O ex-deputado estadual José Riva admitiu, em depoimento à Justiça nesta quinta-feira (22), ter ficado com R$ 806 mil supostamente desviados da Assembleia Legislativa no esquema investigado pela Operação Ventríloquo.
O suposto esquema teria desviado R$ 9,6 milhões da Assembleia por meio de pagamento simulado ao banco HSBC, em função de dívida com o antigo Seguro Saúde Bamerindus.
O depoimento foi tomado pela juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
Riva voltou a citar nomes de políticos para quem parte do dinheiro teria sido enviada, entre eles a ex-deputada Luciane Bezerra (PSB) e os atuais Guilherme Maluf (PSDB), Romoaldo Júnior (PMDB) e Mauro Savi (PR). O valor destinado para cada um, segundo ele, foi de R$ 50 mil.
De acordo com o o ex-parlamentar, para se descobrir a destinação do restante do dinheiro, será necessário fazer a microfilmagem de 21 de cheques.
Riva começou afirmando que o secretário legislativo Odenil Rodrigues de Almeida mentiu em seu depoimento, e que ele recebia muito mais valores, e que não eram repassados ao ex-procurador jurídico da Assembleia, Anderson Godoi.
Em depoimento, Odenil havia dito que depositara R$ 50 mil na conta de Godoi.
Ele contou à juíza Selma Arruda que o ex-secretário recebeu R$ 50 mil e repassou ao deputado Guilherme Maluf.
"O Odenil nunca entrou na Secretaria para trabalhar. Sempre trabalhou dentro do gabinete do deputado Guilherme Maluf", declarou.
"A Assembleia é uma bagunça na questão dos servidores. A Mesa dá cargos para deputados, ele nomeia pessoas, mas elas não estão trabalhando nos locais em que são lotados", disse.
Riva também afirmou que o advogado Joaquim Fábio Mielli Camargo mentiu em sua delação premiada, quando disse que não conhecia o ex-parlamentar.
Ele anexou ao processo um documento que seria o comprovante de pagamento de honorários ao advogado, o que, em tese, comprovaria que os dois se conheciam antes da negociação da dívida da Assembleia com o HSBC.
Riva afirmou que, em determinado ano – que ele não soube precisar – o procurou para resolver a questão da dívida da Assembleia com o HSBC. Ele afirmou que que combinou o pagamento de honorários para que cobrança fosse extinta.
"Ele [Mielli] foi à Assembleia e disse que estava com o processo do HSBC contra a Assembleia. Combinamos que nós iríamos pagar os honorários e o processo seria encerrado. O pagamento foi em torno de R$ 105 mil. Foi pago por fora", declarou Riva.
A defesa do ex-parlamentar, representada pelo advogado George Andrade Alves, entregou à magistrada o suposto recibo do pagamento.
Veja o documento mencionado pelo ex-deputado:
Ex-procurador nega (Atualizada às 17h40)
O ex-procurador jurídico da Assembleia Legislativa, Anderson Godoi, começou a depor.
Godoi voltou a negar que tenha recebido R$ 50 mil, como foi denunciado pelo secretário legislativo Odenil de Almeida, e afirmou que o único interesse dele é esconder o principal beneficiário, o presidente da Assembleia, Guilherme Maluf (PSDB).
"A única motivação para isso é esconder o verdadeiro destinatário do dinheiro. Ele recebeu o dinheiro e, para poder se livrar, inventou essa história. Não iria me 'sujar' por R$ 50 mil. Minha vida é simples", declarou.
O ex-procurador afirmou ainda não conhecia o secretário.
"Não conhecia essa pessoa até hoje. Nunca tive contato com Odenil. Me surpreendeu a denúncia dele. Nunca recebi dinheiro da Assembleia que não fosse pelo meu trabalho. Tudo isso vai contra os princípios com os quais fui criado", disse.
"Para mim, tudo isso é para tentar livrar uma pessoa que tem grande influência política. Ele é a pessoa de confiança do Maluf e foi colocado no cargo para atender as vontades dele", completou.
Godoi ainda ressaltou ser pouco provável que Odenil Almeida tenha feito o saque no caixa-eletrônico da Casa de Leis.
"Muito pouco provável que o caixa tenha o montante de R$ 50 mil", finalizou.
Novo interrogatório (atualizada às 17h50)
O ex-secretário geral da Assembleia, Luiz Márcio Pommot, foi reinterrogado após o depoimento de Anderson Godoi e também tentou desmentir as declarações de Odenil.
À juíza Selma Arruda, Pommot rebateu as acusações do secretário Odenil Rodrigues de Almeida, de que teria solicitado dados bancários para o deposito de R$ 50 mil, que teriam sido repassados ao ex-procurador jurídico do Poder, Anderson Godoi.
“Ele está mentindo. Odenil nunca foi meu funcionário. Secretário geral não tem vínculo com assessores parlamentares. Ele mesmo falou que era assessor parlamentar. Não tinha vínculo algum com ele” declarou.
Quanto aos motivos que levaram Odenil Almeida a denunciar o pedido feito pelo ex-secretário-geral do Parlamento, Pommot afirma que tal atitude foi tomada por medo de perder o seu atual cargo na Casa.
“É mais fácil jogar a pedra em quem está caindo. Em certo ponto, ele disse que tinha medo de perder o emprego. Acho que ele tem medo hoje, não naquela época. Ele é secretário, ganha bem, mas não faz nada”, declarou.
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1 Comentário(s).
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pedro correa 24.06.16 07h06 |
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