Gladys Osorio Marta Heydée Mercedes Sosa Girón, ou apenas Mercedes Sosa, nasceu em 9 de julho de 1935 em São Miguel de Tucumã, no Noroeste da Argentina. Fez a passagem em 4 de outubro de 2009, em Buenos Aires. A artista se destacou na música.
A política fez morada na vida dela, porquanto nasceu no dia da Declaração da Independência da Argentina. E mais: a assinatura da referida declaração se deu na mesma cidade de nascimento da artista, em 1816. Disse: “A cultura é a única coisa que pode salvar um povo, a única, porque a cultura permite ver a miséria e combatê-la.”
A cantora ficou conhecida mundialmente por sua voz marcante e por entoar canções com raízes folclóricas. É uma das expoentes do movimento conhecido como Nueva Canción, que surgiu na América Latina na década de 60, onde eram realizadas denúncias sociais. É dela: “Não se pode cantar com medo.”
Foi apelidada de La Negra pelos seus seguidores e seguidoras, devido à sua ascendência ameríndia. Pela sua origem, também houve destaque por ter dado voz aos “sem voz”. Significou uma das resistências contra as ditaduras militares na América Latina. As suas músicas na ocasião traziam conteúdo político e que denunciavam as desigualdades sociais e pediam por justiça. Inclusive, com a ascensão militar na década de 70, precisou se refugiar em Paris e depois em Milão, em razão da perseguição sofrida. Verbalizou: “É porque sou tão teimosa que ainda insisto em mudar o mundo”.
Mercedes tinha raiz pacificadora, sendo intensa defensora do Pan-americanismo, que visa a promoção da união e a cooperação entre os países do continente americano, nos aspectos políticos, econômicos e culturais. A sua interpretação musical era a vivência da democracia e da resistência: “O canto é uma cerimônia de amor do artista para com o público.”
A artista desenvolveu importante performance no Festival Folclórico Nacional, sendo referência entre os povos indígenas da Argentina, fazendo muita conexão com o seu ativismo, e pela sua descendência indígena diaguitas.
Ela não se definiu como feminista, mas muitas músicas por ela cantadas abordavam assuntos relevantes, como a igualdade de gênero, a resiliência das mulheres, e a opressão do capitalismo. Trazia nos direitos das mulheres letras sobre o aborto legal, a violência doméstica e a pobreza sofrida pelas mulheres. Na música “Cuanto Trabajo” ela homenageia mulheres que criam e educam os seus filhos e filhas solo. “La vi quedarse sola/ De par em par aberta/ La puerta de los años/ La vi saberse bela/ La vi quedarse sola/ Com cuatro hijos a cuesta/ Cuanto trabajo para/ Uma mujer saber/ Quedarse sola e envejecer/ La vi doblar despacio/ Su soledad derecha/ La vi meter el hombro/ Sin bajar la cabeza/ Y colocar sudores/ Com nombres y com fechas/ La vi quemar el agua/ La vi mojar el fuego/ La vi crecer las manos/ Velando nuestros sueños/ Mi madre fue mi padre/ Mi voz mi alimento.”
Pela verve pacificadora e humanista, Sosa foi Embaixadora da Boa Vontade da UNESCO para a América Latina e Caribe. Em sua volta para a Argentina, após o período ditatorial, foi recebida com imenso entusiasmo pela sociedade e reconhecida como uma heroína da resistência. Os shows por ela realizados passaram a contar com palavras de ordem contra a ditadura e em prol da liberdade.
Em sua clássica canção ditou: “Graças a vida que me deu tanto! Me deu o coração que agita seu marco, quando olho o fruto do cérebro humano, quando olho o bem tão longe do mal.”
Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.
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