Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
DISPUTA JUDICIAL
28.06.2012 | 08h51 Tamanho do texto A- A+

Mãe e filha deficiente vão à Justiça por posse de imóvel

Benedita Cecília vive há 35 anos no terreno com a filha e aguarda decisão do Tribunal de Justiça

Midiajur

Tribunal de Justiça deve decidir futuro de Benedita e da filha Sirlene

Tribunal de Justiça deve decidir futuro de Benedita e da filha Sirlene

LAÍCE SOUZA
DO MIDIAJUR
Benedita Cecília de Almeida, 56 anos, reside em um terreno no bairro Quilombo, em Cuiabá, há 35 anos, com uma filha deficiente.

O imóvel é alvo de uma disputa judicial travada por Benedita e Tânia Maria Trevisan e que deve ser decidida nos próximos dias pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

De acordo com as alegações do defensor público Rogério Borges Freitas, Benedita Almeida vive no local desde a década de 70, de forma mansa, pacífica, ininterrupta e sem qualquer oposição.

“Ela está amparada pelo instituto de usucapião e só perdeu a causa em primeira instância, no primeiro processo movido contra ela, porque não se pronunciou no processo”, disse o defensor.

Segundo consta nos autos da ação reivindicatória movida contra ela, em 1998, por Tânia Trevisan, que afirma ser a proprietária do imóvel, Benedita foi julgada à revelia.

Dona Benedita perdeu a ação porque não contestou os fatos, apesar de ter sido citada.

De acordo com laudo da psicóloga Carmem Luiza Rinaudo, que consta no processo, "ela apresenta aspecto regressivo à nivel emocional e afetivo, faltando-lhe a adequação de suas defesas, com resistência ao que lhe é desconhecido e desprazeroso".

Ainda segundo o laudo, "observa-se dificuldade de enfrentar a vida, tendo atitudes flutuantes, isto é, sendo descuidada e distante. Devido a falta de compreensão e aprendizagem, esta desenvolve sentimento de vazio, renúncia e punições".

O fato, de acordo com a defesa, teria prejudicado o discernimento sobre a necessidade de se fazer representar em juízo.

“Querem tomar a minha casa onde vivo com a minha filha de 30 anos. Eu não quero sair daqui. Quando cheguei aqui, na década de 70, era só um cerradão, não tinha nada. Depois de 20 anos, é que vieram me perturbar para que eu saísse daqui”, desabafou.

A filha dela, Sineide Joséfa de Almeida, é deficiente física. Ela não enxerga, é paraplégica e tem dificuldades para se expressar.

No mesmo terreno, também reside o outro filho dela, com esposa e filhos.

“Já tentaram me bater para me tirar daqui. Deus é mais do que tudo e não tenho medo de enfrentar ninguém. Só peço que a Justiça seja feita”, disse a mulher.

Processo

Apesar de o processo ter transitado em julgado, o defensor tenta reverter à situação no Tribunal de Justiça.

Primeiro, ele propôs uma ação de usucapião, que foi julgada sem resolução do mérito em decorrência do processo existente sobre o mesmo bem, que já havia transitado em julgado.

Contra essa decisão, Rogério Borges impetrou com uma apelação no Tribunal de Justiça, requerendo que seja reformada a sentença e declarando-se a prescrição aquisitiva em favor de dona Benedita.

A defesa é embasada no fato de que, quando da propositura da ação reivindicatória em 1998, já havia prescrito o direito da proprietária Tânia Trevisan de requerer o imóvel.

“Não há como acoimar por aceitável a sentença singular de extinção do processo, porquanto, o direito adquirido já se houvera materializado no campo de disponibilidade da apelante”, afirma o defensor, acrescentando ainda que, nesse caso em questão, existe a necessidade de o Poder Judiciário “manejar a justiça social” e dispensar o princípio da instrumentalidade das formas.

Outro lado

A advogada Luci Helena Souza Silva Monteiro, que defende Tânia Trevisan, informou que já apresentou contrarrazões ao recurso e que, agora, aguarda o julgamento do Tribunal.

Ainda conforme a advogada, ela manteve a mesma tese defendida no processo em primeira instância, em que foi julgado sem resolução de mérito, em decorrência do trânsito em julgado de uma ação que questionou o direito de propriedade do imóvel.

Na primeira ação, Tânia Trevisan teve reconhecido o direito de propriedade sobre o imóvel.

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COMENTÁRIOS
6 Comentário(s).

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joão crisostomo (joão jango)  29.06.12 08h02
caros amigos leitores, eu fui o fundador e primeiro presidente de moradores deste grande e querido bairro chamado de Quilombo, nome este criado com o projeto cura quilombo na decada de 1975 na adiministração do então prefeito Rodrigues Palma. Desde então passei a conhecer esta senhora, dona Cecilia com sua filha já morando neste local. Nos que a conhecemos, sabemos que a mesma possuí certa dificuldade de expressar mentalmente, e que ainda por cima tem a filha deficiente comprovadamente. Esperamos que ao final deste processo a justiça seja feita.
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lucio almeida  28.06.12 15h58
EU CRESCI VENDO O SOFRIMENTO, A BATALHA QUE ESTA SENHORA ENFRENTOU E AINDA ENFRENTA PARA CUIDAR DESTA FILHA SOZINHA. E ISSO JA FAZ 27 ANOS QUE EU PRESENCIO ISTO.
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Jean  28.06.12 12h30
Que Deus possa dar a sabedoria de Salomão para resolver isso. Creio que Deus não desampara os seus. Mas devemos fazer nossa parte os vizinhos q mora proximo e conhece ela a mto tempo manifesta como testemunha sai na rua chama a imprensa ajude o amanha nao nos pertence qm sabe podemos passar pelo mesmo.
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Soares  28.06.12 11h24
Esta senhora realmente vive neste local há muito tempo e todos os os moradores do bairro Quilombo podem confirmar.
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Humberto Neto  28.06.12 09h31
Que a verdadeira justiça seja feita, a divina.
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