Em 2003 eu era um petista feliz, vi pela primeira vez um trabalhador, nordestino e de origem paupérrima chegar o poder no Brasil. Depois de algumas tentativas frustradas, finalmente Luís Inácio Lula da Silva tinha chegado ao poder. Os pobres se regozijavam e viam um futuro melhor para suas vidas.
O Partido dos Trabalhadores, fundado em 1980 tomou o poder executivo federal do Brasil. Governava a União Federal e por três mandatos direcionou a política brasileira. Devido ao seu programa partidário preocupou-se em implantar medidas sociais que concretizassem os direitos econômicos e sociais para os menos favorecidos, conforme apregoa a Constituição Federal em seus artigos 5º e 7º.
Mas o xadrez político do momento impunha um desafio. O desafio da governabilidade, diante de um Congresso Nacional multifacetado de partidos políticos e, o PT sem maioria no Legislativo. Num primeiro momento o executivo tentou uma articulação com os movimentos sociais, setores que sempre estiveram ao seu lado para forçar uma pauta social mais favorável e, indicativa de programas mais à esquerda.
A tentativa foi abortada rapidamente e logo em seguida, Lula e sua trupe, optou pelo caminho mais fácil, fechou acordos com os partidos, implantando um tipo de projeto de governabilidade. Já viram a história do Leão e o ratinho? Não me perguntem quem é quem, pois fica a seu critério definir. Embora os liberais de todas as matizes tentem negar, é palpável as medidas tomadas para resolver os problemas sociais mais prementes do País, entre estes, a fome, as discriminações raciais, sexuais, a falta de moradia e a exclusão educacional dos mais carentes.
Mas, se de um lado se estendeu a mão esquerda para os desafortunados, abriu os cofres da ilegalidade com a mão direita para os partidos com representatividade no Congresso. A conjuntura era de um mundo abarrotado de dinheiro, os tempos lulista foram de um conjuntura externa de fartura econômica, o Brasil ampliou a participação em mais mercados na África, Ásia e em especial no Oriente Médio.
Estava posto a conjuntura que proporcionou a fraude governamental, que só foi descoberta por brigas internas e desencadeou no escândalo chamado de Mensalão no início em 2005. O canal que nos informou sobre isto é a mídia brasileira. Por ela ficamos sabendo os detalhes da tramoia petista para se manter no poder.
No entanto, a forma de informação foi incompleta, diretiva e capciosa. O PT errou, sim todos nós sabemos, mas e o PMDB, o PP, o PR, o PTB, o PC do B, o PSB, e os outros que faziam parte da base governista, não deveriam ser julgados na mesma proporção? Os outros são santos? E o único diabo é o PT? O enredo desta novela global nos levou a pensar que sim. Mas não é verdade.
A mesma imprensa que mostrou apenas um lado da moeda, ou seja, a banda podre do PT, tratou também de emergir os salvadores da crise que se assolou no País, concomitantemente a uma outra conjuntura mundial, agora não muito mais favorável a economia brasileira. De maneira Inverossímil, os salvadores do caos são os mesmos que estavam no governo junto com o PT.
Sim senhores e senhoras, os mesmos, os mesmos que se locupletaram há anos na velhacaria da política do toma lá dá cá. Aqueles que governam para os grandes grupos e querem um Estado Mínimo e com uma massa de trabalhadores a moda chinesa (aos montes, com medo, acovardados e com salários miseráveis).
A salvação da crise, para os detentores do poder são Reformas que rasgam literalmente a Constituição de 1988 e o Estado Democrático de Direito e pasmem, apresentam as mesmas com algo que vai tirar o Brasil da crise, crise criada por eles mesmos. No entanto, um fantasma insiste em aparecer a todo momento assombrando estes desprezíveis representantes nacionais, a Lava jato, a lista de Janot, e as demais ações dos Ministérios Públicos (federal e estaduais).
Há, pois uma desmoralização da imagem dos que estão buscando a saída para a crise econômica, para além desta e até maior é a crise da legalidade, da moralidade, da honestidade, da credibilidade, da competência, enfim da falta de legitimidade que este governo não tem e que vai aprofundar a crise, por sua visão míope de querer fazer mudanças que apenas atendem aos interesses da classe empresarial.
A resposta está chegando nas urnas de 2018, com mais uma outra falcatrua, a tal da reforma política que tenta esconder os “imputáveis” pelo cargo que ainda exercem.
Pedro Felix escreve em Cuiabá
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1 Comentário(s).
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Heber 27.03.17 12h49 | ||||
Parabéns Excelência Muito bom o texto. Abordou temas polêmicos sem se inclinar para um lado ou para outro. Sim. Esse posicionamento numa roda de conversa com colegas de trabalho, faculdades, família, enfim, você já ouviria a expressão que você é comunista. Precisamos avançar sobre essa dicotomia que assola o conceito de política neste país. | ||||
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