VINÍCIUS LEMOS
DA REDAÇÃO
O laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) concluiu que a extração do dente de siso foi a causa da morte da gerente de loja Jucilene França, de 31 anos.
O documento aponta que, em decorrência do procedimento odontológico, a mulher desenvolveu quadro de infecção generalizada, que culminou em choque séptico.
De acordo com o delegado da Polícia Civil, Eduardo Rizzotto de Carvalho, responsável pelo inquérito que investiga o caso, o laudo foi conclusivo sobre as causas da morte.
“O laudo apontou a morte em razão da extração de dente, que infeccionou e causou o choque séptico. Agora iremos avaliar se houve negligência por parte do atendimento odontológico”, declarou.
Para prosseguimento do inquérito, é necessário laudo da vigilância sanitária, que avaliou o Centro Odontológico do Povo (COP) de Várzea Grande. Caso seja comprovada negligência por parte dos dentistas que atenderam Jucilene, os profissionais deverão responder por homicídio culposo.
Os familiares da gerente de loja foram ouvidos ao longo desta semana, para prestar esclarecimentos.
Conforme Carvalho, para a conclusão das investigações, além do laudo da vigilância, são esperadas as oitivas com funcionários do COP.
“Estamos aguardando laudo da vigilância sanitária, que investigou as condições de higiene da clínica. A partir disso, iremos formular questionamentos para os profissionais envolvidos”, afirmou.
A Polícia Civil investigará o modo como a clínica odontológica agiu com a paciente.

"Estamos aguardando laudo da vigilância sanitária, que investigou as condições de higiene da clínica. "
“Queremos investigar se foram tomadas as devidas providências para os cuidados com a paciente”, explicou.
Conforme o delegado, o laudo da vigilância sanitária deverá ser concluído na próxima semana. Logo em seguida, serão realizados os interrogatórios dos profissionais envolvidos no caso.
PasseataNo dia 8 de agosto, os familiares de Jucilene deverão fazer uma passeata de protesto em Várzea Grande, nas proximidades do COP da região. Conforme a cunhada da mulher, Tatiane Magalhães, a ação será uma forma de homenagem.
“Fizemos camisetas e vamos caminhar em frente ao COP, para protestar pela situação”, relatou.
Conselho de Odontologia também investiga caso
O Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso (CRO-MT) também abriu processo para analisar o caso.
"Serão apurados os fatos de todos os envolvidos no caso e será instaurado um processo ético", afirmou o presidente da Comissão de Ética do CRO-MT, Sandro Stefanini.
Processo contra COPA família de Jucilene anunciou que vai processar o COP de Várzea Grande
Conforme a advogada da família, Rute Souza Oliveira, um processo judiciário que será movido pela família contra o COP.
“Para definirmos o valor pedido, iremos levar em conta o fato de ela ter deixado dois filhos menores de idade”, observou.
Jucilene tinha dois filhos, um adolescente de 16 anos e uma garota de seis. Atualmente, eles estão morando com os avós paternos.
A advogada reiterou a informação de que a família não foi procurada pelo COP, depois que o corpo de Jucilene foi enterrado.
A clínica arcou somente com as despesas do sepultamento, segundo Ruth Oliveira.
“O COP não procurou a família depois que houve o enterro, não houve nenhum outro tipo de auxílio”, disse.
A advogada afirmou que o atendimento à paciente foi precário, fator que acabou causando a morte.
“Os profissionais poderiam ter evitado a morte [da gerente]. Eles tentaram resolver um caso grave com remédios que não eram eficientes para a situação”, apontou.
Morte após extrair sisoJucilene França morreu após extrair o dente do siso, Várzea Grande.
Segundo a família, ela apresentou quadro de infecção generalizada e não resistiu.
A extração de dente foi realizada no dia 4 deste mês, no Centro Odontológico do Povo (COP).
Na segunda-feira (6), a gerente teria ido ao COP para cobrar explicações sobre o mal-estar.
Um dentista do local teria afirmado que ela havia sofrido uma reação alérgica à extração do dente.
As dores permaneceram e, na terça-feira (7), Jucilene foi ao médico, que constatou uma inflamação na traqueia. A vítima então, começou a tomar antibióticos.
Na quarta-feira (8), Jucilene foi novamente ao COP e relatou o problema. A clínica, então, teria afirmado que ela poderia ter problemas na glândula tireóide e a encaminharam para um hospital particular e, às 18h, ela seguiu para a Santa Casa da Capital.
“Às 20h ela teve uma infecção generalizada e às 23h, faleceu”, lamentou uma cunhada da mulher.
Outro ladoEm comunicado enviado à imprensa, o Centro Odontológico do Povo (COP) relatou que a extração do dente de Jucilene ocorreu "dentro da normalidade" e que, ao fim do procedimento, ela foi orientada sobre o pós-operatório.
A empresa alegou que a paciente, após ter voltado para relatar o problema na segunda-feira (6), não compareceu ao local no dia seguinte, como deveria ter sido feito.
Em nota, o COP se colocou à disposição para qualquer tipo de assistência sobre o caso.
A clínica afirmou estar aguardando resultado da necrópsia para avaliar o motivo da morte.
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