O presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargador Rui Ramos Ribeiro, determinou uma investigação interna no Poder Judiciário sobre as denúncias acerca da existência de uma “central de grampos” ilegal em Mato Grosso.
Por meio da assessoria, o presidente da Corte informou que o procedimento será sigiloso e que, por isso, não se pronunciará sobre os detalhes da apuração.
A determinação para o início dos trabalhos foi dada ainda na última sexta-feira (12), quando vieram à tona as primeiras informações acerca do suposto esquema, revelado por uma reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, exibido neste domingo (14).
De acordo com o revelado até momento, as interceptações clandestinas teriam sido realizadas por meio da tática de “barriga de aluguel”, quando números de telefones de cidadãos sem conexão com uma investigação policial, são inseridos em um pedido de quebra de sigilo telefônico à Justiça.
A denúncia partiu do promotor de Justiça Mauro Zaque, que encaminhou o caso à Procuradoria Geral da República (PGR). Ex-secretário de Estado de Segurança Pública, ele afirma que o governador Pedro Taques (PSDB) seria conivente com o esquema.
À reportagem do Fantástico, o desembargador Rui Ramos sustentou não haver qualquer indício de participação de membros do Poder Judiciário na suposta central de grampos. Isso porque, segundo ele, os juízes que autorizam as interceptações não têm como checar se os números inseridos nos pedidos pertencem de fato aos alvos da investigação em questão.
“Se houve alguma fraude não é de atribuição de nenhum magistrado. Isso veio da fonte própria, que normalmente é do Ministério Público ou preparado pelas autoridades policiais”, defendeu.
Grampeados
De acordo com uma lista de nomes e seus respectivos apelidos divulgada pelo site O Livre, o desembargador aposentado José Ferreira Leite estaria entre as pessoas interceptadas de forma irregular.
O número de telefone dele teria sido inserido, em agosto de 2015, em um pedido de quebra de sigilo oriundo de um inquérito que investigava uma quadrilha de traficantes de cocaína. Na lista, o magistrado aposentado aparece como um “capanga” da Fazenda Grandene, em Cáceres.
Outro nome que chama atenção na relação é o da filha do ex-comendador João Arcanjo Ribeiro, Kelly Arcanjo Ribeiro Zen. Ela recebeu o codinome de “Careca” e foi apontada na relação como comparsa de “Clemilson”, que ao que tudo indica seria um dos supostos traficantes.
Outro lado
Em entrevista coletiva concedida na última sexta-feira, o governador Pedro Taques negou qualquer participação no suposto esquema de grampo ilegal e afirmou que representará o promotor de Justiça Mauro Zaque perante o Ministério Público Estadual (MPE) e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por conta de suas afirmações.
Taques sustentou ainda que o Governo do Estado já adotou providências para identificar e punir os possíveis responsáveis pela suposta “central de grampos” ilegal.
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