O desembargador Orlando Perri determinou, nesta quarta-feira (28), a intervenção do Estado de Mato Grosso na Saúde de Cuiabá.
Na prática, a determinação liminar tira a administração do setor das mãos do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) e repassa ao Governo do Estado - veja decisão na íntegra AQUI.
O desembargador atendeu a um pedido do procurador-geral de Justiça, José Antônio Borges. Segundo Borges, o setor vive uma “completa calamidade pública” e está colapsado.
A determinação foi encaminhada para o governador Mauro Mendes (União) para que – com urgência – defina o nome de um interventor.
“O interventor deverá apresentar, no prazo de 15 [quinze] dias, um plano de intervenção – com os nomes dos cointerventores [se for o caso] –, contendo as medidas que adotará, bem como apresentar relatórios quinzenais sobre as providências tomadas”, determinou Perri.
A intervenção tem prazo de 180 dias, “salvo se houver motivos justificados e comprovados, que não advenham de desídia, incúria ou incompetência do interventor no afastamento da atual Secretária de Saúde”, disse o desembargador.
O desembargador ainda alertou que, caso Emanuel ou secretários ofereçam qualquer embaraço ao novo comando a Saúde, “será considerado como crime de desobediência e, conforme o caso, de responsabilidade, além de eventual improbidade administrativa”.
Resgate da dignidade
Relatos de médicos da rede pública da Saúde da Capital foram citados na decisão. Em um deles, divulgado pelo MidiaNews, uma médica concursada relata que a Saúde está no “pior momento” nos últimos 30 anos.
“Nunca esteve tão ruim, com falta de tudo, com falta de estrutura, com falta medicação e com falta de especialistas”, disse.
Perri apontou que a gestão da Saúde da Capital tem sido afetada por falta de medicamentos e de exames. “Impedindo o regular funcionamento dela, há claro desrespeito a um dos princípios mais relevantes da Constituição Federal, afeto ao que o homem tem de maior e mais sagrado: a vida humana”, disse.
Ele ainda justificou que a intervenção se faz necessária, pois “não se pode aguardar que outras pessoas morram por falta de equipamentos, de estrutura, de medicamentos e de profissionais capacitados para salvar vidas”.
Assim, segundo o magistrado, o que se busca com a intervenção é “resgatar a dignidade do atendimento médico e a disponibilização de exames e medicamentos a todos aqueles que deles necessitam”.
O pedido do MPE
No dia 21 de dezembro, o procurador-geral de Justiça pediu que a ação de intervenção fosse julgada com urgência.
Segundo Borges, o prefeito de Cuiabá têm desobedecido ordens judiciais proferidas em ações anteriores. Entre elas está a continuidade de contratações temporárias sem processo seletivo e sem que haja situações excepcionais de interesse público e de não obrigar a Empresa Cuiabana de Saúde a realizar concurso público.
Borges relembrou que em seis anos a gestão Emanuel foi alvo de 15 operações, sendo a maioria na área da Saúde. Ele ainda concluiu que o sistema de Saúde em Cuiabá está colapsado.
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12 Comentário(s).
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Closeny Maria Soares Modesto 30.12.22 07h51 | ||||
Parabéns ao MP pela intervenção na SMS, pois já estava passando da hora de alguém fazer algo em benefício das pessoas que necessitam de uma assistência em Saúde digna e de qualidade. Difícil será a equipe de intervenção conseguir organizar essa bagunça em 180 Dias. Aproveito da oportunidade para publicizar 03 situações que considero serem importantes e merecerem um olhar "humanizado" e resolutivo sendo elas: a demanda reprimida de cirurgias com uma fila de espera há mais de 07 anos (será que esses pacientes ainda vivem ?), Fila de espera para a realização de exames complementares para fechamento diagnóstico com pacientes aguardando há mais de 04 anos e a falta de compromisso com a população e incompetência administrativa da atual gestão da Ebserh junto ao HUJM onde os funcionários contratados pela terceirizada que estão a frente de todos os setores administrativos do hospital utilizam de forma "inadequada a regulação interna" para beneficiar aqueles que fazem parte de círculos de amizade e ou quando deixam faltar insumos necessários para a realização de cirurgias que só são feitas lá como a Litotomia Percutânea , cirurgia esta que tem uma fila de espera de mais de 1.000 pacientes e foi suspensa há mais de 08 meses POR FALTA de MATERIAL sem que a empresa EBSERH tivesse sequer comunicado oficialmente para a comunidade e ou CERSUS para que os pacientes tivessem o seu tratamento continuado através do TFD (tratamento fora do domicílio) fato este agravado pela falta de convênio de contratualização de serviços entre o HUJM e a SMS desde 2016. O referido hospital também está precisando de passar por uma intervenção no momento, pois quem sabe assim os pacientes passariam a ser tratados com respeito e equidade uma vez que "não fazem parte do seletivo grupo de amigos do rei" que em minha opinião são aqueles cujas consultas, exames e procedimentos são realizados por VIAS ALTERNATIVA S. | ||||
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Edson 29.12.22 16h42 | ||||
Essa era um tragédia anunciada, e foi uma escolha do povo eleger esse cidadão para prefeito. Deu no que deu! | ||||
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JORGE SANTOS 29.12.22 16h34 | ||||
SÓ A SAÚDE???? | ||||
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Luís Otávio Perri 28.12.22 19h26 | ||||
Parabéns Des. Orlando Perri! Homem íntegro, honesto e sempre com decisões sábias. | ||||
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Rafael Silva 28.12.22 19h04 | ||||
Justiça seja feita! Próximo passo é a interdição e cassação do atual prefeito, que diga - se de passagem não cumpre com o papel do cargo para o qual foi eleito! Segundo passo cassar os vereadores que defendem o mesmo, roubando a dignidade do povo cuiabano! Que na próxima eleição, essa corja que o apoiam na câmara sejam derrotados nas urnas ! | ||||
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