Moradores de rua no Beco do Candieiro
Revitalizado em 2021 ao custo de R$ 247 mil, o Beco do Candeeiro, localizado no Centro Histórico de Cuiabá, voltou a ser uma área tomada por moradores de rua e dependentes químicos. A ocupação ocorreu ainda no período do ex-prefeito Emanuel Pinheiro (PSD), responsável pela obra.

De acordo com comerciantes da região, a presença deles acaba por repelir a população e possíveis clientes, que temem por assaltos e furtos.
A reportagem do MidiaNews foi até o local e conversou com empresários, pedestres e com a 21ª Companhia da Polícia Militar, responsável pela segurança da região. O maior apelo da população é em relação à uma assistência social adequada aos dependentes químicos, já que eles não costumam ser agressivos com os passantes.
“Tem um povo que não está em condições pela situação que se encontra, mas tem outros que merecem oportunidade de emprego”, afirmou o comerciante Benedito de Souza, proprietário de um estacionamento próximo ao Beco.
Ailson Mariano, vigilante da Igreja Nosso Senhor dos Passos, na rua 7 de Setembro, afirmou que as ações das freiras com doação de roupas, calçados e alimentos auxiliam os moradores de rua. Conforme ele, a incidência de roubos e assaltos diminui com as ações de assistência social.
“Isso dá esperança para eles.É um suporte, além de eles se sentirem bem, se sentem confortáveis. Eles recebem carinho, amor e respeito. Saem daqui diferentes”, afirmou o vigilante.
Ainda, voluntários auxiliam os dependentes químicos com internação, caso desejem, o que também faz com que eles se sintam agradecidos. “Muitas vezes, voltam aqui e agradecem, porque conseguem parar alguns meses. É esse suporte que as irmãs e o poder de Deus fazem na vida deles”, acrescentou.
Insegurança
No entanto, as ações dos voluntários não são o suficiente para evitar que também haja furtos e roubos em lojas, além da sensação de insegurança.
Tainá Keila é funcionária em uma loja nas proximidades do Beco e afirmou que, hoje em dia, está mais tranquilo do que costumava ser há poucos anos atrás. No entanto, a loja já foi roubada no período da noite, há cerca de dois anos. A prática, segundo Tainá, repele os próprios comerciantes.
Victor Ostetti/MidiaNews
O 1º sargento Everson, da 21ª Companhia de Polícia Militar, falou sobre a sensação de insegurança
“Aqui tem vários estabelecimentos fechados, porque não para. Abrem um comércio um mês e pouquinho, tentam entrar para assaltar e nisso, às vezes, tem coisas de valor, os donos acabam tendo prejuízo. Fora os estragos, quebra a telha, porque geralmente quando entram, é pelo telhado”, afirmou.
O 1° sargento Everson, da 21ª Companhia da Polícia Militar, responsável pela região, afirmou que é comum receber denúncias de furtos. “Os comerciantes reclamam de furto. Principalmente pela madrugada, quando sobem nos telhados das lojas e levam fios e, às vezes, pequenos pertences”.
Além disso, o movimento de clientes também é reduzido na região por causa dos dependentes químicos que frequentam o local.
“Tem bastante clientes que pedem pelo Uber. Faz o pedido pelo WhatsApp e pede para retirar, porque eles têm medo de vir. Tem bastante clientes que reclamam e pedem: ‘Muda a loja de localização, porque aí fica melhor para gente’, porque é uma localização bem ruim aqui”, disse Tainá.
A pedestre Norma Maia, que passa pelo local com frequência, lamentou a situação do Beco, pois, segundo ela, o Centro Histórico é uma memória cultural da capital mato-grossense.
“O Beco chega a dar pena, porque já houve uma restauração, uma coisa tranquila, bonita, com lojinhas, com pessoas visitando. Hoje, acho que tem mais de anos, voltou praticamente ao que era antes, espaço dos dependentes químicos”, disse.
“Tem bastante reclamação nesse sentido. Os pedestres evitam passar devido ao número de pessoas em situação de rua, E, algumas vezes, fazendo uso de entorpecentes. Então, se sentem intimidados em passar ali.”, disse o 1º sargento.
Além disso, há pessoas envolvidas com tráfico de drogas e que cometem furtos que se aproveitam da reputação do local e tentam se misturar com os moradores de rua.
“Temos também, às vezes, pessoas dando conta de tráfico de entorpecentes no local e, por algumas vezes, alguns praticam pequenos furtos e tentam se esconder em meio às pessoas que estão em situação de rua. Então existe esse tipo de demanda na região do Beco do Candeeiro”, disse.
Resolução do problema
Comerciantes e pedestres afirmaram que apenas ações voluntárias não são o suficiente para resolver o problema, que precisa ser visto seriamente pelo Poder Público.
“Só revitalizar não adianta. Tem que ter uma fiscalização, tem que ter pessoas incentivando os dependentes a sair daquela situação, fazendo o serviço social e o Município mantendo o que foi revitalizado. Isso é muito importante”, afirmou Norma.
“Tem que ter a participação de todo os Poderes, o Judiciário, o Senado, a Câmara de Deputados... Fazer um estudo, fazer um levantamento para amenizar isso, não ficar discriminando todo mundo”, disse Benedito.
Além disso, o sargento Everson afirmou que a Polícia Militar, sozinha, não vai resolver o problema, já que é necessária intervenção da Saúde e do Serviço Social.
“A ação da Polícia Militar é presente em todos os lugares aqui da área central. Às vezes, falta um pouco do Poder Público na questão de Saúde, porque o uso de entorpecentes é questão de saúde pública. São pessoas em situação de vulnerabilidade e alto consumo de entorpecentes”, afirmou.
Victor Ostetti/MidiaNews
Beco do Candeeiro, localizado no Centro Histórico de Cuiabá, voltou a ser uma área tomada por moradores de rua
Procurada pelo MidiaNews, a Secretaria Municipal de Assistência Social, Direitos Humanos e Inclusão afirmou que realiza ações constantes com os moradores de rua, principalmente por meio do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) e de entrega de marmitas.
“O atendimento é conduzido de forma empática e articulada, tendo como principal porta de entrada o Centro POP, que oferece serviços essenciais como banheiros, chuveiros, lavanderia e guarda-volumes, além de encaminhamentos para unidades de acolhimento e oferta do benefício eventual de passagem, garantindo mobilidade e reinserção social”, disse a assessoria por meio de nota.
Leia a nota na íntegra:
"A Secretaria Municipal de Assistência Social, Direitos Humanos e Inclusão informa que realiza, de forma contínua, ações voltadas à população em situação de rua e usuários de drogas na região do Beco do Candeeiro, em conformidade com as diretrizes nacionais e determinações judiciais vigentes.
O atendimento é conduzido de forma empática e articulada, tendo como principal porta de entrada o Centro POP, que oferece serviços essenciais como banheiros, chuveiros, lavanderia e guarda-volumes, além de encaminhamentos para unidades de acolhimento e oferta do benefício eventual de passagem, garantindo mobilidade e reinserção social.
A SMSocial também promove mutirões de cidadania em parceria com órgãos como o TJ/MT, TRE/MT, INSS e Defensoria Pública, assegurando acesso à documentação civil, benefícios assistenciais e programas de transferência de renda.
Além disso, a Secretaria mantém contrato ativo para fornecimento de refeições à população em situação de rua, com rigoroso controle sanitário, e distribui itens de higiene básica por meio do Centro POP.
As equipes municipais atuam ainda na capacitação permanente dos servidores, reforçando o tratamento digno e o atendimento humanizado.
A Prefeitura de Cuiabá reafirma seu compromisso com a garantia de direitos, dignidade e reintegração social das pessoas em situação de rua, contribuindo para uma cidade mais inclusiva e solidária.”
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4 Comentário(s).
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| Dervian 03.11.25 11h11 | ||||
| Não é somente a região do beco do candeeiro, a região do porto ali próximo à Unimed ao Comper na Barão de Melgaço tá impregnada de desocupado, são pessoas tornozeladas circulando e pedindo, não me sinto seguro em ir ao mercado comprar pão, porque você é abordado por pedinte, ontem mesmo na farmácia próximo ao sorveteria nevasca fomos abordados na rua com pessoas com tornozeleiras eletrônica pedindo ajuda dinheiro, só tá faltando um print agora vir com maquininha de cartão de débito e crédito | ||||
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| Paulo 03.11.25 10h36 | ||||
| Coloca esse povo pra correr, cidadão de bem não pode andar por esse lugar, só tem noiado | ||||
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| augusto 03.11.25 10h17 | ||||
| DE NOITE É 5 ATÉ 10 FURTOS DE CELULAR DE ESTUDANTE OU TRABALHADOR.... DA VONTADE DE FAZER MALDADE MAS DEUS É MAIOR!!VICIO MALIGNO!! TEM QUE TIRAR ELES DE LA E LEVAR PRA ZONA RURAL!! LIMPAR O CENTRO!! ILHA DO BANANAL(( ILHA DO ROSARIO)) MAOR PONTO DE PROSTITUIÇÃO ,DROGAS E ATE ESTUPRO COLETIVO. | ||||
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| Cláudia 03.11.25 09h42 | ||||
| Na região da Rodoviária está bem compexa a situação. Inclusive com perigo de "atropelamento" dada a iluminação, mato e sujeira. | ||||
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