JAD LARANJEIRA
DA REDAÇÃO
A família de Janaína Almeida Rodrigues, de 26 anos, que morreu em um acidente na Avenida General Mello, no dia 21 de junho, realizou uma manifestação na tarde de terça-feira (21), no local do acidente.
A manifestação aconteceu por volta das 17h, em frente ao posto de gasolina onde Janaína trabalhava, entre a Avenida Carmindo de Campos e a Rua General Mello, e reuniu parentes, amigos e familiares de outras vítimas que passaram pela mesma situação.
Janaína morreu há 30 dias, depois que um veículo Chevrolet Prisma invadiu a pista em que ela estava e bateu de frente com sua Honda Biz.
Segundo a Delegacia Especializada de Trânsito de Cuiabá (Deletran), o estudante Alysson Guedes Zoli Delazaria, de 26 anos, que dirigia o Chevrolet Prisma, que bateu na motocicleta de Janaina, foi levado para a Central de Flagrantes para submeter-se a exames de alcoolemia.
Bruno Cidade/MidiaNews
|
 |
Família se reúne em manifestação e pede mudanças nas penalidades para crimes de trânsito
|
O estudante pagou fiança de R$ 1,5 mil e foi liberado para responder pelo crime de homicídio culposo (quando não há intenção de matar) no trânsito em liberdade.
O protesto da família é contra a violência no trânsito e contra a impunidade e pede que a lei seja mais rigorosa.
A irmã da vítima, Cristiana Alemeida, de 34 anos, não se conforma e diz que "uma pessoa que infringe todas as leis de trânsito não pode estar em liberdade".
“Isso não foi acidente. Ela não é a primeira e nem vai ser a última. Não temos resposta da Justiça há 30 dias. Quero que essa manifestação incomode um pouco pelo menos nosso o poder legislativo” afirma Cristiana.
Mudança na legislaçãoA mãe de Janaina, Ercir Almeida, de 53 anos, contou em entrevista ao
MidiaNews, muito emocionada, que espera que, com essa manifestação, o crime não seja esquecido, e haja mudanças na legislação brasileira de trânsito.
“Espero que as pessoas se comovam com a nossa dor, que a Justiça seja feita, porque não é possível uma pessoa matar a outra porque estava bêbado e continuar a viver sua vida, como se nada tivesse acontecido”, disse.
A mãe da jovem ainda fez um apelo.
“Quero que os motoristas tenham mais consciência, quando for sentar um bar para beber e que não dirijam, para não tirar mais vidas de pessoas inocentes”, afirmou.
“Nada disso vai trazer minha filha de volta, mas eu quero justiça seja feita, que a Lei Seca seja mais rigorosa, para que pessoas como esse homem não façam isso e pague apenas fiança e seja colocado em liberdade”, completou.
“Se nossos parlamentares tivessem algum respeito pela vida, a nossa lei seria mais rígida, e seria demonstrado o verdadeiro valor”, afirmou Cristiana Almeida.
Famílias reunidas
A manifestação reuniu várias famílias que participaram do ato e se comoveram com a dor dos familiares da jovem.

"Isso não foi acidente, ela não é a primeira e nem vai ser a última. Não temos resposta da Justiça há 30 dias"
Dona Rosemaire Sales, de 51 anos, que também participou da manifestação, contou que seu filho Walleson Felipe Sales de Oliveira, de 20 anos, morreu em janeiro de 2015, na Avenida das Torres, por volta das 18h e, até hoje, ninguém foi preso.
“Eu não tenho chão, falta um pedaço de mim. Já se passaram cinco meses e não obtive nenhuma resposta das autoridades, nenhum culpado. Eu convivo com essa angústia todos os dias”, disse.
“Gostaria de fazer um apelo às pessoas que filmaram e tiraram fotos para que, por favor, denunciem, porque alguém deve ter visto quem atropelou meu filho, só isso que peço”, apelou Rosemaire.
Marlene Oscarine contou o caso de sua filha Kennya Oscarine, de 16 anos, que foi atropelada em março de 2012, ao sair da escola.
O acusado foi preso em flagrante e depois solto. Quando foi chamado novamente para prestar esclarecimento, simplesmente sumiu e, até hoje, está foragido da Justiça.
Após três anos, Marlene diz que a dor é a mesma de antes.
“A minha vida é vazia, eu só faço duas coisas da minha vida hoje: limpar o túmulo da minha filha e ir atrás desse homem”, disse
“Eu chorei quando aconteceu esse acidente com a Janaina porque, infelizmente, eu sei que essa dor não vai passar. Eu não desejo isso para ninguém, só sabe a dor quem já passou por ela”, lamentou Marlene.
Leia mais sobre o assunto:
Polícia confirma autor de atropelamento que matou frentista
Família de frentista vai às ruas contra a violência no trânsito