A mansão do empresário José Osmar Borges, localizada em Chapada dos Guimarães (67 km ao Norte de Cuiabá) e que atualmente pertece ao seu espólio, vai a leilão no próximo dia 22. A determinação é do Juízo da 2ª Vara da comarca do município. O imóvel está avaliado em R$ 1,8 milhão.
Borges ficou nacionalmente conhecido como um dos maiores fraudadores da extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
O valor das fraudes é da ordem de R$ 133 milhões, segundo a Justiça. Ele também foi acusado de ser sócio do senador Jader Barbalho, na época deputado federal.
O empresário foi encontrado morto em dezembro de 2007, na suíte da mansão que vai a leilão.
Em 2008, o Ministério Público pediu o arquivamento do caso, sob a alegação de ausência de requisitos para a instauração de ação penal.
A investigação concluiu que ele cometeu suicídio. Ele teria ingerido sustância química conhecida como “chumbinho”.
Dívidas
O imóvel será utilizado para quitar dívidas contraídas pelo empresário junto à Supracred Fomento Comercial, União e Justiça do Trabalho. O leilão acontecerá no Fórum de Chapada dos Guimarães, a partir das 14 horas.
O empresário tinha dívidas com a Supraced no valor de R$ 2 milhões. Já na Justiça do Trabalho, a quantia ultrapassa R$ 750 mil, somando todos os processos que já estão na fase de execução.
De acordo com o edital de 1ª e 2ª praças, que consta dos Autos nº 1707-65.2011.0024, do Juízo da Segunda Vara de Chapada, nesse primeiro leilão, o imóvel poderá ser arrematado pelo maior lance acima da avaliação.
“Não havendo licitantes ou ofertas nessas condições na primeira data, na segunda, o bem poderá ser arrematada pelo maior lance, independentemente do valor da avaliação, ressalvada hipótese de preço vil”, diz trecho do edital.
Morte e negócios obscurosPor volta das 11 horas do dia 3 de dezembro de 2007, José Osmar Borges foi encontrado morto na suíte de sua mansão. Na ocasião, a Polícia apontou que os indícios reforçavam a hipótese de suicídio, apesar de ele ser conhecido, na época, como um homem que levava uma vida de ostentação e que se envolvia em negociações obscuras.
O corpo dele foi encontrado intacto no tapete do quarto por um de seus funcionários. Segundo as informações, Borges tinha o hábito de acordar todos os dias por volta de 5h30 e, naquele dia, ele demorou muito para se levantar. “A porta estava trancada e um funcionário invadiu o quarto pela sacada.
Na boca de Borges havia uma grande quantidade de espuma e, ao lado do corpo, um bilhete com os dizeres “A dor foi grande, não deu”. A polícia encontrou “chumbinho”, um veneno para matar ratos, dentro de um copo de bebida que estava na mesa da suíte. A escova de dente ainda estava molhada, ele a teria usado para eliminar o sabor do veneno.
A família teria afirmado que o empresário vinha apresentando sinais de depressão, nos últimos meses antes da morte. “Ele estava com câncer no cérebro. Foi o que disseram os familiares”, relatou o então delegado da cidade, João Bosco de Barros. 15 dias antes, Borges passou por uma cirurgia na cabeça por causa da doença.
A mansão, que tem cerca de 17 mil metros quadrados, naquela época, tinha mais de 10 seguranças e nenhum deles viu ninguém entrar nos limites da área na noite anterior à morte do empresário.
Durante a semana, ele fazia diariamente o trajeto de Chapada dos Guimarães a Cuiabá de helicóptero. O meio de transporte foi adotado para garantir segurança. Depois que o empresário foi vítima de dois seqüestros em julho de 2006, teria começa a sentir sentir medo e construiu um heliponto no quintal.
Além de o empresário ser conhecido pelas fraudes na Sudam, cujo desvio é da ordem de R$ 133 milhões, nos valores de 2001, ao Governo do Estado Borges devia R$ 9,5 milhões em impostos, que sonegou na década de 90 com suas empresas.
Três dos cinco processos por crime contra o sistema financeiro expiraram. O prazo de 12 anos não foi suficiente sequer para ele ser interrogado pelo Judiciário.
Com informações do Diário de Cuiabá