O assassinato do juiz Leopoldino Marques de Amaral, em setembro de 1999, entrou no rol dos crimes sem solução no Brasil. Assim como as mortes de PC Farias, Celso Daniel e Marielly Franco, a de Leopoldino permanecerá cercada de mistério, deixando margem para diversas teorias.
Nesta semana o empresário Josino Guimarães, que foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ser o mandante do assassinato, foi absolvido pelo Tribunal do Júri.
À época, a denúncia da morte foi feita pelo então procurador da Repuplica Pedro Taques. No julgamento desta semana o procurador da República Fabrício Carrer sustentou que a ex-escrevente do Fórum Beatriz Árias – condenada a 12 anos por ser a coautora do crime – teria comparsas.
“O preço da cabeça de um magistrado custa caro e só poderia ser pago por alguém com poderio, e Josino tinha plenas condições econômicas para pagar pela morte”, afirmou durante o julgamento.
Leopoldino foi morto em setembro de 1999 após denunciar uma serie de ilegalidades no Tribunal de Justiça do Estado, como venda de sentença e nepotismo.
Ocorre que o MPF à época não abriu investigação contra nenhum desembargador.
Se não foi Josino, quem teria mandado matar o magistrado? A pergunta seguirá em aberto porque, ainda que o MPF tentasse reabrir o inquérito e aparecessem fatos novos, o processo estaria prescrito, pois o crime foi cometido há mais de 20 anos.
Para o advogado João Cunha, que fez a defesa de Josino no Tribunal do Júri, o processo mostra a importância da autoridade ministerial tomar rumos certos durante a investigação.
"Em relação a esses fatos, se fossem procurar um mandante hoje, um processo estaria prescrito dado que se passaram mais de 20 anos de um crime horrendo. [...] A autoridade com poder de processar tem que ir na trilha certa”, afirmou o advogado.
Não cabe recurso contra a sentença em favor de Josino.
A morte
Em 1999, Leopoldino, então titular da Vara de Família de Cuiabá, foi investigado pela Corregedoria do Tribunal de Justiça por suspeita de desvio de recursos de depósitos judiciais e falsificação de alvarás.
Após publicidade dessas acusações, Leopoldino escreveu uma carta-denúncia e acusou desembargadores de venda de sentenças, nepotismo e outros esquemas, e afirmou que Josino fazia a intermediação entre magistrados e partes.
Tempos depois da denúncia, o magistrado saiu em viagem com destino a Concepción, no Paraguai. Em sua companhia estavam a ex-escrevente do Fórum de Cuiabá, Beatriz Árias, e o tio dela Marcos Peralta, que dirigia o carro.
Dois dias depois, um corpo com perfurações na cabeça foi encontrado parcialmente carbonizado em uma estrada vicinal da cidade paraguaia, e os documentos de Leopoldino ao lado do cadáver. Exames de arcada dentária feitos no país vizinho e no Brasil comprovaram que o corpo era mesmo do magistrado.
Beatriz foi presa e apontada como coautora do homicídio. Durante as investigações, ela chegou a dizer que foi o tio quem fez os disparos contra Leopoldino.
Ela foi condenada a 12 anos de prisão, em 2001, pelo Tribunal do Júri da Justiça Federal. Depois de cumprir dois terços da pena, conseguiu o livramento condicional e deixou o Presídio Feminino Ana Maria do Couto.
Seu tio, apontado como o executor do crime, chegou a ser preso no Paraguai mas nunca foi julgado. Ele morreu em 2005 por complicações da diabetes.
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2 Comentário(s).
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Albanir berigo 28.02.22 10h21 | ||||
Absurdo; não existe crime perfeito; existe crine mau investigado ou falta de interesse da justiça | ||||
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Cleber 27.02.22 15h48 | ||||
Porque o Brasil está do jeito que está? Todos sabemos porque né. | ||||
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