A história de sua vida poderia ser um grande fracasso, eis a prova de que através de uma força interna inabalável e determinação, apesar da humílima origem, tudo supera, conquistando honrarias singulares em nível nacional, internacional, e sacrado no Panteão dos Heróis da Pátria!
Nascido em Mimoso, no dia 5 de maio de 1865 – início da Guerra do Paraguai-, possuía predominante origem indígena, sendo os seus bisavós paterno guará e maternos boróro e terena.
Filho de Cândido Mariano e Claudina Lucas Evangelista, seu pai faleceu sem conhecer o filho, logo mais tarde perderia também sua genitora.
Em 1873, Cândido Mariano da Silva foi levado por seu tio Manuel Rodrigues da Silva Rondon, que era capitão da Guarda Nacional para Cuiabá.
Por gratidão, ele acrescentou o sobrenome Rondon, em homenagem ao seu bom tio que o educou.
Inicialmente, ingressou na Escola Mestre Cruz, no ano posterior na escola pública Prof. João B. de Albuquerque, em 1879 entrou para o Liceu Cuiabano, formando-se professor em 1881.
Neste mesmo ano foi para a Escola Militar no Rio de Janeiro, alistando-se no 2º Regimento de Artilharia a Cavalo, pois, além dos estudos serem gratuitos, os alunos, assentando praça, recebiam o soldo de sargento.
Nessa escalada em 1884, é matriculado na Escola Militar da Praia Vermelha, faz o primeiro curso de matemática e foi apresentado ao positivismo através de Benjamin Constant.
É promovido, em 1888, a alferes aluno e matricula-se na recém-criada Escola Superior de Guerra, realizando estudos de Ciências Físicas e Naturais. Juntamente com Brnjamin Constant, surge como abolicionista e participam de articulações que resultaram na Proclamação da República.
Forma-se em 1890 em bacharel em Ciências Físicas e Naturais, na Escola Superior de Guerra, alçado a 2º tenente de Artilharia, professor de Astronomia, Mecânica Racional, Matemática Superior.
Sendo designado para a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Cuiabá ao Araguaia, uma semana após, é promovido a 1º tenente pelos serviços durante a Proclamação da República. Agora já oficial reconhecido, estava apto a iniciar a venturosa carreira que o futuro lhe propiciou.
Entre 1892 e 1898, ajudou a construir as linhas telegráficas de Mato Grosso a Goiás, entre Cuiabá e o Araguaia, ainda uma estrada ligando Cuiabá até Goiás.
Veio a casar-se em 1º de fevereiro de 1892, e a 6 de março parte para Cuiabá com a esposa, para atender estas ordens. Celebrou núpcias com a Sra. Francisca Xavier e, da união, vieram seis filhas em um único filho homem.
O Governo republicano, preocupado com a região Centro-Oeste, isolada dos grandes centros, com extensa fronteira, decidiu melhorar as comunicações construindo linhas telegráficas.
C.M.S.R. cumpriu a missão abrindo caminhos, desbravando sertões, lançando linhas telegráficas, realizou mapeamentos do terreno e, particularmente, estabelecendo cordiais relações com os índios.
Fez aproximação com muitas tribos, entre elas os boróros, nhambiquaras, urupás, jarus, karipunas, ariquemes, bocas negras, pacaás novos, macuporés, guarayas, macurapés. Despontando o indigenista! Chefiava na época 20 soldados; terminada a missão, volta ao Rio e assume docência na Escola Militar.
Sendo nomeado chefe do Distrito Telegráfico de Mato Grosso, agora constrói, entre 1900 e 1906, as ligações telegráficas até Corumbá, alcançando as fronteiras do Paraguai e Bolívia. Nesse mesmo ano, encontrou as ruínas do Forte Príncipe da Beira, uma relíquia da atual Rondônia.
Em 1907, estando no posto de major do Corpo de Engenheiros Militares, recebe tarefa penosa: construir nova linha, ligando Cuiabá até Santo Antônio do Madeira ... a primeira da Amazônia!
Os trabalhos desenrolaram-se até 1915, a missão foi nominada "Comissão Rondon". Nesse período, construíam a Estrada de Ferro Madeira Mamoré – Ferrovia do Diabo, por força do Tratado de Petrópolis 1903. Realizou, ainda, expedições com foco de explorar a região amazônica, obtendo repercussão internacional.
O presidente Nilo Peçanha, em 2 de março 1910, convida Rondon para assumir a chefia do Serviço de Proteção ao Indio, que estava sendo criado.
Foi atingido por uma flecha envenenada dos índios nhambiquaras, em setembro de 1913, salvo pela bandoleira de couro de sua espingarda. Fazendo valer seu lema, "morrer se preciso for, matar um índio nunca", não houve revide algum.
Recebeu, em outubro, telegrama convocando-o sua ida ao Rio, visando deliberar junto aos ministros da Viação, Guerra e do Exterior, a cerca de uma exposição conjunta à Amazônia, parceiro de Theodore Roosevelt, presidente americano.
Ele sugere explorarem o Rio da Dúvida. Ainda em 1913, já coronel, acompanha a expedição com o antigo presidente dos Estados Unidos.
Partiram em 21 de janeiro de Cáceres, era a Expedição Científica Rondon-Roosevelt. Coletaram e registraram espécies da avifauna, outros animais - 481, mais a botânica; a incursão finda em 26 de abril de 1914 no encontro dos rios Aripuanã e Dúvida, agora rebatizado Roosevelt. Publicado no livro ... "Through the Brazilian Wilderness", algo tipoː Nas Selvas do Brasil.
O inquebrantável Rondon, agora, começa a colher os louros: também em 1913, veio a receber uma Medalha de Ouro por haver prestado 30 anos de bons serviços ao Exército Brasileiro.
A Medalha Centenário de David Livingstone, da Sociedade Geográfica Ameriana – 1918, no ano seguinte, a Medalha do Explorers Club, e teve o nome inscrito em letras de ouro no Livro da SGA.
Por fim, em 1919 promovido a general de Brigada, agora diretor de Engenharia do Exército.
Segue...
UBIRATÃ NASCENTE ALVES é procurador aposentado do Estado, membro da Academia Mato-grossense de Letras (AML) - cadeira nº 1.
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2 Comentário(s).
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Oseias Carmo Neves 03.02.18 14h58 | ||||
Boa tarde Doutor Ubiratã Brilhante artigo. Inspirador para me dar força a minha futura empreitada no meu pós-doutorado da qual pretendo investigar o pensamento político do Marechal Cândido Rondon. Cheguei a ele através do meu atual objeto de estudo no doutorado que é o pensamento político de Euclides da Cunha. Ambos eram amigos na escola militar do RJ. E ambos sonharam revelar um Brasil que o Brasil não conhecia e creio, ainda não conhecer. Parabéns. | ||||
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Graci 03.02.18 08h33 | ||||
Por Favor, auxiliar no conhecimento sobre esse "herói", lembre de: Steinen e Claude L. Strauss, eles contam muitas verdades sobre o interior de Mato Grosso. Graci Ourives de Miranda | ||||
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