A Polícia Civil afirmou que os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf e Arnaldo Alves Neto se aliaram com o empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, para “lavar” parte do dinheiro desviado no suposto esquema investigado na 4ª fase da Operação Sodoma.
A informação está contida na decisão da Juíza Selma Arruda, que determinou a prisão de vários integrantes da organização criminosa, incluindo Arnaldo Alves.
Conforme o documento, o esquema ocorreu por meio do pagamento de uma desapropriação em uma área do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, no valor de R$ 31,7 milhões, à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários.
Além da irregularidade e do superfaturamento no valor, 50% do montante pago à empresa (R$ 15,8 milhões) teria “retornado” à organização criminosa, supostamente liderada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
O alegado esquema foi descoberto, segundo a Polícia, através das delações firmadas pelo dono da Santorini, Antônio Rodrigues; pelo ex-presidente do Intermat, Afonso Dalberto; pelo empresário e delator da 1ª fase, Filinto Muller; e também pela confissão do próprio Nadaf.
Na confissão, conforme a Polícia, Pedro Nadaf não só admitiu o crime, mas” apontou comparsas, detalhando, inclusive, a forma como o capital foi ‘lavado’”.
“Pedro Nadaf e Arnaldo ajustaram ocultar o valor recebido com Alan Malouf. Alan Malouf receberia os valores como receita na empresa de sua propriedade, aplicaria e remuneraria os comparsas em 1% ao mês”, diz trecho.
Cheques
Além das confissões, os cheques utilizados para movimentar a propina também embasaram as investigações.
A Polícia afirmou que Arnaldo Alves recebeu pelo menos R$ 607,5 mil no esquema, ocultando tais valores por meio de Alan Malouf.
Marcus Mesquita/MidiaNews
O empresário Alan Malouf, que segundo as investigações teve participação em esquema
“O relatório técnico que acompanha a representação enumera os cheques que lhe foram destinados. A prova indiciária robusta indica que tais cheques foram
entregues por Arnaldo a Alan Malouf”.
“Ainda, segundo descortina a investigação, foi este personagem [Arnaldo] o encarregado de introduzir o empresário Alan Malouf nas ações de lavagem de dinheiro da organização criminosa”.
A decisão, todavia, não informa quando dinheiro Pedro Nadaf teria “lavado” com a ajuda do empresário.
Sem prisão
Apesar de a Polícia e o Ministério Público Estadual (MPE) terem se manifestado pela prisão de Alan Malouf, assim como do empresário Valdir Piran Júnior, a juíza Selma Arruda entendeu que tal medida não era necessária.
Para a magistrada, ambos não eram membros da quadrilha, mas apenas “interagiram com ela neste episódio e até quiçá em outro, mas sem vínculo suficiente para permitir a conclusão de que compunham ou integraram a organização”.
“Ainda que haja indícios de que tais pessoas (Alan Malouf e Valdir Piran Júnior) tivessem conhecimento da origem ilícita dos recursos, esse fato, por si só, não aponta para a necessidade da custódia cautelar. São fatores que emprestam força aos indícios de autoria, tão somente”, disse.
Apesar de não decretar a prisão, ela autorizou a condução coercitiva de ambos e determinou várias cautelares: comparecimento mensal em Juízo, todo dia 30, para informar endereço e justificar suas atividades; proibição de ausentarem-se da comarca; proibição de manter contato com os demais acusados,
colaboradores ou testemunhas; proibição de frequentar os órgãos públicos estaduais em Mato Grosso e imediata entrega dos passaportes em Juízo.
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