Cuiabá, Quinta-Feira, 11 de Dezembro de 2025
SEDUC
12.12.2016 | 14h08 Tamanho do texto A- A+

Delator: rádio de Nilson Leitão recebeu depósito de R$ 20 mil

Giovani Guizardi presta depoimento no Fórum; ele firmou acordo de delação premiada com o MPE

MidiaNews

O empresário Giovani Guizardi, que presta depoimento no Fórum

O empresário Giovani Guizardi, que presta depoimento no Fórum

LUCAS RODRIGUES E THAÍZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO

O empresário Giovani Guizardi, dono da Dínamo Construtora Ltda e delator da Operação Rêmora, prestou depoimento, na tarde desta segunda-feira (12), no Fórum de Cuiabá.

 

O depoimento é relativo às investigações sobre o esquema de propina e fraudes em licitações da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). A audiência é conduzida pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.

 

Em sua delação, Guizardi confessou ter integrado o esquema e deu detalhes das tratativas, apontando o empresário Alan Malouf, o ex-secretário Permínio Pinto (atualmente preso) e o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB) como os principais beneficiários das propinas. Guizardi estava preso desde maio deste ano, mas foi solto após decidir fazer a delação.

 

À juíza, ele confirmou os fatos e disse que foi ele próprio quem montou o esquema e definiu os percentuais destinados ao membro do grupo. Segundo o empresário, o esquema visava recuperar os R$ 300 mil investidos por ele e os R$ 10 milhões investidos pelo empresário Alan Malouf na campanha do governador Pedro Taques (PSDB).

 

"Alan ficava com 25%, o Guilherme Maluf com 25%, Perminio com 25%, eu com 10%, Fabio Frigeri e Wander com 5%".

 

Ele também afirmou que Permínio Pinto era o líder do esquema e "mandava e desmandava" na secretaria. Em seu depoimento, Guizardi ainda citou que um dos depósitos do esquema beneficiou o deputado federal Nilson Leitão (PSDB).

 

Confira como foi a audiência:

 

Convidado por Alan Malouf (Atualizado às 14h28)

 

Giovani Guizardi disse que, em 2014, foi convidado pelo empresário Alan Malouf para participar financeiramente da campanha do governador Pedro Taques.

 

"Nessa data, em conversa com o Alan, fiquei sabendo que ele já tinha investido R$ 10 milhões para o Pedro Taques e eu entrei com R$ 300 mil. O Pedro Taques foi eleito. Em 2015, fui convidado pelo Alan para uma reunião e a intenção era recuperar esse dinheiro investido. Então ficou decidido que seria atraves de licitações de obras na Seduc".

 

"Foi marcada uma reunião com Alan Malouf e Perminio [Pinto] e, nessa reunião, eu fui apresentado para ele para saber qual seria a possibilidade para poder trabalhar nessas licitações. Isso foi no início de 2015.    

 

Em 2015, fui convidado pelo Alan para uma reunião e a intenção era recuperar esse dinheiro investido. Então ficou decidido que seria atraves de licitações de obras na Seduc

Funcionamento do esquema (Atualizado às 14h34)

 

Em março de 2015, segundo Guizardi, Alan e ele definiram como funcionaria o esquema.

 

"O Alan entrou em contato com o Guilherme Maluf, que entrou em contato com o Wander [Luiz, então servidor]. Eu fui atrás do Wander, disse que precisávamos fazer alguma coisa para ter o retorno desse dinheiro. Ele disse que tinha pessoas que já estavam ganhando ali dentro. Disse que o Permínio estava conversando com Ricardo Sguarezi e Leonardo Guimarães. Perguntei conversando em qual sentido, e ele disse que não sabia".

 

"Depois o Wander me disse que os dois (Sguarezi e Guimarães) já operavam o esquema de 5% de propina. Após, eu voltei para o Alan e disse que o pessoal já estava operando dentro da Seduc. Falei para ele que conhecia as construtoras, que isso acontece em todo o governo, infelizmente, e ele me deu 'ok' para começar a atuar

 

Guizardi disse que foi ele o responsável por elaborar quanto cada integrante do esquema ganharia.

                       
"Fui eu que montei o esquema, inclusive com os percentuais de cada colaborador e apresentei a ele [Alan]. Alan ficava com 25%, o Guilherme Maluf com 25%, Perminio com 25%, eu com 10%, Fabio Frigeri e Wander com 5%".   

 

Funções de cada um (Atualizado às 14h42)

 

O dono da Dínamo disse que os empresários que compunham o cartel pagavam 5% de propina para ganhar a licitação da obra. Caso não pagassem, o pagamento das medições não era feito.   

  

Eu recebi por oito meses cerca de 96 pagamentos, no total de R$ 1,2 milhão

"Cada um dentro do grupo tinha uma função. A minha função era arrecadar o dinheiro, do empresário Luiz Fernando [Rondon] era cobrar quem estava com o propina atrasada, do [Ricardo] Sguarezi a atribuição de obras, do Edézio [Ferreira] era na formação de planilhas de custo e a do Wander era em ajudar ou dificultar que o processo andasse dentro da secretaria. Fabio [Frigeri] tinha a mesma atribuição do Wander e também agilizava ou segurava processo dentro da secretaria".

 

"Eu recebi por oito meses cerca de 96 pagamentos, no total de R$ 1,2 milhão".

 

A juíza Selma Arruda perguntou porque ele decidiu doar dinheiro para a campanha.                      

 

"Para conseguir trabalhar dentro da Seduc, porque as coisas funcionam desse modo mesmo".

 

Selma perguntou sobre o porquê da participação do deputado Guilherme Maluf.                      

 

"Porque ele era o braço politico da Seduc, era quem colocava e tirava a pessoa lá de dentro".

 

Todavia, ele negou a existência de superfaturamento nas obras.                      

 

"Esses valores eram tirados dos lucros do empresário".         

Ele [Permínio] era o líder, era o secretário, era quem mandava e desmandava. Já o Fabio Frigeri atendia as determinações de Permínio

 

Indicações (Atualizado às 14h54)

 

O promotor de Justiça Marco Aurélio Castro perguntou a Guizardi qual era a função do então secretário Permínio Pinto na organização criminosa.

 

"Ele [Permínio] era o líder, era o secretário, era quem mandava e desmandava. Já o Fabio Frigeri atendia as determinações de Permínio".

 

Guizardi também revelou quem indicou quem para a pasta. Segundo ele, o deputado federal Nilson Leitão indicou Permínio Pinto e Fábio Frigeri. Já Guilherme Maluf teria indicado o servidor Wander Luiz dos Reis.

 

Propina em outro contrato (Atualizado às 15h02)

 

Marco Aurélio disse que Guizardi citou, na delação, que o empresário Ricardo Sguarezi também pagava - além dos 5% das licitações - mais 15% de outro contrato.

 

"A empresa dele [Sguarezi] tem dentro do Estado um aluguel de sala e móveis, e ele quando recebe, 15% desse valor era repassado para o Permínio. Eu recebi o valor dele uma única vez, porque eu coloquei no bolo para dividir para todo mundo".   

 

O promotor questionou Guizardi quais foram os critérios utilizados para definir os percentuais que cada um receberia.                    

 

"Quis igualar as forças maiores: o dono da pasta, Perminio, a força politica dentro da pasta, o [Guilherme] Maluf, e a pessoa que investiu o dinheiro, o Alan, além dos demais".

 

Depois eu vi que quem foi beneficiada foi uma rádio de Sinop, do Nilson Leitão

Codinomes (Atualizado às 15h13)

 

O promotor também perguntou como Guizardi fazia para conversar com os então servidores Wander Luiz e Fábio Frigeri.

 

"Eu trocava os celulares deles quinzenalmente. Reunia com eles na minha empresa, combinava o que tinha que ser combinado, pegava os celulares e dava outros.Os codinomes eram cores, países e cidades".   

 

Marco Aurélio indagou como Guizardi sabia quanto os empresários tinhama receber da Seduc.                    

 

"O Fábio ou o Wander me passavam uma planilha e eu também consultava no Fiplan".

 

Depósito a Leitão (Atualizado às 15h20)

 

Giovani Guizardi relatou que um dos beneficiados pelo esquema de propinas foi o deputado federal Nilson Leitão (PSDB).

 

"O Permínio uma vez me deu, em um papelzinho, o numero de uma conta para fazer o depósito de R$ 20 mil. Quem fez o depósito foi o meu funcionário, Edezio. Depois eu vi que quem foi beneficiada foi uma rádio de Sinop, do Nilson Leitão".

                     

"Entreguei propina para o Permínio umas duas vezes na garagem do prédio dele. Outras vezes eu subi no aparatamento dele. Em uma dessas ocasiões, inclusive estava a esposa, e outra vez o Fábio e o Wander".

 

Propina a deputado (Atualizado às 15h28)

 

O empresário disse que nunca entregou propina diretamente a Guilherme Maluf, mas já o viu pegando uma caixa com o dinheiro.

 

"Em uma ocasião, somente uma, eu fui no Buffet Leila Malouf entregar o dinheiro para o Alan. Ele pediu para ir no banheiro e que deixasse a parte dele de 25% em um local e a outra parte de 25% em outro local, dentro de uma caixa. Assim que eu saí do banheiro o Guilherme Maluf chegou lá. O Alan pediu um minuto para falar com ele e eu fiquei sentado mexendo no celular. Depois que eles terminaram de conversar, o Guilherme foi até o banheiro e saiu com a caixa de dinheiro que eu tinha deixado lá. Essa foi a unica vez que vi o Maluf pegando dinheiro".

 

"Escola Legal" (Atualizado às 15h36)

 

O promotor Marco Aurélio pergunta sobre o projeto "Escola Legal", orçado em R$ 33 milhões.

 

"Quem fez esse projeto fui eu, não havia nada de errado nele, eu fiz com a intenção de ganhar a obra. O projeto visava atender as escolas na Grande Cuiabá para manutenção em geral. Por exemplo, se caísse um telhado, a gente ia lá arrumar. O Perminio deu ok no projeto, daí eu fiz tudo: a planilha, a licitação e enviei para a Seduc. Mas assim que fui publicado ele foi cancelado. Eu fiquei muito irritado, cobrei ele [Permínio], porque se tinha algo que não tinha nada de errado era esse daí".

 

Esposa de servidor pediu ajuda (Atualizado às 15h46)

 

Guizardi afirmou que como os servidores Fábio Frigeri e Wander Luiz foram exonerados após a prisão, não receberam mais pagamentos da Seduc.

 

"Uns 45 dias depois a mulher do Fábio esteve no CCC reclamando da condição financeira e o Fábio veio falar comigo. Eu disse para ele falar para a esposa procurar o Permínio para resolver isso. Mas ela não encontrava ele [Perminio], acho que ele estava escondido lá por Chapada. Outra vez ela [mulher de Fábio] apareceu lá no CCC reclamando que não tinha nem comida para levar para o Fábio. Mas depois acho que conseguiram resolver, alguém foi contratado na Assembleia, algo assim".

 

Relação de Alan com Taques (Atualizado às 16h49)

 

A defesa de Permínio Pinto perguntou qual era a função de Alan Malouf na campanha de Taques e qual era a relação do dono do buffet com o governador.

 

"Ele estava ligado à parte financeira da campanha. São amigos, o governador frequenta a casa do Alan".

 

O advogado Artur Osti questionou se existia alguém acima de Permínio na organização criminosa.

 

"Permínio deve se reportar a alguém, mas a quem é, eu não sei", respondeu Guizardi.

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
2 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Luiz  12.12.16 20h43
Olha aí o deputado elogiado pelo Moro...rs
18
0
luiz augusto de Souza   12.12.16 18h54
luiz augusto de Souza , seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas