Imprensa de MT 28/11/2025: Blairo Maggi diz que os “candidatos elogiam Bolsonaro não por admiração, mas por medo de perder votos” e Roberto Dorner afirma que “Bolsonaro é carta fora do baralho".

Conta uma parábola — A roupa nova do Rei — escrita por Hans Christian Andersen da Dinamarca, que havia um rei apaixonado por roupas bonitas. Um dia chegaram ao reino dois vigaristas, que se diziam tecelões extraordinários. Eles afirmaram que eram capazes de criar um tecido mágico, tão especial que só pessoas inteligentes conseguiriam enxergá-lo. Os tolos nada veriam.
Contratados, os espertalhões trouxeram um tear no qual fingiam trabalhar, pedindo ouro e finas sedas para o tal tecido.
Ansioso, o rei mandou seu primeiro-ministro e depois o comandante da guarda conferirem o serviço. Cada um, por sua vez, temendo parecer burros, elogiou a beleza do suposto pano.
Por fim, o rei decidiu visitar a oficina. Claro que ele também nada viu, mas temendo parecer tolo, ressaltou a beleza do tecido e pediu que lhe fizessem uma veste real com ele.
Marcou-se o desfile de apresentação das vestes e o povo foi convidado para o evento, já ciente de que somente os inteligentes e astutos veriam a roupa.
— Que roupa magnífica! Exclamava o povo eufórico durante o desfile real.
Foi aí que apareceu um menino que estava caçando passarinhos na mata e não sabia da história.
— O rei tá pelado! Gritou ele.
O povo, gargalhando, repetiu em coro: Tá pelado! Tá Pelado!
Segue minha versão da parábola: em um país em que o rei era escolhido pelo povo, os eleitores elegeram um candidato que logo foi endeusado pela população. Mas houve um problema: quando terminou seu tempo de governo, ele não quis deixar o trono. Para se manter no palácio, pediu o apoio de alguns seguidores que, usando a força, não deixariam o novo escolhido assumir o poder.
Descoberta a tramoia, o rei foi preso, juntamente com outros trinta e tantos, diretamente envolvidos no planejado golpe. Mas Sua Majestade, mesmo encarcerado, continuava muito popular. Seus seguidores, convictos da importância do apoio do rei condenado para eleições e reeleições futuras, insistiam na tese de que ele era insubstituível e que todos os pretendentes a cargos políticos só poderiam concorrer se validados por ele.
O discurso foi perdendo força, mas ninguém tinha coragem de falar em público que o ex-poderoso tinha definhado politicamente e que era hora de substituí-lo.
Voltando à parábola original: tal como a vestimenta do rei era falsa, o poder do ex-rei tornara-se ilusório. Mas como não aparecia um menino inocente que gritasse: “o rei está pelado”, muitos continuavam, por interesses pessoais, afirmando ver roupas lindas onde só havia nudez.
Foi aí que, em um canto desse reino, dois poderosos (citados lá em cima) vinculados a um grupo político chamado Centrão, que antes governara com o rei, resolveram romper a farsa e no mesmo dia afirmaram na imprensa que acabara a ilusão e que o Rei estava completamente nu.
PS – Só os superinteligentes — tal qual na parábola — verão a beleza literária desta rica crônica. (rs, rs).
Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor.
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