AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO
Os seis candidatos à Prefeitura de Cuiabá voltaram a se enfrentar em um novo debate na noite de terça-feira (13), desta vez na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT). Mesmo com o tom amigável em boa parte do evento, realizado no auditório da instituição, a noite foi marcada pelo embate entre Serys Slhessarenko (PRB) e Julier Sebastião (PDT), e a mudança de postura de Wilson Santos (PSDB).
O tucano, diferente dos primeiros três debates já realizados nesta eleição, passou a ter postura mais contundente, questionando o programa de governo do líder das pesquisas, o Procurador Mauro (PSOL).
As trocas de farpas entre Julier e Serys tiveram início quando, em pergunta direta a Wilson, a ex-senadora questionou a opinião do tucano sobre o fato de Julier supostamente esconder que ainda é investigado no âmbito da Operação Ararath, na Justiça Federal.
Porém, eu tenho a informação de que ele é sim investigado pelo Ministério Público Federal, pelo crime de lavagem de dinheiro e ocultação de bens e valores
“O candidato Julier disse no debate da manhã desta terça-feira, na Rádio CBN, que não responde a nenhum processo, pois a denúncia foi anulada. Porém, eu tenho a informação de que ele é sim investigado pelo Ministério Público Federal, pelo crime de lavagem de dinheiro e ocultação de bens e valores. Inclusive, essa ação teve movimentação no último dia 26 de agosto”, afirmou.
Após Wilson dizer que a pergunta deveria ser direcionada ao próprio ex-juiz federal, Serys completou que candidato não pode esconder a verdade.
"Eu realmente tenho o extrato de consulta feita na Justiça Federal, que mostra essa situação da investigação. Eu acredito que, realmente, o candidato Julier não precisa negar que está sendo investigado. Poderá ser absolvido”, declarou.
Direitos de repostas
Com a declaração de Serys, Julier solicitou à direção do debate a concessão de direito de resposta. Pedido que foi atendido.
Ao se defender da acusação, Julier reafirmou que a ação penal foi anulada e que não há nenhum tipo de investigação contra ele. Além disso, rebateu as afirmações da ex-senadora, dizendo que ela mesma já sofreu sendo acusada injustamente.
"Fico bastante triste em ver a professora Serys jogar a história dela no lixo. Ela é alguém que mamou durante 10 anos no Governo Lula e Dilma e, na hora em que a coisa ficou ruim, pulou do barco. Incentivando uma história de calúnia. Fico triste, até porque ela já foi vitima disso. Ela foi acusada de tentativa de homicídio, de participar da Sanguessuga. Então, ela sabe muito bem o que é uma injustiça”, declarou.
“Isso me deixa muito triste, pois é alguém que tem história e, de repende, entra por esse caminho tortuoso, com uma mentira. O registro que ela viu é o transito em julgado do processo anulado. Ou seja, mentiu. Não respondo a qualquer processo. O processo foi anulado e até o cachorro da esquina sabe disso”, completou.
As declarações de Julier também geraram direito de resposta de Serys, que aos 230 espectadores presentes no auditório afirmou que não mentiu.
“Fico muito triste com o candidato Julier, por conta do desrespeito que senti quando ele afirmou que menti. Eu não menti, pois tenho extratos de que o MPF solicitou informações para alegar a investigação, Não disse que existia processo, afirmei que existia busca de informações”, declarou.
A candidata ainda afirmou que as acusações que foram feitas contra ela no “caso das sanguessugas” não passaram de uma tentativa de macular sua imagem pública, pois nunca foi investigada pela suposta participação em esquema de compras fraudulentas de ambulâncias por meio de emendas parlamentares.
Wilson combativo
Saindo da posição de defesa, quando sorteado a fazer pergunta ao candidato Renato Santtana (Rede), Wilson Santos aproveitou para criticar o plano de governo do Procurador Mauro, que, segundo ele, pretende “estatizar tudo o que ver pela frente”.
Marcus Mesquita/MidiaNews
O candidato Wilson Santos (PSDB), que criticou programa de governo do Procurador Mauro (PSOL)
“Há candidatos aqui, como o Procurador Mauro, que propõem estatizar tudo o que aparecer pela frente. Quer reestatizar o sistema de água e esgoto, mesmo sabendo que a Prefeitura não tem um vintém. Quer estatizar o sistema de transporte público, com quase 400 ônibus. E a proposta dele é ainda mais audaciosa: trabalhar pela tarifa zero: ninguém mais pagar pela passagem de ônibus em Cuiabá”, declarou.
“Não podemos vender utopias ao eleitor cuiabano. A Prefeitura, no ano que vem, não terá mais de R$ 70 milhões para investimento”, completou.
Como foi citado diretamente, o Procurador Mauro requereu o direito a resposta, que acabou não sendo atendido pela direção do debate.
Mesmo assim, o candidato do PSOL utilizou parte do seu tempo de resposta a uma pergunta de Julier, para rebater Wilson.
“O candidato Wilson Santos mentiu ao dizer que o nosso plano de governo prevê tarifa zero. O nosso projeto prevê redução gradativa da tarifa, por conta da municipalização”, pontuou.
“Vejo que a máfia do transporte coletivo está muito bem representada aqui, por pessoas que defendem a continuidade desse sistema privado, que não funciona. A população quer a mudança de paradigmas”, declarou.
Com o direito de resposta concedido, após as declarações do Procurador Mauro, Wilson leu trecho do programa eleitoral do adversário e ironizou, dizendo que pretende encontrá-lo no 2º turno das eleições.
“O 1º turno das eleições é muito complicado. O debate não permite clareza para o eleitor. Não vejo a hora, Mauro, de encontrá-lo no 2º turno. Esse debate está marcado”, disse o tucano, arrancando risos da plateia e dos próprios candidatos.
“O documento do PSOL, de dez páginas, diz: propomos uma política que realmente interprete a mobilidade urbana como direito e não como mercadoria. Redução gradativa da tarifa, rumo à tarifa zero. Eu não menti”, declarou Wilson.
Nas considerações finais, o tucano ainda disse que os eleitores não podem entrar em “aventuras”, “loucuras” e “utopias”.
O debate ainda teve a participação do candidato Emanuel Pinheiro (PMDB). Outros temas recorrentes do debate foram obras de mobilidade urbana, saneamento, abastecimento de água, segurança pública, agências de regulação e lixo urbano.
Leia mais:
Julier e Emanuel batem boca; Renato é chamado de “laranja”
