Tubulação de esgoto parque das águas

O Parque das Águas, utilizado em Cuiabá para atividades como caminhadas, esportes e piqueniques, enfrenta um problema considerado antigo, mas que chama a atenção dos usuários de tempos em tempos, o dejeto de esgoto na Lagoa Paiaguás.
Os frequentadores reclamam do cheiro e relatam casos de animais mortos dentro da água, enquanto os comerciantes reclamam da falta de movimento que a situação gera.
Com as elevadas temperaturas do mês de setembro, que passam dos 40°C em alguns dias, o cheiro do esgoto despejado na lagoa é intensificado, de acordo com os que utilizam o local, o que atrapalha quem costuma frequentar o parque.
Os efluentes não tratados também estão prejudicando os animais que vivem na lagoa, como peixes, patos, capivaras e jacarés. Rotineiramente são encontrados peixes mortos no local.
A equipe do MidiaNews visitou o local e conversou com os usuários e trabalhadores sobre a situação.
Incômodo
Cícero Carlotto é frequentador do Parque das Águas e alegou ser impossível não se incomodar com o cheiro.
“O esgoto aqui está cheirando demais, cheira muito esgoto doméstico. E a água da lagoa está muito suja também. Está aparecendo peixe morto e isso tudo é por causa da má oxigenação da água que está acontecendo aqui”, afirmou.
As amigas Laura Cristina e Cristiane Terezinha, que afirmaram caminhar todos os dias no parque, também reclamaram da situação.
“Está muito insuportável o mau cheiro, ainda mais com esse calor, e podre de urina. Esgoto também, tudo misturado, escorrendo”, disse Laura.
Victor Ostetti/MidiaNews
Tubulação do esgoto no Parque
Já o comerciante Rodrigues das Chagas, que trabalha dentro do parque, afirmou perceber a dificuldade dos animais nesta situação. “Tem pato, tem capivara, os bichos que sobrevivem aqui. E aí, fica complicado para os bichos tomar essa água aqui no parque desse jeito aí que tá”, disse.
“O esgoto… fica chato cair dentro da lagoa. Daqui uns dias não vai ter mais ninguém andando aqui no parque, nem capivara, não vai ter mais nada. Vai estar tudo morrendo, já morre peixe. Os peixes daqui estão morrendo já. Tem bastante peixes morrendo”, complementou.
Constrangimento com clientes
Além disso, o vendedor de água de coco afirmou que chega a ficar constrangido na frente dos seus clientes por causa do odor decorrente do esgoto. “A gente fica constrangido com o cheiro, o cliente fica até tampando o nariz quando passa pelo esgoto”.
Por essa razão, Rodrigues teme pelo seu ponto de trabalho. Ele prevê que a situação do parque pode levar os seus clientes a optarem por outros locais.
“Isso só atrapalha nós aqui, nós estamos aqui pra trabalhar, pra ganhar o nosso pão de cada dia. E se não vem cliente aqui, vamos ganhar o dinheiro da onde? Não vamos sustentar nossa família. Então aqui é uma área de lazer, é um parque, um parque bonito, então tem que zelar pelo que tem aqui”, disse Rodrigues.
Os visitantes do parque acreditam que o esgoto vem da Assembleia Legislativa (AL), o que é uma discussão antiga, já que o problema é recorrente desde a sua inauguração, em dezembro de 2016.
No entanto, o órgão nega que o esgoto seja do prédio, que fica ao lado do parque. Em nota, a AL afirmou ter analisado a situação e concluiu que não há a possibilidade de o efluente vir dela.
“O Setor de Engenharia da Assembleia Legislativa informa que o esgoto que supostamente estaria invadindo o Parque das Águas não tem origem na sede da Casa de Leis. Após análise técnica realizada pela equipe, não foi constatado nenhum vazamento nas instalações da ALMT”, disse.
Além disso, os usuários e visitantes também acreditam que a Prefeitura, responsável pelo Parque das Águas, deve assumir uma responsabilidade na reesolução do problema. "Eu acho que [deve ser feito] um estudo, perguntar para a prefeitura para ver o que seria mais adequado aqui", afirmou Cristiane.
A prefeitura afirmou que realizou uma vistoria técnica no local para identificar e corrigir pontos de descarte irregular de esgoto, além de intensificar a limpeza do local. A ação visa cumprir com as recomendações do Parecer Técnico da Qualidade da Água da Lagoa do Parque das Águas, com base na Resolução nº 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
Para isso, a Empresa Cuiabana de Limpeza Urbana (Limpurb) protocolou o pedido de uma investigação detalhada à Agência de Fiscalização e Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Município, a Cuiabá Regula.
A solicitação tem como objetivo “o monitoramento e levantamento técnico da rede coletora de esgoto no entorno da lagoa; identificação e rastreamento de ligações clandestinas de esgoto doméstico ou industrial; mapeamento de possíveis pontos de lançamento irregular de efluentes; acompanhamento das providências em curso ou em planejamento para sanar os problemas apontados no laudo”, conforme publicação da prefeitura.
A Prefeitura, na gestão do ex-prefeito Emanuel Pinheiro, em 2017, já havia prometido identificar a origem do esgoto que deságua na lagoa.
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