Cuiabá, Segunda-Feira, 23 de Junho de 2025
MORTO EM ATROPELAMENTO
23.06.2025 | 11h34 Tamanho do texto A- A+

Mãe se revolta com decisão que beneficiou réus: "Dói demais"

Laura Albuquerque luta por Justiça após a morte do filho Frederico, que foi atingido por carro na Beira Rio

Reprodução

No detalhe, Laura Costa ao lado do filho Fred, vítima fatal de acidente

No detalhe, Laura Costa ao lado do filho Fred, vítima fatal de acidente

LIZ BRUNETTO
DA REDAÇÃO

“Dói demais, demais, demais ver a injustiça sendo feita. Com certeza nós vamos recorrer, não vamos aceitar. Porque isso não é Justiça”, disse Laura Albuquerque Corrêa da Costa sobre a decisão que desclassificou o crime de homicídio qualificado contra o casal que atropelou e matou seu filho em 2022.

É uma indignação e dor muito grande, porque ela destruiu uma família

 

O universitário Frederico Albuquerque Siqueira Corrêa da Costa, de 21 anos, foi atropelado e morto no dia 2 de setembro daquele ano, em frente a uma distribuidora de bebidas na Avenida Beira Rio, em Cuiabá. O jovem foi arremessado para longe com o impacto da batida e morreu na hora.

 

Com a nova decisão, os dois réus pelo crime não serão mais julgados por um júri popular. E suas penas, caso condenados, tendem a ser mais baixas. 

 

A pena máxima para homicídio doloso é de 6 a 20 anos de reclusão, podendo ser aumentada para 12 a 30 anos em casos de homicídio doloso qualificado. Já para homicídio culposo a pena varia de 1 a 3 anos de detenção e pode ser aumentada em algumas situações.

 

No volante estava a vendedora Danieli Correa da Silva, alcoolizada e sem habilitação, conforme as investigações. No banco do carona estava o vigilante Diogo Pereira Fortes, proprietário do veículo e também alcoolizado. 

 

“É uma indignação e dor muito grande, porque ela destruiu uma família. Tem dois anos e nove meses que a gente vive, assim, destruído. O nosso lar era de quatro pessoas. Nossa família não é a mesma. Meu filho perdeu o irmão, eu perdi o meu filho, o pai perdeu o companheiro”, disse Laura.

 

“Não tem como entender. As pessoas estão indignadas. Todo mundo me pergunta o que aconteceu e eu não sei qual foi o critério para desclassificar um crime. Não esperava por isso, sinceramente, eu esperava que eles fossem ao júri popular”, completou.

 

Laura explica que são muitos agravantes envolvendo o crime que tirou a vida do seu filho, que vão desde a própria irresponsabilidade de conduzir um veículo alcoolizada e sem habilitação até a fuga do local sem prestar socorro e tentativa de dissimulação.

 

“Ela bateu em mais duas pessoas antes de atropelar o meu filho de forma fatal. Ela viu que tinha aglomeração de jovens, a pista estava iluminada. Ela não tentou de forma nenhuma frear, e isso a perícia comprovou. O que machuca muito a gente é que se ela estivesse com os reflexos normais… Uma pessoa sóbria teria tentado evitar”.

 

“Se ela tivesse parado pra ver meu filho, talvez a minha dor não fosse tão grande. A fuga me causa muita revolta. Eu fui às audiências que ela não compareceu e fez por vídeo. Ela diz que pensou que tinha batido numa lata. Como assim? Meu filho tinha 100 kg, tinha 1,80 metro. Meu filho era um homem grande, saudável, nunca foi internado”.

 

A mãe cita ainda a “frieza” na tentativa de dissimular a dinâmica do acidente. Diogo, que presenciou o acidente do banco do carona, ligou para a Polícia tentando alegar que emprestou o veículo e o pegou batido.

 

A decisão de desclassificar o crime de homicídio qualificado foi da juíza Helícia Vitti Lourenço, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá. Segundo a família, essa é a terceira juíza que passa pelo caso.

 

“Não sei se ela tem filhos, se ela tem essa empatia de se colocar no lugar da família, da mãe, do pai, da avó, de uma tia, de um irmão que perdeu um ente querido dessa forma. Eu acho que ela não tem conhecimento desse processo para tomar uma decisão dessas”.

 

“Não é justo que uma pessoa que pega um carro alcoolizada, sem habilitação, em alta velocidade, mate e fique impune”, disse.

 

Luto e luta

 

Segundo Laura, o que hoje a faz continuar vivendo e buscando por justiça são o amor e as lembranças de tudo de bom que viveram.

 

“O Frederico deixou só coisas boas pra a gente lembrar. Ele era bondoso, generoso, um menino cheio de sonhos, tinha muitos amigos, era trabalhador. Este ano ele se formaria em Veterinária, que era a paixão da vida dele. Ele era muito feliz, ele amava a vida”, descreveu.

 

“A gente vai lutar por Justiça com as armas que temos. Vou ter conforto quando eu souber que a Justiça, pelo menos, não foi negada a ele. Mas se eu fizer tudo e no final não der em nada, eu entrego para o Senhor. Mas eu vou lutar”, disse.

 

"E, como ele, quantas pessoas são injustiçadas neste país por conta de uma lei, de uma lei que fala que quem sai de casa e bebe não tem a intenção de matar". 

 

A família, que tem um assistente de defesa, marcou uma reunião amanhã no Ministério Público para recorrer dessa decisão.

 

A luta, segundo Laura, não é apenas por seu filho, mas por todas as vítimas que perderam suas vidas no trânsito. “A nossa luta é por uma mudança da própria lei”, disse.

 

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