou Peclat.

 

O especialista ainda enfatizou o peso que o piso de quartzo tem na memória dos antigos cuiabanos.

 

“Quando você se depara com moradores que passaram por ali e acompanham a obra junto com a gente, você consegue identificar no relato deles a lembrança de se ver o piso. Alguns relatam que era escorregadio, que brincavam no local. Está fixado na memória do cuiabano, do antigo morador do Centro”, afirmou.

 

Obras de 300 anos

 

Inicialmente avaliada em R$ 202 mil, a reforma do Beco Alto teve início em novembro de 2017. Três meses depois, a obra foi paralisada, sendo retomada no final de outubro.

 

Segundo a Secretaria, a obra foi licitada em 2014 e tinha previsão de entrega no final de fevereiro deste ano.

 

Neste período, o custo da reforma sofreu reajuste de 30%, e hoje está estimada em torno de R$ 300 mil.

 

Agora, o órgão público afirmou que a reforma da Escadaria do Beco Alto será entregue em dois meses.

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Alair Ribeiro/MidiaNews

Beco Alto - Escavações 14-11-2018

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Beco Alto - Escavações 14-11-2018

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Beco Alto - Escavações 14-11-2018

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Beco Alto - Escavações 14-11-2018

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Beco Alto - Escavações 14-11-2018

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Beco Alto - Escavações 14-11-2018




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Graci Ourives de Miranda  19.11.18 02h18
Dr. Juares Samaniego, está elaborando excelentes trabalhos. Parabéns! Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano.
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Jozenil  18.11.18 21h25
É uma coisa que ninguem no futuro vai querer saber disso aff arranca tudo agora nao pode por que é historia de Cuiaba. minha opinião por que nao concerta as policlínicas upa etc do que ficar querendo embarga obras. Mete concreto nesse trem e acaba com os prejuízos dos moradores do local e transtorno nas vias.....
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Benedito costa  18.11.18 20h31
Como foi descoberto essa relíquia, acho que a Prefeitura deve alterar o projeto, recuperando todo o beco , preservando as.pedras existes no local.
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Amosil  18.11.18 09h42
Esse arqueólogo b q podia remover o asfalto da voluntários da pátria, prá deixar as pedras d quartzo expostas
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