Cuiabá, Sexta-Feira, 5 de Setembro de 2025
MÁRCIA AMORIM
04.09.2025 | 05h30 Tamanho do texto A- A+

Educar na era da inteligência artificial

Era vai abrir caminhos para que cada criança construa um percurso autoral

Estamos diante de uma geração que acessa respostas instantâneas antes mesmo de aprender a formular perguntas profundas. A inteligência artificial entrou na rotina de adolescentes e crianças com naturalidade, oferecendo atalhos para o conhecimento. Mas, se não houver cuidado, corremos o risco de formar jovens que sabem encontrar informações, mas não sabem pensar sobre elas.

 

Como educadora, percebo que a IA pode ampliar o acesso ao conhecimento e despertar a curiosidade dos estudantes. É um recurso valioso, sobretudo para quem aprende em ritmos diferentes. Mas a informação sozinha não se transforma em conhecimento sólido. O desafio é ajudar nossos jovens a interpretar o que recebem e a construir um pensamento crítico.

 

Por isso, acredito que precisamos voltar alguns passos dentro das práticas escolares. Resgatar a importância da explanação oral, da escrita detalhada e da argumentação construída com calma. Esses processos não são perda de tempo; ao contrário, são formas de sedimentar o conhecimento e formar mentes capazes de interpretar, questionar e criar.

 

Ao mesmo tempo, é necessário cuidado com o uso exagerado da tecnologia. A sedução do imediato pode levar ao esvaziamento das relações humanas e da capacidade de concentração. A educação do século XXI não pode ser ingênua: não basta oferecer ferramentas, é preciso ensinar a usá-las com consciência.

 

No convívio com famílias e escolas, percebo uma dor comum: como controlar e administrar esse uso? A resposta não está na proibição, que gera uma falsa sensação de proteção, como se fosse possível colocar adolescentes numa bolha. A verdadeira resposta está no equilíbrio.

 

Equilíbrio significa presença. Significa que o adulto, seja pai, mãe ou educador, precisa acompanhar, mediar e estabelecer limites. Mais do que isso, precisa oferecer experiências que transcendam a tela: incentivar esportes, promover clubes de leitura, cultivar momentos de convívio e contato com a natureza. A gestão desse tempo deve buscar qualidade, não apenas conforto.

 

É essa presença ativa que prepara os jovens para a vida real. Quando o adulto orienta, mas também abre espaço para escolhas, ensina os adolescentes a organizar o tempo e a lidar com frustrações. Nosso papel é instrumentalizá-los para que aprendam a usar a inteligência artificial de forma correta, crítica e criativa.

 

Acredito que educar na era da IA é abrir caminhos para que cada criança e adolescente construa um percurso autoral. Não basta consumir respostas prontas: é preciso desenvolver a capacidade de formular perguntas, de sustentar argumentos, de criar soluções. Esse é o diferencial que nenhuma máquina poderá substituir.

 

Márcia Amorim Pedr’Ângelo é pedagoga.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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