Cuiabá, Quinta-Feira, 19 de Junho de 2025
DECISÃO POLÊMICA
25.09.2013 | 09h23 Tamanho do texto A- A+

MPE recorre contra liberdade de sequestrador de ex-dono do Big Lar

Jair Ruvieri ficou no cativeiro durante 92 dias, em 2002, e foi resgatado pela polícia

Reprodução Internet

O promotor de Justiça Célio Wilson, que recorreu da decisão da Justiça

O promotor de Justiça Célio Wilson, que recorreu da decisão da Justiça

KATIANA PEREIRA
DO OLHAR JURÍDICO
O promotor de Justiça Célio Wilson de Oliveira recorreu da decisão do juiz da Segunda Vara Criminal da Capital, Geraldo Fidelis Neto que, em decisão proferida no dia 19 deste mês, concedeu ao presidiário Reginaldo Miranda o benefício de cumprir pena em regime semiaberto.

Onze anos antes, em outubro de 2002, Reginaldo sequestrou e manteve em cativeiro, por 92 dias, o empresário Jair Ruvieri, que era sócio-proprietário da rede de supermercados Big Lar.

Ao Olhar Jurídico, o promotor demonstrou insatisfação com a decisão de Fidelis.

“Em Mato Grosso não tem regime semiaberto. Então, acaba que o preso fica em prisão domiciliar, fica livre. O Ministério Público Estadual foi contra a concessão da progressão de pena, devido aos crimes que Reginaldo cometeu. Esses crimes, aliás, revelam o seu grau de periculosidade”, afirmou o promotor.

Pelo sequestro de Ruvieri, Reginaldo foi condenado a 19 anos de prisão. Também em Cuiabá, Reginaldo foi condenado a cumprir 14 anos de reclusão, em regime fechado, por ter praticado crimes de roubo qualificado. O preso invadiu uma casa no bairro Boa Esperança, em que uma família fazia uma confraternização, e promoveu um assalto. Foram roubados celulares, joias e dinheiro.

Na ação criminosa pelo menos 50 pessoas foram mantidas como reféns. Ele ainda é apontado como o responsável por explosões dentro da Penitenciária Central do Estado, o antigo presídio Pascoal Ramos, com a finalidade de proporcionar fuga em massa.

Para permanecer em regime semiaberto Reginaldo terá que cumprir algumas recomendações do juízo. O presidiário está proibido de frequentar lugares inapropriados - “casa de prostituição, casa de jogos, bocas de fumo e outros lugares similares”, diz Fidelis na decisão.

Ele ainda deve comparecer diariamente na Casa do Albergado de Cuiabá, ou poderá se recolher em sua residência nos horários anteriormente fixados. Reginaldo terá ainda que efetuar trabalho externo lícito, devendo comprovar a respectiva ocupação; não portar armas brancas - faca, canivete, estilete; nem de fogo - revólver, espingarda.

“Recorremos dessa decisão por entender que o preso não está recuperado para conviver com a sociedade. Ele é sim perigoso. Essa decisão deve ser revogada”, complementou o promotor.

A defesa de Reginaldo, ao impetrar o recurso, apontou que o reeducando "não é pessoa perigosa". O advogado justificou que entrou com pedido de progressão de regime do réu, por ter cumprido um sexto da pena.

Alto grau de periculosidade

Em outubro de 2006, em um despacho autorizando a transferência de Reginaldo Miranda para o Presídio Federal em Catanduva, no Paraná, o juiz da 2ª Vara de Execuções Penais de Cuiabá, Francisco Bráulio, destaca o "grau de periculosidade do reeducando e seu envolvimento em organização criminosa", assim como a ação praticada dentro do presídio com a intenção de promover fuga em massa.

Destaca também que o réu teria cometido outros atos de violência, além de ser indisciplinado e não cumprir as regras estabelecidas no Regimento Interno do Sistema Prisional. O juiz ainda levou em consideração o fato de Reginaldo Miranda ter sido transferido recentemente para o presídio de Sinop, com o objetivo de desarticular sua liderança dentro do Presídio de Pascoal Ramos. Desde o ano de 2006, Reginaldo cumpria pena no presídio Ferrugem, de Sinop.

Sequestro


No dia três de outubro de 2002, Jair Ruvieri chegava à casa da namorada, no bairro Nova Várzea Grande, a menos de dois quilômetros do local usado como esconderijo, quando foi rendido pelos sequestradores.

Três homens usando capuzes e luvas brancas levaram o empresário em um veículo modelo Vectra.

A denúncia do MPE aponta que o grupo, formado por três homens, agiu nos moldes utilizados por sequestradores profissionais. Reginaldo foi quem vigiou o cativeiro de Ruvieri nos primeiros 30 dias do sequestro.

Para amedrontar a família e forçar o pagamento do resgate, o grupo utilizou gravações de vídeo, nas quais Ruvieri aparece abatido, em três ocasiões diferentes, implorando para que a família resolvesse a situação.

As fitas VHF eram deixas sempre em pontos diferentes da cidade e eram apanhadas pela família após ligações do grupo. A ação que terminou com o resgate da vítima pela polícia e sem o pagamento do valor exigido pelos bandidos.

O empresário foi encontrado pelo menos vinte quilos mais magro, abatido e com barbas longas e brancas. Ele estava dentro de uma espécie de jaula, de aproximadamente três metros quadrados, construída em um quarto especificamente para prendê-lo.

Ruvieri foi vítima do segundo mais longo sequestro registrado em Mato Grosso.

O primeiro foi o do garoto Jairo Dias Pereira Filho, de 7 anos, ocorrido em Rondonópolis em 1989, que durou quatro meses e 18 dias. A família teve de pagar um resgate de US$ 250 mil pela liberdade do menino, que foi levado pelos bandidos para Curitiba, capital paranaense.

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PACHECO  25.09.13 14h26
REFORMA DO CÓDIGO PENAL JÁ.
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Paulo Jorge  25.09.13 11h07
Paulo Jorge, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas