Jardim Tropical

A ação de bandidos que mantiveram refém um casal de advogados, na sexta-feira (21), no Jardim Tropical, não foi um caso isolado no bairro. Segundo moradores, o local é extremamente perigoso.
Nesta segunda-feira (24), a reportagem andou por ruas do bairro e conversou com moradores. Quando avisados que a conversa seria sobre a segurança, vários responderam categoricamente: “Não tem”.
Na madrugada da quinta-feira (20), um dia antes do assalto ao casal de advogados, uma casa lotérica também foi roubada.
Segundo uma funcionária, que não quis se identificar, os ladrões arrombaram o salão que fica nos fundos da lotérica, quebraram a parede, pegaram todo sistema de câmeras e de trabalho e levaram mais de R$ 10 mil do cofre e dos caixas.
Esse foi o terceiro roubo à lotérica somente neste ano, mas foi o primeiro fora do horário de funcionamento.
O italiano Carmindo Esposito, de 86 anos, que é tio do prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB), contou ao MidiaNews que foi assaltado há cerca de dois meses.
“Me assaltaram ali no mercado, levaram meu carro, um Voyage novo, os documentos, as compras que eu tinha feito. Eles bateram em mim na mão, na perna”, contou.
“A única coisa que a gente tem e ainda tiram da gente, como que fica?”, questionou.
Ele contou que foi um dos primeiros moradores do bairro, onde chegou há 40 anos atrás. A praça em frente à sua casa, com grandes mangueiras plantadas por ele mesmo, está abandonada e, segundo o aposentado, a luz já não é suficiente para iluminá-la.
“Meu sobrinho é o prefeito. Eu pedi pra ele arrumar essa praça, deixar bem arrumada, mesmo que não seja agora. Porque aqui é bom pra morar”, disse.
A doméstica Cleonilce Lorenço dos Santos, de 40 anos, trabalha no Jardim Tropical há três anos e disse que, às vezes, deixa de varrer a porta da casa por medo.
“É um bairro muito perigoso. Tenho medo, porque a história aqui não é uma história boa, é uma história de insegurança. Tinha um advogado vizinho que sentava na porta de casa. A gente avisou para ele que não podia sentar, que era perigoso. Na outra semana o levaram para dentro e assaltaram. Aí eles mudaram daí”, contou Cleonilce.
Alair Ribeiro/MidiaNews
"Nós somos prisioneiros dos bandidos, é uma coisa fora de série", disse a aposentada
Pelas ruas do bairro, existem diversas casas com placas de aluga-se, ou vende-se. Inclusive a casa vizinha à do crime na sexta-feira (21).
A aposentada Dália Santana Cunha, de 86, mora no bairro há 28 anos e chegou a pensar em se mudar após sua casa ser assaltada cinco vezes. Ela contou que os roubos só cessaram porque ela colocou cerca no terreno.
Segundo Dália, a princípio os ladrões entravam pelos fundos da casa e assim todos os eletrodomésticos de sua cozinha foram levados.
No último assalto, arrebentaram o cadeado e entraram pela porta da frente quando a aposentada estava na academia. O filho de Dália chegou e encontrou os assaltantes na sala de estar. Eles, no entanto, fugiram sem conseguir levar os objetos.
“Já estavam na cozinha a televisão do meu quarto, a do quarto dele, o meu notebook, o notebook dele. Eles arrombaram o quarto dele. Acho que iam tirar também o aparelho de som, mas não deu tempo. Estava tudo lá na cozinha. Eles não levaram nada dessa vez”, lembrou.
Depois disso, a aposentada colocou cerca ao redor da casa. Mas ela contou que todos os dias acontece algum assalto na região e que são poucos os moradores que não foram roubados.
“Entraram aqui no vizinho de manhã. Arrebentaram o portão, entraram, bateram muito nele, amarraram ele com meias e levaram tudo - o carro, televisão, notebook, tudo”, contou a aposentada.
“Eu moro nesse bairro desde 1989, e antes não era assim. Hoje você não vê ninguém na rua, todo mundo fica trancado. Nós somos prisioneiros dos bandidos. É uma coisa fora de série. Nós não temos segurança”, frisou.
Ela contou que nos últimos três anos a situação só tem piorado. E que por isso muitos vizinhos estão optando por se mudar.
“Aqui é um bairro bom. Eu falo que é o coração de Cuiabá, tem tudo aqui, tudo fácil, supermercado, farmácia, shopping, tudo que dá pra você ir a pé, mas em compensação os bandidos parece que tomaram conta”, lamentou.
Outra vizinha, de 76 anos, que preferiu não ter o nome divulgado, relatou à reportagem diversos assaltos sofridos pelos vizinhos. Ela mora no bairro há 35 anos e disse temer pela violência no bairro.
“Eles [os vizinhos] instalam câmeras, mas aqui é assim, a realidade é essa, tem vezes que tem dois assaltos no mesmo dia, tem dia que até com faca”, contou.
O assalto
Conforme a Polícia Militar, os criminosos invadiram a casa dos advogados Mario Ribeiro de Sá, de 71 anos, e Elvira Francisca de Oliveira, de 54, por volta de 4h da sexta-feira (21).
Após conseguirem entrar na residência, eles usaram uma faca da própria casa para render o casal.
Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) foram acionados e tentaram negociar a soltura do casal e, consequentemente, a rendição dos assaltantes.
Durante a negociação, os criminosos fizeram algumas exigências aos policiais. Eles pediram cigarros, a presença de advogado e que as viaturas da polícia que estavam em frente à residência saíssem do local, para que pudessem fugir.
Por volta de 14h, os criminosos se entregaram à polícia. O cárcere durou 10 horas.
Leia mais:
Bope tenta libertar casal de advogados refém de dois bandidos
Após quase dez horas, bandidos libertam reféns e se entregam
Sequestradores de casal danificam viatura e xingam PMs
Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).
1 Comentário(s).
|
maria 25.07.17 09h26 | ||||
Não é só no bairro Jardim Tropical que isso acontece,no bairro Boa Esperança é mais de um roubo/furto por dia,alias em todo BRASIL está assim.Acabou a segurança deste País,sorte de quem tem condições de se mudar daqui,infelizmente. | ||||
|