DOUGLAS TRIELLI
DA REDAÇÃO
Sétimo deputado federal mais votado em Mato Grosso, nas eleições de 2014, o professor de Teologia Victório Galli (PSC) tem se notabilizado com um discurso contra a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros).
Único representante dos evangélicos do Estado, na bancada do Congresso Nacional, o parlamentar diz representar a “todos”, mas sem deixar de lado a bandeira que o ajudou a ser eleito.
“Represento a todos, mas defendo a minha linha de pensamento. Para defender os gays tem os deputados gays. Se eles querem ser representados, que procurem deputados gays”, disse em entrevista exclusiva ao
MidiaNews.
Segundo o deputado, seu mandato terá como principal objetivo defender a “família tradicional”, com base na Bíblia Sagrada. Portanto, não deve ser favorável a nenhum projeto de lei que beneficie os LGBT.
Para ele, novelas e filmes com personagens homossexuais, como os vividos pelas atrizes Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg, na novela Babilônia, é uma forma de fazer “apologia” ao que ele classifica como “comportamento gay”.
“A verdade é que isso é uma forma de extinguir a espécie humana. Dois machos ou duas fêmeas não reproduzem. Então, o homossexualismo é sinônimo de extinção da raça humana. Mas não sou contra o gay, sou contra a prática”, afirmou.
Ainda durante a entrevista, Galli falou sobre os primeiros 90 dias de mandato do governador Pedro Taques (PDT). Ele acredita que já está na hora do pedetista “mostrar a que veio”.
Confira os principais trechos da entrevista com o deputado federal Victório Galli:

"Meu questionamento é em cima de prioridades que estão dando para esse grupo de pessoas que são minoria e querem se blindar e tirar os nossos direitos"
MidiaNews - Neste início de mandato, o senhor tem se notabilizado pelos posicionamentos incisivos em relação a questões ligadas a moral e a família. O senhor tem sido crítico com relação aos homossexuais. Recentemente, repudiou o beijo gay na novela Babilônia. Qual a base do seu pensamento com relação a todos esses assuntos?
Victório Galli - Quando levanto as críticas com relação aos homossexuais e aos LGBT, sou contra a prática deles, não tem nada a ver com a pessoa. Acho que todos têm o direito de ser o que quiser. É o exercício do livre arbítrio. Ninguém pode ter domínio sobre o livre arbítrio das pessoas. Mas, meu questionamento é em cima de prioridades que estão dando para esse grupo de pessoas, que são minoria e querem se blindar - e tirar os nossos direitos. Um exemplo é que está aumentando cada vez mais nas novelas e filmes uma apologia a prática homossexual. Acredito que não precisamos dessa apologia. Se a pessoa quer ser homossexual, que seja de livre e espontânea vontade, não precisa estar fazendo apologia para isso. Eu sou um cristão biblista, professor de Teologia, pratico e exercito a Bíblia em minha vida. E lá está claro quando diz que Deus abomina essa prática. Romanos, capitulo 1, fala sobre esse assunto, a pratica da homossexualidade. Isso não é algo natural, é desnatural. A Bíblia diz que por causa do aumento do pecado, da desobediência, Deus deixou os homens entregues ao seu próprio desejo. Quando Deus criou a família, não criou dois homens e duas mulheres, criou um homem e uma mulher. E Deus é didático naquilo que faz, usando somente uma costela de Adão, para impedir a bigamia.
MidiaNews - Sobre a apologia nas novelas e filmes, pode dar um exemplo do que seria isso?
Victório Galli - Essa prática do beijo lésbico já é apologia, para que as meninas pratiquem o lesbianismo. Ou ainda o beijo entre dois homens, que é um incentivo para inflamar o desejo do homem pelo homem e da mulher pela mulher. Isso é errado.
MidiaNews - Mas a exibição desse conteúdo não retrata um comportamento comum na sociedade?
Victório Galli - Na realidade, o que se passa nas novelas são reprises da vida cotidiana. É o que acontece, mas acho que não precisa mostrar. As pessoas já tem seu livre arbítrio. Antigamente, o motel ficava longe da cidade, nas rodovias da saída da cidade. Hoje, se a pessoa não olhar direito, pode se hospedar com a família por engano dentro do motel.
MidiaNews - Não acha que está sendo homofóbico quando diz ser apologia a novela mostrar um beijo entre duas pessoas do mesmo sexo?
Victório Galli - Isso não é apologia somente para quem está fazendo vista grossa em cima das coisas. Agora, eu não sou homofóbico. E quero deixar claro que estou no Congresso Nacional para trazer
Bruno Cidade/MidiaNews
|
 |
"O beijo entre dois homens é um incentivo para inflamar o desejo do homem pelo homem e da mulher pela mulher"
|
qualidade de vida para todas as pessoas, inclusive aos LGBT. Estou lá para defender saúde para todos, educação de qualidade para todos, mobilidade urbana para todos, segurança para todos, não interessa se é macho, fêmea, bi, traveco, travesti, não interessa. É ser humano e vou tratar com carinho todos eles. O que não posso é apoiar práticas erradas em relação a família.
Por exemplo, se o hétero chegar a um hotel, e procurar uma vaga, porventura estiver cheio, ele vai procurar outro lugar. Mas o gay não faz isso. Ele vai até a delegacia dar parte, dizendo que não deram espaço porque a pessoa é homofóbica. E pasmem, o Jean Wyllys apresentou o projeto de lei em que permite a criança, mesmo sem a permissão dos pais, fazer transplante de genitália. Isso é um absurdo. É apologia para a criança ser gay. Então, sou contra esses estímulos. Na semana passada, mais uma briga no Congresso para aprovar um projeto de lei, porque o Jean queria que o gay tivesse privilégios na fila do SUS. Eles querem que o cara gay tenha todo um tratamento especial, que seja tratado com carinho em detrimento dos outros. Não concordo, é um ser humano que tem que ser tratado igual aos outros.
MidiaNews - O senhor foi criticado por ter feito uma nota de repúdio criticando apenas o beijo gay, que é um afeto entre duas pessoas, enquanto a novela apresenta cenas de assassinato, traição, vingança, etc. Qual o motivo de focar apenas nos homossexuais?
Victório Galli - Porque foi o mais forte. Foi a cena mais forte que aconteceu lá. Na verdade, eu nem vi a novela, somente pesquisei na internet a cena. Além disso, pais de família me ligaram relatando que não aguentam mais ver essas situações nas novelas. Eu estou representando o povo que votou em mim, porque 85% vêm da ala evangélica. Então, tenho que defender minha bandeira, que é em defesa da família.
MidiaNews - Mas como parlamentar, não deveria representar a toda população?
Victório Galli - Represento a todos, mas defendo a minha linha de pensamento. Para defender os gays tem os deputados gays. Se eles querem ser representados, que procurem deputados gays.
MidiaNews - Mas, apesar de ser minoria, o homossexual não merece ser representado na televisão?
Victório Galli - Mas que seja representado de outra forma, não fazendo apologia. Porque, hoje, estão incentivando as crianças a serem gays. E eu digo a mesma coisa para essas cenas de violência, apenas não tive tempo para falar sobre a questão. Por exemplo, na última novela, o filho atirou no pai pelas costas. Ou seja, as novelas são uma faculdade gratuita para ensinar esposa a trair marido e por aí vai.
MidiaNews - As novelas, então, são um desserviço a valores éticos e morais?
Victório Galli - Claro. É um desserviço e desrespeito a família tradicional. Por mim, pode até fazer novela somente com gays, mas que faça em canais fechados. Porque no canal aberto todos irão ver. Eu, defendo o direito de todos, e quero ter o direito de defender o m eu direito. Assim como os gays tem o direito de defender o direito deles, de votar no deputado gay que vai defender isso, eu estou defendendo os meus eleitores.
Bruno Cidade/MidiaNews
|
 |
"Se o hétero chegar a um hotel, e, porventura, estiver cheio, vai procurar outro. Mas o gay vai até a delegacia dar parte, dizendo que não deram espaço porque a pessoa é homofóbica"
|
MidiaNews - Esse tipo de cena deveria ser proibido em novela?
Victório Galli - Sim, deveria ser proibido nos canais abertos, somente sendo permitido nos fechados. Eu já fiz uma indicação, na Câmara Federal, nesse sentido. A televisão é uma concessão, o rádio também. Ninguém é dono, quem é dono é o Governo. Então, o Governo dá a concessão para difundir programas educativos. Agora eu pergunto: Tem cunho educativo uma cena dessas?
MidiaNews - Chegou a fazer algum estudo sobre a possibilidade de se questionar a concessão de uma emissora como a Rede Globo?
Victório Galli - Não pensei nisso. É direito de eles terem concessão. Mas essa situação precisa ser policiada. Um dos fatos que mostram que a população não está contente com isso é o Ibope. Os índices dessa novela estão caindo. O povo não quer ver essas coisas.
MidiaNews - A classificação indicativa já não tem esse dever de restringir o que é visto?
Victório Galli - Tem, mas não se controla. Eu recebi e-mail de algumas pessoas me dizendo que estavam com vergonha de assistir as programações com a neta ou filho ao lado. E é preciso deixar claro que não sou somente contra beijo gay na televisão, sou contra beijo hétero de desentupir pia na frente das crianças. O que acontece, hoje, é que está aumentando as nossas meninas e meninos tendo experiência sexual muito cedo, precoce. Tem menina que está grávida com 10 anos. Sem contar os abusos sexuais, pedofilia, tudo incentivado por filmes, novelas. Por isso que defendo a família. E família é hétero. Se você colocar 20 pares de machos e 20 pares de fêmeas cada um em uma ilha e voltar 30 anos depois, verá que não aumentou nada, só diminuiu. Então, é antinatural.
Outra coisa é o casamento gay, que não passou pela Câmara, somente pela Justiça, que obrigou os cartórios a fazerem isso. Eu duvido que seria aprovado na Câmara, porque a maioria dos deputados não aceitam isso. A verdade é que isso é uma forma de extinguir a espécie humana. Dois machos ou duas fêmeas não reproduzem. Então, o homossexualismo é sinônimo de extinção da raça humana. Mas não sou contra o gay, sou contra a prática. Não sou contra quem é homossexual, sou contra a prática do homossexualismo. Não estou pessoalizando.
MidiaNews - Então, a tendência é não ser aprovado na Câmara qualquer projeto de lei ligada a casamento homossexual?
Victório Galli - Se depender de mim, vou trabalhar com unhas e dentes para não aprovar.
MidiaNews - E como está no Congresso a defesa desses valores pregado pelo senhor? A Câmara está bem representada nesse seguimento evangélico?
Victório Galli - A frente parlamentar evangélica soma, hoje, 89 parlamentares. E, além disso, há também a frente parlamentar católica, que também estão em peso no Congresso. Mas é preciso ser

"Não sou somente contra beijo gay na televisão, sou contra beijo hétero de desentupir pia na frente das crianças."
esclarecido que nenhuma dessas bancadas defende bandeira de igreja, defendemos a família, porque entendemos que a família precede a igreja. Se nós tivermos uma família bem estruturada, teremos uma sociedade bem estruturada. Agora, uma desestruturada, que não combate às drogas, que não tem exemplo de pai e mãe, ou que ambos aparecem fumando e se drogando em frente aos filhos, vai gerar bandido na família. Somente produz cidadão de bem para a sociedade a família estruturada. Então, a família é o fator principal em nossa vida, mesmo que seja um casal que briga todo dia, mas é família. Outra coisa que sou contra é a adoção de crianças por casais gays. Isso é algo desnaturado. Porque é outra apologia ao homossexualismo. A criança vê dois machos em casa ou duas fêmeas, qual exemplo terá de pai e mãe? Ela vai chamar de mãe um barbudo? Isso é uma bagunça, um desarranjo total que não pode acontecer.
MidiaNews - Não acha que isso é radicalizar demais o assunto? Ter uma visão estreita dos fatos?
Victório Galli - Se defender família for radicalismo, eu sou o número um, o primeiro da fila. Não aceito isso, não é natural, é antibíblico. Deus não criou o homem e a mulher para isso.
MidiaNews - Mas não acha que esse é um argumento muito superficial?
Victório Galli - Então questiona com Deus. O fabricante do homem e da mulher é Deus. Quando você compra um carro e dá problema, se questiona o fabricante. Então, procure a concessionária do ser humano, que é Deus.
MidiaNews - Mas a Bíblia foi escrita por homens...
Victório Galli - Não, foi escrita inspirada por Deus. Foi escrita por homens, mas na direção do Espírito Santo de Deus. A Bíblia não é qualquer livro que você escreve, como um conto ou biografia. A Bíblia é
Bruno Cidade/MidiaNews
|
 |
"Se defender família for radicalismo, eu sou o número um, o primeiro da fila"
|
um livro que trata dos podres e virtudes do ser humano, sem olhar a quem.
MidiaNews - Mas não concorda que é preciso considerar o fato da sociedade ter avançado, em especial a liberdade individual? Não acha que o seu posicionamento passa a ser homofóbico com essas defesas?
Victório Galli - Eu não sou homofóbico. Amo todas as pessoas, trato bem todas as pessoas. Se eu encontrar um gay na rua precisando de ajuda, irei ajudar, como ajudo a qualquer outra pessoa. Não tenho problema com isso. O que eu sou contra é a prática.
MidiaNews - Te incomoda ser taxado de homofóbico?
Victório Galli - Não. Isso não me atinge de forma nenhuma. Essa carapuça não cabe na minha cabeça. Eu não sou homofóbico, mas podem falar quantas vezes quiserem.
MidiaNews - Como é o seu relacionamento com o deputado Jean Wyllys?
Victório Galli - Tranquilo. Eu o respeito como parlamentar, ele também me respeita, já tomamos um café na Câmara, mas nossa conversa é pouca, apenas o necessário. Já sentei na cadeira ao lado dele, já votamos juntos dependendo da matéria, não tenho problema com isso. Não sou boi tangido.
MidiaNews - Por ser homem público e ter projeção na mídia, levando o seu discurso a diversas pessoas, não teme que esse tipo de posicionamento incite a violência de alguma forma?
Victório Galli - Não, defender família não é incitação à violência. Incitar violência é apoiar filmes bárbaros, de pistola na mão. Ou ainda quem enche a cara de cachaça e sai por aí cometendo crimes. E eu falo com prioridade. Tem gente que não pode falar o que eu falo. Eu casei com 23 anos, casei virgem, donzelo. Minha primeira relação sexual foi com minha esposa, e estamos casados há 32 anos e até hoje nunca a trai. Então, eu falo com prioridade, tenho como falar isso. Eu falo aquilo que vivo. Mas tem gente que não pode falar isso, conheço casal que trai a esposa com traveco no Zero.
Bruno Cidade/MidiaNews
|
 |
"A Bíblia foi escrita por homens, mas na direção do espirito santo de Deus. A Bíblia não é qualquer livro que você escreve, como um conto ou biografia"
|
MidiaNews - O senhor foi eleito em grupo vitorioso das eleições passadas, junto com um forte sentimento de renovação, de defesa de valores éticos e morais, combate a corrupção. Como o senhor está analisando o atual contexto em Mato Grosso?
Victório Galli - No meu ponto de vista, o Estado está no amarelo, parado. Porque o governador Pedro Taques pegou um Estado que precisa de choque de gestão. No momento ele está fazendo o estudo da situação, está como em uma luta de boxe, em que no primeiro round ninguém ataca um ao outro, só analisa o outro. O Taques precisa tirar a Saúde da UTI, que está uma aberração no Estado. Precisa tirar também a Segurança da UTI, mas isso é em todo o Brasil, porque hoje o policial pode levar tiro à vontade, mas não pode dar tiro. Isso demonstra o quanto se blinda o bandido. O policial se despede da sua esposa, filhos, e não sabe se volta vivo para casa, também porque se ele der um tiro em alguém, terá que responder aquilo pelo resto da sua vida. Além disso, muitos bandidos estão muito mais preparados para o combate que o policial.
Na questão da mobilidade urbana, ele pegou diversas obras inacabadas, outras inauguradas, mas sem a devida qualidade. Tudo isso está passando por uma série de auditorias. Eu, inclusive, sou favorável que se conclua as obras do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos). Porque é o sonho da população ver o VLT funcionando. Então precisamos colocar todas essas situações em dias, concluir as obras com qualidade, porque esse dinheiro é do povo. No meio disso tudo, apareceu um colega deputado propondo um plebiscito sobre o VLT, mas, para mim, isso é um erro, é regredir o processo. Se fosse para respeitar o povo, por que não respeitou lá trás? Acho que se respeita o povo agora, concluindo essas obras, de modo a respeitar o dinheiro público. E com isso o governador Pedro Taques vai poder contar comigo.
MidiaNews - Mas esse primeiro round não está demorando demais?
Victório Galli - Sim, pode ser um round de MMA, não de boxe que dura menos. Acho que já está na hora de mostrar a cara, mostrar quem ele é para os mato-grossenses. Mas ele pediu 90 dias e prefiro esperar passar esse prazo para vermos como irá ficar.
MidiaNews - Acha que ele precisa mostrar mais a cara?
Victório Galli - Sim, mas ele vai mostrar. Ele foi eleito para isso. E ele casou com uma viúva, quem casa com viúva tem que segurar os filhos. E é promessa dele de campanha concluir essas obras.
MidiaNews - Mesmo tendo uma bancada minúscula, os deputados federais de Mato Grosso quase nunca atuam de modo coeso, conseguindo algo considerado pouco em relação a outras bancadas. Não seria o caso de se fazer a bancada do centro-oeste?

"Defender família não é incitação à violência. Incitar violência é apoiar filmes bárbaros, de pistola na mã"
Victório Galli - Já temos um bloco do centro-oeste, e mesmo assim, somando todos os deputados, não conseguimos chegar ao tamanho da bancada de São Paulo, que são 70 deputados, por isso que as emendas para lá são sempre maiores. Nós somos somente 8 deputados. Antigamente era ainda pior, já que as emendas ficavam à mercê do Executivo. Hoje já são impositivas e as emendas irão vir de modo integral. Espero que isso seja cumprido.
MidiaNews - Cada deputado vai ter quanto em emenda?
Victório Galli - Os novatos pegaram R$ 10 milhões, para os antigos foi R$ 16 milhões. Mas até o final do ano isso irá aumentar. Eu já direcionei esse dinheiro para a Saúde e infraestrutura. Só espero que eles paguem. Porque, às vezes, as pessoas nos cobram, mas não temos a caneta do Executivo, que é quem paga. Os deputados apenas indicam.
MidiaNews - Como está o clima no Congresso em relação ao Governo Dilma?
Victório Galli - Está péssimo. A Dilma está vivendo um momento de final de governo, mas no início. É um desgaste muito grande, a popularidade dela cai demais. Vamos esperar que ela enxergue os questionamentos feitos nas ruas e que isso sirva de termômetro para ajudá-la a corrigir esse Governo. No Congresso o momento também é crítico. A base está rachada, o PMDB está com uma parte para um canto, outra parte em outro canto, no próprio PT já há desconfiança.
MidiaNews - A sua eleição foi uma surpresa para muitas pessoas, por não ser considerado favorito. A que atribui a sua vitória?
Victório Galli - Primeiro foi a minha própria persistência, porque já venho tentando ser eleito há três eleições. Em 2006, tive 23 mil votos e fiquei na primeira suplência e assumi duas vezes em quatro meses, na vaga do deputado Carlos Bezerra e Wellington Fagundes. Inclusive quero agradecer, porque isso me ajudou muito. Em 2010, tive quase 55 mil votos, fui o deputado que mais cresceu nas eleições. Agora, cheguei a quase 65 mil votos. Além da minha persistência, conta a vontade dos evangélicos em querer ter um representante. Sou o primeiro evangélico de Mato Grosso eleito titular. E acredito que deveria ter tido mais votos, mas, infelizmente, as pessoas ainda não estão inteiradas do assunto e do valor que a política tem para a sociedade.
Bruno Cidade/MidiaNews
|
 |
"Nunca ninguém me viu entrar em uma porta de motel, nunca coloquei bebida alcóolica em minha boca, nunca fumei. Minha vida é limpa, é um livro aberto"
|
MidiaNews - Até que ponto acha que pode se misturar política com religião?
Victório Galli - Eu acho que não se pode misturar, porque vira politicagem. Mas acho que o religioso precisa ter o seu representante no Congresso, porque lá é formado de representantes, como sindicatos, professores, metalúrgicos. E os evangélicos também se organizaram para isso.
MidiaNews - O deputado Jair Bolsonaro atua em conjunto com a bancada evangélica?
Victório Galli - Ele não faz parte da nossa frente parlamentar, mas estamos juntos, os valores são os mesmos. Ele é um deputado atuante, que defende os seus princípios, a família.
MidiaNews - Mas esse tipo de discussão sempre gera muita projeção para quem tem coragem de abordar assuntos considerados polêmicos.
Victório Galli - Não somente coragem, mas vida e prática. Eu duvido alguém que fala o que eu falo e provar na prática.
Bruno Cidade/MidiaNews
|
 |
"Não direcionamos o voto de ninguém. Não falamos em política nos cultos, apenas em reuniões separadas com os fiéis"
|
Nunca ninguém me viu entrar em uma porta de motel, nunca coloquei bebida alcóolica em minha boca, nunca fumei. Minha vida é limpa, é um livro aberto.
MidiaNews - A bancada evangélica teve uma importante vitória com o deputado Eduardo Cunha na presidência da Câmara. Como vê esse crescimento da bancada nos últimos anos?
Victório Galli - É muito salutar, mas acredito que deveria ser maior, porque somos 30% dos eleitores do país. O correto seria ter no mínimo 150 deputados nessa bancada, mas estamos na metade. Acredito que o crescimento se deva a conscientização. Cada dia mais, a população está consciente de que deve votar em pessoas que irão defender os seus interesses. Vai votar em cachaceiro? Adúltero? Mulherengo? Não, vamos votar em pessoas que tenham o nosso perfil.
MidiaNews - O senhor é pastor. Quando fala com os fiéis da sua igreja, aborda o tema política? Pede que eles votem em alguém ligado a igreja?
Victório Galli - O que nós orientamos é que eles votem em pessoas que tenham o seu perfil, que o representa. Mas não direcionamos o voto de ninguém. Não falamos em política nos cultos, apenas em reuniões separadas com os fiéis.