Estudantes relatam decepção e desespero: "Foi um choque total"

Em meio à ansiedade e aos preparativos para um dos momentos mais aguardados da vida acadêmica, estudantes de diferentes cursos de Cuiabá viveram uma imensa decepção depois que a empresa contratada para organizar a festa de formatura não cumpriria com o prometido.

Eles ainda faziam pressão para que quem estivesse com parcelas atrasadas pagasse logo.

 

 

Tudo isso sabendo que iam fechar as portas

Nayara Karla Carvalho de Almeida, Isabela Moura e Bruno Bueno são alguns dos estudantes que compartilharam suas histórias sobre o colapso da Imagem Eventos que, inicialmente, parecia ser a solução ideal para a celebração de um dos momentos mais importantes de suas vidas.

A história de Nayara, de 21 anos, começa com a empolgação do primeiro contato com a empresa de cerimonial. A estudante e seus colegas de turma do curso de Odontologia, da Univag, ficaram entusiasmados com a proposta da empresa, que prometia uma festa de formatura inesquecível.

"A gente estava muito animada, porque a proposta era boa, a empresa parecia muito confiável atuando no mercado há muitos anos", recorda Nayara.

Desde o início, ela relatou que tudo parecia funcionar perfeitamente: as reuniões eram agendadas, os fornecedores confirmados e os planos para a festa estavam caminhando bem.

“A proposta era muito boa. Além de ser um pouco mais barato que outros buffets que orçamos, como o Leila Malouf, o diferencial era que eles prometeram cobrir todas as fotos e de todos os eventos, além do dia do baile de formatura. Mas isso não aconteceu”.

O cenário começou a mudar nos anos seguintes. De acordo com Nayara, a comunicação com a empresa tornou-se cada vez mais difícil. "Chegou um ponto que era muito difícil até marcar uma reunião. A gente pedia as coisas e ninguém atendia como antes", afirmou a estudante.

Além disso, o serviço de cerimonial que inicialmente parecia ser promissor começou a mostrar falhas, como o não cumprimento de prazos e a falta de suporte. “Chegamos a correr atrás de outros fornecedores, porque eles não estavam cumprindo com o que prometiam”, diz Nayara.

A situação tomou um rumo ainda mais grave quando, a menos de 15 dias do grande evento, a empresa informou que não seria possível realizar a degustação do buffet, um dos passos finais na preparação do evento. “Fomos informados de que o buffet não tinha disponibilidade para fazer a degustação, mesmo sabendo que outras turmas já haviam feito”, relata Nayara.

"Quando finalmente conseguimos reagendar, nos avisaram no último minuto que não seria possível. Fiquei extremamente preocupada e até revoltada com a situação". O desespero tomou conta dos formandos quando, semanas antes do evento, a empresa simplesmente deixou de atender às demandas essenciais para a festa.

Isabela Moura, de 22 anos, integrante da comissão de formatura da mesma turma, compartilhou a experiência de ser parte da comissão e de lidar com as falhas do cerimonial. Ela relembra o momento em que percebeu que algo estava errado. "No começo, a empresa parecia estar atendendo bem. Mas, de uns meses para cá, ficou muito difícil", recorda.

"O cerimonial não nos dava suporte, a comunicação falhou. E nós, da comissão, acabamos sendo os responsáveis por correr atrás de tudo", conta Isabela. Ela revelou ainda que em um dos momentos mais críticos, os donos da empresa se mostraram inacessíveis, deixando os formandos sem respostas.

“Nos disseram que estavam com problemas financeiros, o que aumentou ainda mais nossa preocupação. Eles não pagaram o espaço da festa nem a decoração, e estavam tentando enrolar em tudo”, afirma Isabela.

Na última terça-feira (28), Isabela e outros integrantes da comissão foram até a sede da Imagem Eventos para cobrar respostas. “A dona da empresa agiu normalmente, prometeu enviar comprovantes de pagamento e marcar a degustação novamente. Mas, no fundo, não tinha nada pago”, diz. 

A confirmação daquilo que todos já temiam veio na manhã de sexta-feira (31). “Às 8h um advogado da empresa me mandou uma mensagem dizendo que iria divulgar uma nota de esclarecimento. Em sete minutos, ele enviou e, quando li, meu chão caiu. A festa pela qual esperávamos há quatro anos simplesmente não iria acontecer.” 

O choque logo se transformou em um drama familiar. “Meu pai pagou a última parcela ontem. Foram mais de R$ 18 mil já pagos. Fiquei sem coragem de contar para minha mãe. A gente tinha convidados com passagens compradas, vestidos prontos. Tudo foi perdido.” 

"Foi um choque total", diz Isabela. “Ninguém imaginava que isso poderia acontecer. A gente tinha se preparado por quatro anos para esse momento. Meu pai havia pago a última parcela dias antes. E agora isso. A ficha ainda não caiu”

“Como eu ia contar isso para os meus pais, para os convidados que já haviam comprado passagens?”, questiona Isabela.

 A fachada da Imagem Eventos, em Cuiabá

Bruno Bueno Faria Santos de 26 anos, aluno do curso de Medicina da UFMT, também vivenciou a decepção ao lado de seus colegas. Sua formatura estava marcada para agosto, mas agora ele e seus colegas se veem sem qualquer garantia de que terão uma festa. 

“Desde o começo, a empresa fez várias promessas e nos pressionava para pagar as parcelas. Mas quando perguntávamos sobre detalhes do evento, as respostas eram enroladas. Não tínhamos uma comunicação clara com a empresa", diz.

"Eles diziam que estavam esperando respostas de outros fornecedores, mas a cada vez parecia que a situação piorava”, conta Bruno. A incerteza aumentava a cada reunião, e a sensação de estar sendo enrolado foi crescente.

Bruno relembra que, apesar de todas as falhas de comunicação, a Imagem Eventos chegou a cobrar até o último centavo da formatura. "A última parcela foi paga na semana passada, mas hoje, quando fomos confirmar o local da festa no hotel Odara, não tinha nenhuma data reservada para nós", diz Bruno. Ele também investiu uma quantia significativa.

“Paguei minha última parcela semana passada. Foram 38 parcelas de R$ 503. Fora isso, paguei R$ 700 pela sessão de fotos e meu pai fechou o álbum por R$ 8.300.” 

Para ele, o mais revoltante é perceber que a empresa continuou cobrando os formandos mesmo sabendo que não cumpriria os contratos. “Eles ainda faziam pressão para que quem estivesse com parcelas atrasadas pagasse logo. Ofereciam condições especiais para quitar o valor total. Tudo isso sabendo que iam fechar as portas.” 

Assim como Isabela e Nayara, Bruno e seus colegas de turma se sentiram traídos. “A sensação foi de revolta. A gente acreditou nas promessas deles, pagamos as parcelas com tanto sacrifício. Agora, tudo foi por água abaixo”, disse Bruno.

Ele enfatizou que, além da frustração pessoal, o cancelamento da festa afetou a expectativa de toda a família. "Era o grande momento para minha família, que estava com toda a expectativa de aproveitar esse momento único. Foram 6 anos esperando para nada. "

Após o anúncio do cancelamento, tanto Bruno quanto Isabela e Nayara expressaram a necessidade de buscar Justiça. "A gente não vai deixar isso barato", afirma Isabela. "Vamos buscar nossos direitos. É um absurdo o que fizeram com a gente." Bruno compartilhou a mesma postura e afirmou que seu grupo estava avaliando a melhor maneira de tomar providências legais.

“A gente já está buscando orientação com advogados. Não é só o dinheiro, mas a decepção que a gente sentiu.”

As turmas estão realizando vakinhas para tentar refazer uma festa. Para ajudar clique AQUI.