Cuiabá, Terça-Feira, 9 de Dezembro de 2025
GIOVANA FORTUNATO
09.12.2025 | 05h30 Tamanho do texto A- A+

Câncer de vagina e de vulva

Diferenças, sinais e a importância da saúde íntima

Embora ainda pouco discutidos, os cânceres de vagina e de vulva merecem cada vez mais atenção dentro da saúde da mulher. Ambos afetam a região genital feminina, mas têm características distintas e exigem investigação adequada para garantir um diagnóstico preciso. O que se observa no consultório é que muitas alterações na região íntima são percebidas pelas pacientes, mas nem sempre valorizadas. Em grande parte dos casos, o medo ou o constrangimento acabam adiando a ida ao médico, e isso pode comprometer as chances de tratamento precoce.

Os sintomas costumam ser inespecíficos e, por isso, confundidos com situações do dia a dia


O câncer de vulva acomete a parte externa da genitália, como os grandes e pequenos lábios, o clitóris e a região ao redor da abertura vaginal. Já o câncer de vagina é interno, surgindo na mucosa que reveste o canal vaginal. Apesar de serem menos frequentes do que o câncer de colo do útero, por exemplo, ambos podem causar impacto significativo na qualidade de vida e muitas vezes estão associados a lesões prévias, infecções persistentes ou alterações celulares que se desenvolvem lentamente ao longo dos anos.

Entre os principais fatores de risco, a infecção pelo HPV, sobretudo os tipos considerados oncogênicos, merece destaque. A baixa imunidade, o tabagismo, o histórico de doenças sexualmente transmissíveis e a idade mais avançada também podem influenciar no surgimento da doença. Entretanto, vale lembrar que qualquer mulher, mesmo mais jovem, que apresente sintomas persistentes nessa região deve procurar atenção médica. Nem sempre o câncer dá sinais claros no início, o que torna os exames preventivos ainda mais importantes.

Os sintomas costumam ser inespecíficos e, por isso, confundidos com situações do dia a dia. Coceira recorrente, dor local, sangramentos fora do período menstrual, feridas que não cicatrizam, corrimento diferente do habitual ou desconforto durante a relação sexual são sinais que merecem investigação. Muitas vezes, o corpo envia alertas discretos, e a diferença está em observar o que foge do padrão. Não significa que há um câncer sempre que algo sai do lugar, mas sim que qualquer alteração persistente deve ser avaliada de forma responsável.

O diagnóstico precoce é decisivo. Exames como o exame ginecológico, colposcopia e, quando necessário, biópsia, são fundamentais para identificar alterações celulares e definir o tratamento. Quanto antes o processo é iniciado, maiores são as chances de controlar a doença com procedimentos menos invasivos e com melhor preservação da saúde sexual e reprodutiva da mulher. Outro ponto essencial é a vacinação contra o HPV, uma medida segura e eficaz que deve ser incentivada desde a infância e adolescência, conforme o calendário vacinal do SUS.

Um dos maiores desafios ainda é o silêncio. Muitas mulheres convivem com sintomas por meses ou anos por acreditar que “é normal” ou por vergonha de buscar ajuda. Conhecer o próprio corpo, realizar exames regulares e conversar abertamente sobre saúde íntima são atitudes que fortalecem a prevenção. A medicina está cada vez mais preparada para diagnosticar precocemente essas doenças e oferecer tratamentos adequados, mas isso depende, em grande parte, da disposição de cada paciente em procurar orientação.

Cuidar da saúde ginecológica não deve ser assunto secundário. O câncer de vagina e de vulva pode ser silencioso no início, mas torna-se visível quando a mulher conhece seu corpo e entende que mudanças merecem atenção. Informação, prevenção e acompanhamento médico podem salvar vidas. E essa consciência precisa ser fortalecida todos os dias.
 
Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, especialista em endometriose e infertilidade em Cuiabá-MT e professora do HUJM.
 
 

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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