DÉBORA SIQUEIRA
DA REDAÇÃO
Construídos na década de 70 com o projeto CURA (Comunidade Urbana em Recuperação Acelerada) os centros esportivos do Quilombo, Dom Aquino, Lixeira e as quadras do bairro Araés sofrem com o abandono e a falta de políticas de incentivo ao esporte. Realidade muito diferente do que ocorria na época.
A atleta Jorilda Sabino foi uma das revelações do projeto, que na época tinha em seu quadro professores renomados de educação física como a exemplo de Sabino e Albertão.
O suplente de senador e ex-prefeito de Cuiabá entre 1975 e 1979, idealizador do projeto na capital, Manoel Antonio Rodrigues Palma, lembra de que os espaços de lazer eram bem utilizados.
“A participação da comunidade era grande. Havia disputas entre bairros, tinha as escolinhas de todas as modalidades”, destacou.

"Não existe interesse do poder público, seja do Estado ou da Prefeitura para investimentos de reformas desses espaços, pois não são vistos como prioridade. Não percebem que é uma questão de segurança pública"
Atualmente apenas oito escolinhas estão em cadastradas na Secretaria Municipal de Esportes e Cidadania. As modalidades estão reduzidas a futsal, voleibol e futebol de campo. Dentre os 72 equipamentos comunitários da Capital (ginásios, centros esportivos, áreas de lazer, centro comunitária e postos de atividades física), apenas 15% estão em pleno funcionamento, alguns de forma precária.
Rodrigues Palma diz que vê com tristeza o sucateamento dos espaços pelo tempo e pela falta de prioridade das administrações municipais durante todo esse tempo.
Ele contou que a escolha dos Centros Esportivos no Quilombo, Dom Aquino, Araés e Lixeira, à época, foi por meio de uma pesquisa realizada nos bairros. Dentre as necessidades dos moradores destas localidades, que sequer estavam todas asfaltadas, apareceu a praça de esportes.
“Os moradores ainda pediram outros equipamentos como centros comunitários, implantação de rede de energia, água. Fizemos o projeto e escolhemos os terrenos. Na minha gestão, fizemos os ginásios do Quilombo e Lixeira e deixamos o projeto do Dom Aquino pronto que foi executado pelo meu sucessor Gustavo Arruda”, recordou.
No Araés, apesar de não ter sido implantado um ginásio, foi criado um campo de futebol, quadras e o centro comunitário no espaço de lazer.
Na avaliação dele, esses equipamentos comunitários foram se deteriorando a partir do momento que começaram a servir de abrigo para famílias desalojadas pelas enchentes, perdendo parte do objetivo pelo qual foi criado.
Durante anos famílias moraram no ginásio da Lixeira e o município não realiza investimentos necessários para a reforma completa do local, além da revitalização do entorno.
Descrença O vice-presidente da União Cuiabana de Associação de Moradores (Ucamb), Jonail Costa, disse que existem cobranças dos presidentes de bairro para reforma dos espaços de lazer, não só dos ginásios e centros esportivos, mas dos centros comunitários, mini-estádios e postos de atividades físicas.
“Não existe interesse do poder público, seja do Estado ou da Prefeitura para investimentos de reformas desses espaços, pois não são vistos como prioridade. Não percebem que é uma questão de segurança pública, pois é uma alternativa de lazer e esportes aos jovens, contribuindo para reduzir os índices de criminalidade”, avaliou.
Mesmo com os inúmeros pedidos da Ucamb, os argumentos são sempre os mesmos: falta de recursos.
Jonail comenta que com a Copa do Mundo gerou uma expectativa de que se investisse nesses espaços nos bairros, contudo, foi frustrada pela prioridade dada apenas às grandes obras como as trincheiras, viadutos e a Arena Pantanal.
Nem para 2014 existe uma esperança da Ucamb para a mudança do paradigma. “A gente não vê essa preocupação. Acho que o mesmo discurso da falta de verbas. Não acho que mude alguma coisa no próximo ano”.
Ginásios e mini-estadios
Pedro Alves/MidiaNews
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Apenas oito escolinhas de iniciação esportiva estão em funcionamento na capital
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O secretário municipal de Esportes e Cidadania, Carlos Brito, admite o sucateamento e o abandono dos equipamentos comunitários. “É o espólio herdado de outras administrações. A situação chegou a esse ponto por falta de prioridade e investimentos no setor”, alegou.
Ele informou que apenas 15% dos equipamentos comunitários de Cuiabá funcionam, ainda que de forma precária.
Um mapeamento das condições dos mini-estadios, ginásios e demais equipamentos foi elaborada pela secretaria e projetos das reformas foram encaminhados ao Ministério dos Esportes. A expectativa é de que os recursos sejam assegurados no Orçamento Geral da União em 2014.
Os ginásios do Quilombo, Lixeira e Dom Aquino, além da área de lazer do Araés e Silva Freire, devem receber cerca de R$ 4,5 milhões em investimentos do recurso federal.
Conforme o projeto, os ginásios serão reformados do telhado ao piso, passando pela reforma de toda parte elétrica e hidráulica, além da pintura.
No Dom Aquino haverá ainda a troca do gramado do campo de futebol com drenagem e iluminação, reforma na pista de atletismo, cobrir as quadras com dimensões maiores do que a do ginásio atendendo algumas modalidades esportivas, criação de dois campos (um de terra e outro de areia), uma quadra de voleibol, além de vestiários.
Na Lixeira, a quadra será coberta e reformada, além da recuperação total do centro esportivo.
O Espaço Silva Freire, no Coxipó, das três quadras, apenas uma permanecerá aberta.
Brito ainda comentou que os 33 mini-estadios serão reformados, compreendendo desde a troca de gramados, arquibancadas, vestiários e pintura. Ainda neste mês de outubro, as obras iniciam em 13 deles.
“Fizemos esse inventário apontando essas necessidades e como em 2014 não se pode fazer convênios, estamos correndo contra o tempo para fazer projetos e pleitear recursos. Também estamos preparando outro pacote de projetos para mais obras no setor”, avaliou.
Com a reforma dos espaços, a intenção é criar mais escolinhas de iniciação esportiva das mais diversas modalidades, por meio de parceria com as Federações Esportivas, que passariam a administrar os equipamentos comunitários.