O empresário Antônio Rodrigues de Carvalho, dono da empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários, reafirmou sua confissão feita na investigação derivada da 4ª fase da Operação Sodoma.
Ele foi interrogado na tarde desta quinta-feira (20). A audiência é conduzida pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
A 4ª fase da operação, deflagrada em setembro do ano passado, apura suposto esquema envolvendo uma desapropriação do Estado em uma área do Bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, no valor de R$ 31,7 milhões, que pertenceria à empresa do delator.
Do valor total pago pela área, metade (R$ 15,8 milhões) teria retornado a título de propina para a organização criminosa liderada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB). O peemedebista já confessou os crimes em depoimento feito no início do mês passado à Delegacia Fazendária.
Também será ser interrogado o próprio Silval, ainda nesta tarde.
Confira como foi a audiência:
Silval e réu chegam ao Fórum (atualizado às 13h53)
O ex-governador foi o primeiro réu a comparecer no Fórum, ao lado do advogado Délio Lins. Em seguida, chegou o advogado Levi Machado, também réu do processo.
Juíza proíbe imagens de delator (atualizada às 14h03)
A magistrada proibiu a imprensa de fazer registros fotográficos do empresário Antonio Rodrigues, em razão da prerrogativa que ele possui por ser colaborador das investigações.
Desapropriação (atualizada às 14h30)
Antônio Rodrigues contou à juíza que tinha uma área na região do Osmar Cabral desde 1996.
"Em 1997 esse área foi invadida. Entrei com recuperação de posse e as famílias foram retiradas de lá, depois invadiram de novo e eu entrei de novo com recuperação e consegui decisão favorável. Na terceira vez que invadiram, o Estado na época me procurou para que deixasse essas pessoas lá e que ia entrar com ação de recuperação da posse da área, mas isso não aconteceu. Em 2011, quando estava passando por problemas de saúde, eu solicitei que o Estado fizesse a desopropriação".
O empresário disse que buscou a ajuda do procurador aposentado Chico Lima, pois acreditar ser seu "amigo, para ajudá-lo nessa questão.
"Em 2013, ele [Chico Lima] me chamou e disse que o Estado faria o pagamento da desapropriação da área. Em 2014, o Chico Lima me disse que teria que ir na Secretaria de Fazenda para ver como ia ser pago".
Exigência de propina (atualizada às 14h36)
De acordo com o empresário, o então secretário de Fazenda, Marcel de Cursi, disse que pagaria a desapropriação em 12 parcelas, no valor de R$ 31 milhões. Porém, na ocasião, Cursi teria exigido propina como retorno.
"Só que ele [Cursi] disse que eu ia receber metade disso e que a outra metade ficaria lá".
Antônio Carvalho relatou que então ligou para Chico Lima, sendo que o procurador confirmou que ele deveria cumprir a exigência para ser pago.
"O Chico Lima me disse que no Estado era assim, que a metade do dinheiro ficava com eles. Fiquei chateado, claro. Mas como eu estava sem trabalho e com problema de saúde [trombose] aceitei essa proposta".
"Sai de lá chateado sim. Até porque quando eu fiz a avaliação da área, deu um valor de R$ 43 milhões e o Estado avaliou em R$ 31 milhões. E daí receber só 50% era complicado. Tanto que sai de lá sem fechar o acordo, mas quando liguei para o Chico Lima e ele disse que no Estado era assim, e eu estava precisando do dinheiro, tive que aceitar".
Citação de advogado (atualizada às 14h41)
Para concretizar a negociação, o empresário disse que o grupo criminoso pediu para ele abrir uma conta no nome da Santorini.
"Acabou que eu não consegui, então os valores foram repassados para minha filhas pelo meu advogado Levi Machado, tirando seus honorários. Nesse tempo me apresentaram um contrato fictício e eu assinei. O contrato simulava uma dívida com a empresa de Filinto Müller".
Filinto Muller também é delator da ação e teve sua factoring usada para dar ares de legalidade ao "retorno" do valor da propina à organização criminosa.
"Só depois fiquei sabendo que foi dessa forma que eles garantiram o retorno do valor da desapropriação", disse Carvalho.
Execução do esquema (atualizado às 14h48)
Antônio Rodrigues relatou que ainda teve que assinar novamente o contrato no escritório de Levi Machado.
"Não sei porque tive que assinar novamente. Eu considerava o Chico Lima como meu amigo. Ele nunca disse que me cobraria alguma coisa, só disse que o Estado era assim".
O delator afirmou não saber como a organização criminosa dividiu os valores entre si. Contudo, ele afirmou que todas as parcelas da desapropriação foram pagas na conta de Levi Machado.
"Quando o Estado passava o dinheiro, ele [Machado] pegava 25% do honorarios, repassava para mim e o restante para o Filinto Muller Sete parcelas foram para a conta da minha filha. No final, como consegui pagar a dívida com o banco que tinha bloqueado minha conta, ele passou para mim", disse ele, justificando que as parcelas que lhe cabiam não foram repassadas para sua conta em razão de ter dívidas com uma instituição bancária.
"O primeiro contrato eu assinei no escritório do Filinto e o segundo no escritório do Levi Machado. Lá, ele [Levi] disse que o primeiro contrato não valia mais e que já tinha rasgado, mas que não mudava nada do primeiro para o segundo".
O depoimento foi encerrado.
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