Área de refeição improvisada com alimentos armazenados de forma precária
O ano de 2025 foi marcado por operações do Ministério Público como forma de combate ao trabalho análogo à escravidão no estado.
Dentre as operações conduzidas pelo Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT), destaca-se o resgate de 20 trabalhadores em uma propriedade de Nova Maringá pertencente à influenciadora e ex-Miss Mato Grosso, Taiany França Zimpel.
O resgate ocorreu no dia 15 de setembro, na Fazenda Eliane Raquel e Quinhão, e contou com a participação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), da Defensoria Pública da União (DPU) e da Polícia Federal (PF). Na ocasião, a força-tarefa constatou irregularidades graves, como alojamentos precários, falta de fornecimento de água potável para consumo e higiene, bem como ausência de registros em carteira e pagamento de salários. (Veja imagens abaixo)
Os trabalhadores também não possuíam equipamentos de proteção e relataram intimidação, já que havia pessoas armadas na propriedade que restringiam sua locomoção. Entre os trabalhadores, estava um adolescente de 17 anos.
As contratações
Reprodução
Oferta de trabalho divulgada no perfil da modelo
Eleita Miss Mato Grosso em 2016 e, em 2024, Taiany recebeu o título de Miss Mato Grosso Internacional. Nas redes sociais, ela compartilhava publicações típicas do universo da moda e concursos de beleza, com imagens glamourosas, drinks, looks e faixas de miss, além de anúncios de trabalho.
Dentre as publicações realizadas em fevereiro de 2025, ela buscava prestação de serviço para um caminhão destinado ao transporte de madeira. A empresa na qual Taiany realizava as contratações é a T.F. Zimpel, que responde a um processo trabalhista movido por um trabalhador que relatava, em ação de danos morais, a falta de pagamentos e as condições precárias de trabalho.
Por meio de nota, Taiany negou ter contratado diretamente os trabalhadores resgatados, declarando que atuou apenas como intermediadora entre os trabalhadores e a Fazenda Eliane Raquel e Quinhão.
“A empresa esclarece que firmou contrato de prestação de serviços com uma propriedade rural e terceirizou a mão de obra para execução dos trabalhos. Portanto, a T.F. Zimpel não representa a fazenda e também não realizou a contratação direta da mão de obra”, declarou na época.
Acordo com MPT
Apesar da versão da empresa, a investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) aponta que os trabalhadores foram, de fato, contratados pela T.F. Zimpel Ltda. para atividades de corte e empilhamento de madeira na fazenda.
“Com base nas provas colhidas, ficou comprovada a responsabilidade solidária entre a Zimpel, que recrutou e manteve os trabalhadores em condições degradantes, e os proprietários da área rural, que comercializam a madeira e se beneficiaram diretamente da exploração irregular”, diz trecho da nota do MPT.
Após a ação, a T.F. Zimpel afirmou colaborar com as investigações e informou ter firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com caráter emergencial e reparatório. Tanto a empresa quanto os proprietários da fazenda se comprometeram a cumprir uma série de obrigações, sob pena de multa em caso de reincidência.
Entre as medidas definidas, foram pagos R$ 418 mil em verbas salariais e rescisórias, além de uma indenização por dano moral coletivo de R$ 1 milhão, destinada ao Projeto Ação Integrada – Mato Grosso (PAI/MT). Também foi estipulado o pagamento de R$ 200 mil por dano moral individual, equivalente a R$ 10
mil para cada trabalhador resgatado.
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