queimadura

Duas mulheres estão processando judicialmente o médico Rodrigo Bernardino, responsável pela lipoaspiração que matou, na última quarta-feira (23), em Cuiabá, a estudante Thayane Oliveira Sousa Leal, de 35 anos.
A servidora pública Monnyk Glascielly Castro Franca, de 31 anos, afirmou ao MidiaNews que sofreu queimadura de terceiro grau na panturrilha direita, durante uma cirurgia para colocação de próteses de silicone e lipoaspiração, feita em 2019, em Cuiabá.
O segundo caso envolve a paciente identificada pelas inicias N.P.A., de 27 anos, que após se submeter a uma lipoaspiração, em 29 de junho passado, disse que sofreu uma necrose na região do abdômem.
O procedimento foi realizado no hospital Valore Day, o mesmo em que Thayane realizou a lipoaspiração que levou à sua morte.
N.P.A. está processando o médico Rodrigo Bernardino por danos estéticos, morais e materiais (leia mais detalhes abaixo).
Queimadura
Queimadura sofrida pela paciente Monnyk, em procedimento estético
Já a paciente Monnyk trava uma briga judicial contra o médico, a Santa Casa de Cuiabá, onde a cirurgia foi realizada, e a Sociedade Cuiabana de Anestesiologia, por danos materiais, morais e estéticos.
Ela pede o pagamento de indenização no valor total de R$ 220 mil; pagamento de pensão pelo tempo que ficou sem trabalhar no valor de R$ 308,5 mil; e obrigação de custear o tratamento necessário para minimizar o aspecto da cicatriz.
O médico se posicionou por meio de nota (confira ao final da matéria).
Emocionada, ela disse nesta segunda-feira (28), que contratou o médico para realizar um "sonho", mas saiu com uma sequela que ficará marcada em seu corpo para o resto da vida.
Além da queimadura na panturrilha, a servidora também ficou com uma cicatriz na virilha, decorrente da retirada de pele para colocação no local da queimadura.
“Eu vou viver com essa marca para o resto da vida. Até hoje eu sinto muita vergonha. Antigamente eu usava muita faixa na perna para não ter que dar explicação. Hoje eu uso muito vestido longo e calça. É uma pele morta, é uma pele bem frágil, você não pode fazer nada, não pode tatuar, eu vou morrer com isso”, disse.
“Assim como na virilha também, que tem uma marca enorme, é muito horrível. É muito vergonhoso para mim ter essa cicatriz, ter que levar essa cicatriz para o resto da minha vida”, acrescentou.
Consta no processo que a queimadura foi provocada pelo bisturi elétrico. Monnyk contou que, logo depois de acordar da cirurgia, já começou a sentir fortes dores.
“Eu estava no centro cirúrgico, quando eu acordei e percebi, mesmo ainda estando meio assim, por conta da anestesia. E eu comecei a chorar, a gritar, falei: estou sem perna, aconteceu alguma coisa com a minha perna”, disse.
“Nessa hora, o médico apareceu falando que tinha acontecido um fato na cirurgia, que causou essa queimadura de terceiro grau na minha panturrilha direita, mas não sabia a causa em si”, afirmou.
Monnyk disse que prosseguiu com o acompanhamento médico com Rodrigo Bernardino, mas teve que arcar com todos os custos dos cuidados com a queimadura e o pós-operatório.
Ela afirmou que após melhorar fisicamente e emocionalmente, cerca de seis meses depois, passou a questionar Bernardino sobre o ocorrido, momento em que ele teria negado ter cometido erro nos procedimentos.
“Pra mim não é possível você entrar [em uma cirurgia] boa e sair com queimadura de terceiro grau na perna. Ele falou que não sabia o que era, que já tinha chorado, que tinha conversado com amigos médicos para perguntar o que poderia ter acontecido, e que não viam erro dele”, afirmou.
“Até então poderia ter sido o bisturi elétrico do hospital, poderia ter sido qualquer coisa, mas que a culpa não era dele. Simplesmente assim, sendo que eu o contratei para realizar um sonho. Eu coloquei uma responsabilidade nas costas dele, referente a isso, e ele simplesmente me deixou com uma queimadura de terceiro grau na perna”, ressaltou.
Sem respostas concretas, a servidora informou que iria acioná-lo na Justiça e, desde então, não teve mais contato com o médico.
“Fato incontroverso”
Abdômem da paciente N.P.A., que sofreu necrose após lipoaspiração
O advogado de Monnyk, Elder Almeida, informou que o processo corre em segredo de Justiça, mas já está quase na metade, aguardando audiência de instrução para produção de provas.
Almeida afirmou que todos os laudos médicos indicam a negligência do médico e disse esperar que o Poder Judiciário aplique todas as medidas cabíveis para salvaguardar os direitos da sua cliente.
“O fato é incontroverso. A Monnyk passou por um procedimento cirúrgico. Quem fez essa cirurgia foi doutor Rodrigo Bernardino e a sua equipe, no Hospital Santa Casa. E a queimadura foi atestada por laudo médico e está visível no corpo da senhora Monnyk até hoje. A prova é documental”, disse.
“Eu não preciso de testemunha para provar esse fato. Todos os documentos já foram colocados no processo, inclusive, nós já pedimos julgamento antecipado desse processo, uma vez que não tem outra matéria a abordar, a não ser os documentos que já estão lá”, acrescentou.
“Não é pelo dinheiro”
Monnyk lembrou da morte de Thayane e afirmou que sua luta é para que isso não aconteça com outras mulheres e que Rodrigo Bernardino seja punido.
“Nunca foi questão de dinheiro. É uma questão de explicação, respaldo, que eu não tive da parte dele, tanto que agora ocasionou essa fatalidade. Quando eu vi a notícia, ainda não tinha divulgado o nome do médico ainda, mas eu já sabia, alguma coisa dentro de mim falava que foi, disse.
“Eu fiquei muito mal porque eu sei o que foi pra mim toda essa dor, o que ele me causou e saiu impune. Já tem um bom tempo e até agora nada se resolveu, ele continuou operando normal. Eu espero que a Justiça seja cumprida, tanto para essa família que perdeu uma mãe, uma esposa, e ele seja afastado dessas cirurgias para não acontecer de novo com outra pessoa”, concluiu.
Lipoaspiração e necrose
Necrose sofrida pela paciente N.P.A., após lipo feita pelo médico Rodrigo Bernardino
A paciente N.P.A. disse ao MidiaNews que a necrose levou meses para ser curada e que ficou com uma cicatriz grande.
"Já implorei por um laudo e por explicações e nunca obtive justificativa. Minha cirurgia era para ser sem cortes, e saí com um corte de mais de 25 centímetros no meio da barriga, que gerou uma necrose de meses, horrível", disse.
Ela não quis revelar mais detalhes pelo fato do processo estar em sigilo. A reportagem entrou em contato com o advogado Paulo Budoia, que a defende, que se posicionou por meio de uma nota.
"Sobre o caso, informamos que minha cliente N.P.A está processando o Dr. Rodrigo Bernardino e sua assistente Edneia de Sá, em ação distribuída em setembro de 2024, pleiteando danos estéticos, morais e materiais. O processo corre em segredo de justiça, impossibilitando a divulgação de maiores detalhes.
Outro lado
O médico Rodrigo Bernardino se posicionou, por meio de nota, enviada por sua assessoria, sobre o caso de Monnyk Franca.
Em relação ao caso de N.P.A., a assessoria informou que ele não pode se posicionar, pois ainda não tem conhecimento sobre a ação judicial.
Confira a íntegra da nota:
"É fundamental esclarecer que o Dr. Rodrigo Bernardino sempre exerceu a Medicina com ética e excelência, demonstrada por seu histórico profissional.
O médico já operou mais de 5 mil pacientes, e tem formação em cirurgia geral, é membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, além da especialização em cirurgia plástica, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Dr. Rodrigo ainda atua e é especialista nas cirurgias estéticas e reparadoras corporais, além de ser especialista em fraturas de face e queimaduras.
Em resposta às acusações, esclarecemos que a situação em questão foi decorrente de um incidente alheio à atuação médica direta, relacionado ao bisturi elétrico, de responsabilidade do hospital onde a cirurgia foi feita.
Dr. Rodrigo nunca se deparou com tal situação nos mais de 10 anos na área da cirurgia plástica. Além disso, o médico realizou todos os procedimentos cirúrgicos com rigor técnico e cuidados necessários".
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6 Comentário(s).
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wellington souza 29.10.24 11h26 | ||||
Um profissional tão experiente com mais de 5mil cirurgias bem sucedidas, é quase que impossível não haver uma ou outra complicação indesejada. Em qualquer tipo de cirurgia há riscos. | ||||
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Eronir Alexandre 29.10.24 10h42 |
Eronir Alexandre, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas |
Ildo 29.10.24 10h41 | ||||
Que tristeza pra essas mulheres terem o corpo multilado por procedimento mal feito, se a justiça tivesse agido mais rápido talvez a moça que faleceu estivesse viva. | ||||
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Fagner 29.10.24 09h21 | ||||
Tem que haver justiça em tudo isso que ocorreu, pois se estivesse sido feito alguma coisa quando o fato narrado acima na época, não ia ter uma pessoa morta. | ||||
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Kenny Rogger 29.10.24 09h04 | ||||
Que a justiça seja feita e que desta vez a culpa não seja da "vitima". É no mínimo um sentimento de nojo ver este caso e ainda precisar ver esse médico livre, deveria estar preso. A mulher trabalhar muito para conseguir realizar um sonho que é destruído por esse senhor, é lamentável que exista um senhor desse atuando e se esquivando como se a culpa pudesse ser "terceirizada". A pergunta aqui que fica é... quantas vidas mais serão seifadas para que esse senhor pague? | ||||
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