Cuiabá, Segunda-Feira, 29 de Dezembro de 2025
MORANDO COM O MAL
29.12.2025 | 14h00 Tamanho do texto A- A+

Menores assassinos: Morte de mãe pelas mãos da filha marcou ano

Dois casos envolvendo menores e homicídios dentro do próprio núcleo familiar marcaram o ano

Reprodução

Samara Conceição (detalhe) foi morta pela filha de 13 anos em Colíder

Samara Conceição (detalhe) foi morta pela filha de 13 anos em Colíder

LIZ BRUNETTO
DA REDAÇÃO

O que começou com a morte de uma mãe e o desaparecimento da filha adolescente de 13 anos teve um dos desfechos mais macabros que marcaram o ano em Mato Grosso. A servidora municipal de Colíder, Samara Aparecida Conceição, de 34 anos, encontrada morta em casa na manhã do dia 11 de setembro de 2025, foi assassinada pela própria filha, com a ajuda do namorado de 16 anos e de outros dois amigos, também adolescentes.

A menina pulou nas costas da mãe enquanto ela estava dormindo, aplicou um mata-leão no pescoço dela

 

A menor não estava desaparecida. Na verdade, ela havia fugido com R$ 5,8 mil roubados da mãe após o crime. O motivo? A mãe não aceitava o relacionamento dela com um rapaz três anos mais velho.

 

Samara foi encontrada amarrada por fios e com sinais de violência e, no mesmo dia em que o corpo dela foi localizado, os menores foram apreendidos.

 

Samara era estudante de Técnico de Enfermagem e trabalhava como recepcionista em uma UPA do município. A Secretaria Municipal de Saúde divulgou nota de pesar pela morte da vítima.

 

Dinâmica macabra

 

O delegado de Colíder, Adan Ximenes, afirmou que a filha da servidora aplicou um golpe de mata-leão na mãe enquanto ela dormia, com a ajuda do namorado e dos outros dois adolescentes. A menor disse em depoimento ter aprendido o golpe por meio de vídeos no TikTok.

 

“Os quatro adolescentes confessaram toda a dinâmica. A menina pulou nas costas da mãe enquanto ela estava dormindo, aplicou um mata-leão no pescoço dela, enquanto o namorado imobilizava o braço esquerdo, um amigo imobilizava o braço direito e outro adolescente imobilizava as pernas da Samara”, explicou o delegado.

 

Segundo ele, também foi usado um fio de energia para ajudar no crime. De acordo com o delegado, os menores detalharam o crime com frieza e afirmaram que Samara deixou de esboçar reação em poucos minutos.

 

“Todos os adolescentes confirmaram que compactuaram e já foram para o local sabendo do plano de matar. Informaram também que tinham cogitado matar a pauladas ou a facadas, entretanto decidiram matar por asfixia”, disse.

 

Motivação

 

À polícia, a filha da servidora afirmou que “não se sentia amada”. Já os adolescentes disseram que, com essa ação, “estariam ajudando uma amiga”.

 

Ainda conforme as investigações, no colégio da adolescente, a polícia verificou que, nos dias que antecederam o crime, mãe e filha vinham tendo conflitos por conta da relação da menor com o adolescente de 16 anos que auxiliou no crime.

 

“Entrevistamos algumas adolescentes, colegas de sala, e pelo menos três relataram que tinham ouvido da boca da adolescente que ela tinha a pretensão de pôr fim à vida da mãe”, explicou.

 

“Os colegas de sala também narraram que a mãe não concordava com o relacionamento que a filha mantinha com um garoto de 16 anos”.

 

Roubo após o crime

 

No início da noite, a Polícia Militar localizou três dos adolescentes, sendo o casal e um amigo.

 

Eles estavam com roupas preparadas para sair da cidade e com uma quantia em dinheiro. Logo em seguida, a Polícia Civil apreendeu o quarto adolescente.

 

Conforme as investigações, a menor de 13 anos sabia que a mãe guardava dinheiro em casa. Eles pegaram R$ 5,8 mil e pretendiam dividir o valor.

 

Segundo o major Leonel Avelino Corbellini Neto, da Polícia Militar de Colíder, os adolescentes pretendiam gastar o dinheiro que roubaram em festas na cidade vizinha.

 

O grupo deve responder por ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado por motivo torpe.

 

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Influência do mal

 

Outro caso marcante em 2025 foi o de um adolescente de 14 anos que matou os pais e o irmão de 3 anos em Itaperuna (RJ). A namorada do rapaz, uma adolescente de 15 anos, moradora do município de Água Boa (MT), foi apreendida como pivô e “grande incentivadora” do crime.

 

O crime aconteceu na noite de 21 de junho, e os corpos só foram localizados na manhã do dia 25, dentro de uma cisterna nos fundos da casa da família, no distrito de Comendador Venâncio. O adolescente teria usado a arma do pai para executar a família. Ele esperou os pais dormirem, pegou a arma escondida debaixo da cama e atirou, segundo a polícia. Em seguida, matou o irmão de 4 anos.

 

O delegado Carlos Augusto Guimarães, titular da 143ª Delegacia de Polícia, afirmou que o menor confessou o crime com “frieza” durante interrogatório.

O que nós constatamos é que, de fato, ela foi uma grande incentivadora para que o jovem matasse os seus pais

 

No dia 24 de junho, o adolescente compareceu à delegacia acompanhado da avó para registrar o desaparecimento dos familiares. No entanto, durante as investigações, os policiais descobriram inconsistências em seu relato.

 

O motivo do crime seria o fato de os pais proibirem que ele viajasse a Mato Grosso para encontrar a namorada virtual.

 

As próximas vítimas, conforme apuração da Polícia de Mato Grosso, seriam os pais da adolescente, assim que o namorado chegasse ao Estado.

 

Segundo o delegado Matheus Augusto Soares, de Água Boa, logo que a jovem foi identificada, passou por escuta especializada, além de ter tido seu computador apreendido.

 

A polícia identificou que, antes de namorados, eles foram amigos por cerca de seis anos e se conheceram por meio de um jogo na internet. O plano deles era se encontrar pessoalmente, mas, por ele ser menor de idade, a família proibiu a viagem.

 

“Esse foi o estopim para que aquele adolescente cometesse o crime contra os seus pais e o seu irmão. A tarefa foi apurar se essa menor foi apenas o motivo dele ter praticado esse crime ou se ela também atuou como uma partícipe na execução dessas pessoas”, explicou o delegado.

 

Segundo Soares, a frieza com que o casal falava sobre os assassinatos foi assustadora e revelou os planos de novos possíveis crimes.

 

“O que nós constatamos é que, de fato, ela foi uma grande incentivadora para que o jovem matasse os seus pais. As conversas assustam qualquer pessoa. A frieza com que eles conversavam sobre a morte dos pais daquele jovem, sobre como eles iriam se desfazer daqueles corpos, chama a atenção e assusta até mesmo os policiais mais experientes”, afirmou.

 

Um dos diálogos citados pelo delegado é o momento em que o jovem atira no pai e conta à namorada: “‘Atirei no meu pai’, ele comunica à jovem, e ela incentiva dizendo, ‘Agora atira nela’, se referindo à mãe do jovem. Nisso ele acaba matando também a mãe e depois o seu irmão. Ou seja, há uma participação ativa dessa adolescente na execução dessa família”, afirmou.

 

A adolescente de 15 anos, apreendida por participação virtual no triplo homicídio, foi transferida de Água Boa para Cuiabá, no sistema socioeducativo, onde ficou à disposição da Justiça do Rio de Janeiro, responsável pelo caso.

 

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