Cuiabá, Quarta-Feira, 24 de Dezembro de 2025
NO PENÚLTIMO DIA DO ANO
24.12.2025 | 10h47 Tamanho do texto A- A+

Toffoli determina acareação de Vorcaro, diretor do BC e ex-presidente do BRB

Audiência está marcada para 30 de dezembro, em pleno recesso do Judiciário

Carlos Moura/SCO/STF

Ilustração

DA FOLHAPRESS

O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a convocação de uma audiência com Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, Ailton de Aquino, diretor de Fiscalização do Banco Central, e Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB (Banco de Brasília).

 

Os três deverão prestar esclarecimentos de forma conjunta, numa acareação. Toffoli é relator no STF da investigação sobre fraude na negociação para a venda do Master para o BRB, numa operação que envolveria uma carteira falsa de créditos de R$ 12,2 bilhões, segundo a Polícia Federal.

 

A audiência está marcada para 30 de dezembro, penúltimo dia de 2025, em pleno recesso do Judiciário. A acareação deve começar às 14h.

 

O ministro determinou a acareação dentro do processo sigiloso pelo qual é responsável no tribunal. A convocação foi noticiada pelo site Poder 360 e confirmada pela Folha com três pessoas com conhecimento da decisão.

 

A acareação foi determinada diretamente por Toffoli, sem um pedido anterior dos investigadores da PF responsáveis pela apuração do caso.

 

Interlocutores do ministro afirmam que o objetivo da audiência é esclarecer eventuais divergências entre os três núcleos da operação: Vorcaro, que perseguia a venda do Master; a cúpula do BRB, que estava prestes a confirmar uma operação sob suspeita; e o BC, que tinha o papel de verificar a integridade do negócio.

 

Advogados que acompanham o caso apontam, por sua vez, que a realização de acareações é pouco comum antes que sejam tomados depoimentos individuais e apontadas contradições objetivas entre os personagens.

 

Na avaliação de alguns desses profissionais, Toffoli decidiu se antecipar.

 

O ministro, de acordo com uma pessoa que discutiu com ele essa convocação, pretende usar a acareação para esclarecer em que momento foram descobertas as suspeitas de fraude, quem tomou conhecimento delas e quais providências foram tomadas ou deixaram de ser tomadas.

 

Um dos focos do processo será avaliar a atuação da cúpula do BRB diante dos indícios de fraudes que foram levantados ao longo da negociação, incluindo alertas emitidos pelo próprio Banco Central.

 

Outra frente será identificar as medidas tomadas pelo BC na fiscalização do mercado de títulos bancários e estabelecer eventuais responsáveis por falhas.

 

Nenhum integrante do Banco Central é investigado no caso.

O Conselho de Administração do BRB aprovou a compra de 58% do Master em março deste ano, mas a operação acabou barrada pelo Banco Central em setembro.

 

A investigação da PF e do Ministério do Público Federal apontou que, antes mesmo da formalização do negócio, o Master teria forjado e vendido cerca de R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito consignado para o BRB (R$ 6,7 bilhões em contratos falsos e R$ 5,5 bilhões em prêmios, o valor que supostamente a carteira valeria, mais um bônus).

 

O repasse das carteiras acendeu o alerta no Banco Central pelo volume de recursos, pelo histórico de compras de cada instituição e pelas informações discrepantes apresentadas.

Assim que a acareação termina r, no dia 30, Toffoli pode determinar novas medidas.

 

No último dia 15, o ministro do STF determinou a realização, em até 30 dias, de oitivas de investigados e de dirigentes do BC para a retomada do caso Master.

 

As diligências e medidas relacionadas à investigação contra Vorcaro e o banco privado são avaliadas por Toffoli desde 3 de dezembro. Um dia antes, o ministro impôs sigilo elevado a um pedido apresentado pela defesa do banqueiro, feito no fim de novembro, para levar as investigações sobre o empresário ao tribunal.

 

Apesar de ter determinado que o caso fosse remetido ao Supremo, Toffoli confirmou todas as decisões tomadas em primeira instância. Isso significa que as provas colhidas na operação estão válidas e que a Polícia Federal vai analisar o material obtido em quebras de sigilo.

 

Antes de o caso Master ser distribuído a Toffoli, o ministro viajou no dia 28 de novembro a Lima, no Peru, para a final da Copa Libertadores, em um jato particular ao lado de um dos advogados envolvidos.

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
0 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Preencha o formulário e seja o primeiro a comentar esta notícia