"Sistema já estava montado, ou pagava a propina ou não recebia"

Delator da Operação Rêmora, o empresário Luiz Fernando da Costa Rondon, que é dono da Luma Construtora Eirele Epp, confirmou à Justiça a existência de um esquema de propinas e fraudes em licitações da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).

Luiz Rondon prestou depoimento, na tarde desta segunda-feira (12), no Fórum de Cuiabá. A audiência foi conduzida pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.

Na oitiva, ele disse que a organização criminosa que operava na Seduc cobrava um percentual de 5% das medições das obras para liberar os valores que a secretaria devia aos empresários.

"Não tinha como fugir daquilo, o sistema já estava montado: ou pagava a propina ou não recebia", disse Luiz Rondon. 

Mas eu não paguei, rompi com eles, não concordava com aquilo

Também prestou depoimento nesta tarde o também delator Giovani Guizardi, dono da Dínamo Construtora.

Confira como foi a audiência:

Contato com Guizardi (Atualizado às 17h39)

Luiz Rondon afirmou que a situação começou com o decreto do Governo do Estado no início do atual gestão, que suspendeu os contratos por 100 dias.

"Eu fui até a Seduc e me informaram que as obras das escolas continuaram normais. Fui até o Perminio e ele confirmou que era para dar continuidade às obras, que eles iam pagar. Só que não foi pago nada, só uma medição pequena".

"Busquei o Fábio [Frigeri] e ele me deu um papel com o numero do Giovani Guizardi. Liguei e fui até o escritório dele. Ele me entregou um tablet com a planilha da propina de 5%. Questionei se o secretário sabia daquilo e ele disse que sim. Não tinha como fugir daquilo, o sistema já estava montado: ou pagava a propina ou não recebia".

Propina menor (Atualizado às 17h46)  

Luiz Rondon disse que não concordou com o valor cobrado de propina por Guizardi.

 
"Reuni alguns empresários que estavam descontentes com o valor para conversarmos com o Giovani mas ele não cedeu. Depois de algum tempo o Giovani fez uma nova reunião e disse que baixaria o valor para 3%. Mas eu não paguei, rompi com eles, não concordava com aquilo".

O empresário contou sobre a reunião, que foi gravada com auxílio do Gaeco, em que as licitações das obras foram divididas entre vários empresários.

"Foi feita [a reunião] no meu escritório. Lá foi dividido por região. Eu fiquei com uma obra em Barra do Garças, mas acabei não ganhando a licitação, porque não paguei a propina. Nessa reunião também ficou decidido que uma obra em Barra do Bugres seria da 'cota do secretário'".  

Cota do secretário (Atualizado às 17h54)

A defesa do ex-secretário de Estado de Educação, Permínio Pinto, pergunta sobre a suposta obra da "cota do secretário".

"Eu não sei dizer se era para o secretário mesmo ou não, só estou dizendo o que o Guizardi me disse"

A defesa de Permínio também perguntou se Luiz Rondon teve algum benefício por integrar a comissão que dividiu as obras.

"De forma alguma, só ganhei problema para minha cabeça".

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