Cuiabá, Segunda-Feira, 30 de Junho de 2025
ONOFRE RIBEIRO
25.02.2016 | 05h00 Tamanho do texto A- A+

Fim de ciclo político

O Executivo transformou-se num arquipélago de poderes pequenos dos “partidos aliados”: salve-se como puder

Ao longo da História, houve uma infinidade de ciclos civilizatórios e de ciclos políticos.

 

É muito ruim o final de cada ciclo, porque antecede a ele o desgaste e a desmoralização de todo um sistema, dos líderes, das pessoas e das instituições.

 

Uma queda dessas arrasta pro buraco todo um sistema construído durante o ciclo.

           

É o que se vê hoje no Brasil com o fim do ciclo da esquerda no poder. Durou exatos 13 anos. O 14º. de 2016,  marca o fim definitivo do ciclo. Os líderes construídos à sombra do período, caem impiedosamente derrubados pelo sentimento coletivo de renovação.

A chegada da esquerda ao poder, à sombra do Partido dos Trabalhadores, não começou em 2002 com a eleição de Lula para presidente

 

A chegada da esquerda ao poder, à sombra do Partido dos Trabalhadores, não começou em 2002 com a eleição de Lula para presidente.

 

Em 1964, a esquerda foi derrubada pelos militares ao depor o presidente João Goulart.

 

Ao longo do regime militar, de 1964 a 1985, a esquerda se abrigou debaixo do guarda-chuvas do MDB, o partido de oposição efetiva. Mais tarde migrou para um PMDB menos radical, mais perto da transição para o regime civil.

 

           

Uma vez no poder, a esquerda descobriu que não tinha projeto para governar. Bom lembrar isso neste momento em que todas as lembranças estão fragmentadas por ódios, por oposições e pelo desespero do poder que se perde dia após dia.

 

O PT elegeu-se numa frente de partidos de esquerda sem, contudo, adquirir maioria no Congresso Nacional.

 

De imediato, sem experiência de governar, o presidente Lula começou a objetivamente comprar os congressistas. Resultou no escândalo do Mensalão.

 

Acuado, o governo petista lançou mão da única coisa que tinha pronta à sua frente: o programa do bolsa-família, extraído de um projeto muito abrangente chamado Brasil Solidário, herdado da ex-primeira-dama Ruth Cardoso.

 

           

O bolsa-família deu fôlego ao governo, quem acabou descobrindo o “discurso do social”. Mas as relações com o Congresso que antes eram ruins, apodreceram depois do Mensalão.

 

Acabou-se o respeito e a moralidade numa jogatina de baixíssimo clero, entre o Executivo e o Legislativo. Acabou arrastando o Judiciário para o mar de lama. Uma enorme pocilga!

 

           

Neste momento, é perfeitamente visível que toda essa construção sem projeto era só um conto de carochinha.

 

A presidente Dilma Rousseff, eleita em 2014 passou 2015 entre a cruz e a espada e em 2016 resta-lhe nada mais do que o abandono e o desprezo dos dois sócios: o Legislativo e o Judiciário.

 

O Executivo transformou-se num arquipélago de poderes pequenos dos “partidos aliados”: salve-se como puder.

 

        

Agora é esperar os próximos dias, semanas e no máximo poucos meses para que o ciclo se acabe da pior maneira: melancólico.

 

O resto, a História contará!

 

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.

[email protected]

www.onofreribeiro.com.br

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Anival  25.02.16 09h29
Muito verdade !
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