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23.11.2025 | 14h22 Tamanho do texto A- A+

Ninfoplastia e clareamento: médica detalha estética íntima

Ginecologista apontou ‘boom’ dos procedimentos impulsionado pelo empoderamento feminino

Reprodução

Ginecologista e obstetra Dra. Amanda Araújo durante entrevista ao Midia News:

Ginecologista e obstetra Dra. Amanda Araújo durante entrevista ao Midia News: "Dor nunca é normal", afirma

PIETRA NÓBREGA
DA REDAÇÃO

O número de mulheres que procuram procedimentos íntimos estéticos cresce continuamente, à medida que o tema deixa de ser tratado como tabu e passa a ser reconhecido como parte da saúde e do bem-estar feminino.

 

A mulher de hoje trabalha, se sustenta, não precisa pedir permissão. Ela decide e faz. E, principalmente, passou a ter acesso à informação de qualidade

Consultórios em todo o país têm visto um aumento expressivo na demanda, movimento que a ginecologista e obstetra Amanda Araújo, formada pela UFMT, e com seis anos de experiência em Cuiabá, atribui a uma combinação poderosa: empoderamento, acesso à informação e autonomia financeira.

 

“A mulher de hoje trabalha, se sustenta, não precisa pedir permissão. Ela decide e faz. E, principalmente, passou a ter acesso à informação de qualidade. O procedimento íntimo é a tomada de decisão mais única da mulher. É uma beleza oculta, só ela vê — ou no máximo um parceiro”, explicou a médica, em entrevista ao MidiaNews.

 

Natural do Maranhão, Amanda revelou que os principais procedimentos realizados pelas mulheres em seu consultório são o clareamento da região íntima, a ninfoplastia, o bioestimulo de colágeno nos grandes lábios e o lazer íntimo.

 

Conforme Amanda, a ninfoplastia, também conhecida como labioplastia, é um procedimento cirúrgico que visa alterar os aspectos dos lábios vaginais. 

 

A cirurgia também pode incluir correções no capuz do clitóris e na região do plicoma (pele próxima ao ânus).

 

“Não existe essa regra de que os pequenos lábios devem ser pequeno. A maioria das pacientes que examino tem os pequenos lábios grandes. Muitas acham que é ‘anormal’, mas na verdade é apenas uma variação anatômica, é o corpo dela que é assim”, afirmou.

 

Ela é enfática ao reprovar pedidos extremos. “Não dá para tirar tudo. Precisamos, no mínimo, de um centímetro de pequeno lábio. Quando se retira em excesso, o entróito vaginal fica exposto o tempo todo. Isso é muito ruim, machuca e volta a machucar com as roupas. Além disso, na mucosa a gente não mexe. Eu tenho um limite de retirada; quando esse limite é ultrapassado, na medicina chamamos de amputação de pequenos lábios”, disse.

 

 

Técnicas e período pós-operatório

 

Geralmente, elas procuram não por pressão do parceiro, ele nem liga, na maioria das vezes ele nem sabe que aquilo ali é excesso pra ele, tá normal

Conforme a ginecologista, a ninfoplastia pode ser realizada de duas formas: com o bisturi frio e com o método mais moderno a laser.

 

“A forma convencional é feita em centro cirúrgico, com bisturi frio, que era como a gente fazia antigamente. E existe a forma mais moderna, que é com laser: um corte mais preciso, que já faz a coagulação dos vasos e permite realizar o procedimento no consultório”, comparou.

 

O processo é descrito como minimamente invasivo. “Não precisa de acompanhante, não precisa de internação. A mulher chega uma hora antes para fazer o preparo, toma um lanche, um cafezinho, e o procedimento dura cerca de 40 minutos a uma hora e meia, dependendo da extensão. Ela fica o tempo todo acordada. Realmente é uma cirurgia minimamente invasiva”, afirmou.

 

Sobre a recuperação da técnica com laser, a médica explicou que o repouso recomendado é de três dias.

 

“Depois desses três dias, você já pode retomar suas atividades físicas, exceto a bicicleta, que só pode voltar após 30 dias. A relação sexual também deve ser retomada apenas depois de 30 dias”, detalhou.

 

“Mas é muito tranquilo: a mulher faz a cirurgia na sexta e, na segunda, já pode voltar a trabalhar normalmente”, completou.

 

 

Durabilidade e fatores de variação

 

Sobre a permanência dos resultados, Amanda esclareceu que são duradouros, mas sujeitos a variações.

 

“O que vai alterar mais o resultado ao longo do tempo? Eu tenho muitos pacientes que fizeram uma ninfoplastia muito tempo atrás da forma convencional e ainda assim ficou um excesso. Isso se deve à pouca retirada mesmo da quantidade”.

 

Coloca uma calcinha, a calcinha fica pegando, faz até a laceração. Vou ter relação e às vezes se for uma relação um pouco mais abrupta, já corta também a entradinha do meu lábio

O envelhecimento natural e eventos como o parto também podem causar mudanças.

 

“Temos o envelhecimento natural do nosso corpo, em que a nossa pele que antes era firme, dá uma caidinha e isso acontece lá embaixo também. A mulher que teve o parto natural, por conta da passagem do bebê, fica um pouquinho mais flácida. Também cai bastante o hormônio e a mulher começa a ter um ressecamento vaginal, sente a flacidez maior”, disse.

 

 

 

Outros procedimentos

 

Existem pomadas que já estão há anos no mercado, mas são pomadas. Então, no dia em que você parar de usar, elas vão parar de agir

Para o ressecamento vaginal, comum no pós-parto e na menopausa, a especialista apresentou como opção o laser íntimo. 

 

“Existem pomadas que já estão há anos no mercado, mas são pomadas. Então, no dia em que você parar de usar, elas vão parar de agir. O laser é uma energia que será convertida em calor e produzirá ácido hialurônico para hidratar, elastina para dar mais elasticidade e colágeno para dar sustentação e firmeza”.

 

Para o excesso de suor na virilha (hiperidrose), a indicação da médica é a aplicação de botox. “É um tratamento também há anos no mercado, com muita segurança”.

 

Já para o excesso de pele e gordura na região do “capô”, conforme Amanda, pode ser realizado a aplicação de enzimas, que vão quebrar essa gordura. Mas se for uma quantidade muito grande, a indicação é cirurgia plástica.

 

Sobre o clareamento íntimo, a médica explicou  que o escurecimento é comum, especialmente após a gravidez.

 

“Temos os peelings, que são tratamentos mais antigos. E lá na clínica a gente tem um aparelho que é uma tecnologia muito nova, chamada Mesojict Gun. Ele faz uma eletroestimulação, não machuca. É um tratamento indolor e revolucionário”.

 

Ela também indicou cremes clareadores como parte do tratamento.

 

Para cicatrizes de cesárea, a conduta depende da avaliação. “A gente pode fazer laser de CO₂ externo para melhorar o aspecto. Já, quando a mulher tem queloide, geralmente temos que fazer um reparo, refazer aquela cirurgia”.

 

 

Indicação funcional

 

Amanda enfatizou que a maior parte das procuras é motivada por razões funcionais.

 

Se a paciente não chega com a queixa, não sou eu que vou criar uma para ela

“Se a paciente não chega com a queixa, não sou eu que vou criar uma para ela. Ela deve chegar e dizer que algo a incomoda. Quando percebo que há indicação, geralmente faço uma busca ativa. Pergunto: ‘Tem alguma coisa que te incomoda aqui embaixo?’”.

 

Ela relatou as queixas mais comuns: “Coloco uma calcinha e ela fica pegando, chega a causar laceração. Vou ter relação e, às vezes, se for um pouco mais abrupta, já corta a entradinha do meu lábio. Vou fazer ultrassom transvaginal e, às vezes, o doutor precisa separar o lábio para conseguir fazer a introdução. Além disso, dificulta na higienização e pode causar dores”, afirmou.

 

Os valores, conforme Amanda, variam de acordo com a complexidade do procedimento.

 

“Quando falamos de cirurgia íntima, precisamos individualizar cada caso. Geralmente, a labioplastia custa, em média, R$ 6.000. Se for uma cirurgia que abrange o capuz e o picoma, o valor já aumenta um pouquinho, para uma média de nove, dez, treze mil, e eu tenho colegas que chegam a cobrar até 30 mil. Então, existe uma variação grande de valores”.

 

A médica ressaltou a importância de buscar profissionais capacitados e alertou sobre técnicas alternativas.

 

 

“Às vezes encontramos outro tipo de ninfoplastia que o pessoal chama de ninfoplastia sem corte e que, na verdade, não é feita com laser. É com outra máquina. Aí elas são mais baratas, mas não têm um resultado tão bom nem a qualidade do laser”.

 

 

Perfil da paciente e expectativas

 

Conforme a médica, a maioria das mulheres que procura a cirurgia o faz por iniciativa própria, decidida a buscar mais bem-estar, a busca pelo procedimento raramente vem por pressão do parceiro.

 

“Na maioria das vezes, o parceiro nem se importa. Muitas vezes ele nem percebe que há excesso — para ele, é normal. Claro que, eventualmente, ele comenta: ‘Essa daqui é diferente da outra’, fazendo alguma comparação. Alguns até tentam desencorajar, porque têm receio de acontecer algo: ‘Vai perder a sensibilidade, vai ficar dolorível, ela não vai querer ter relação depois’. Então também converso com o parceiro para desmistificar isso. Não mexemos em nada que tenha enervação; é só pele”, explicou.

 

A ginecologista finaliza com um recado direto. “Em primeiro lugar, não se esqueçam de fazer uma consulta de rotina com seu ginecologista”.

 

E é taxativa: “Dor nunca é normal. Então se você tem dor na relação, dor quando vai vestir uma roupa porque pega ali na sua vagina, isso nunca vai ser normal".

 

 

 

 

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