Cuiabá, Quinta-Feira, 18 de Setembro de 2025
VANESSA MORAES
05.05.2022 | 05h30 Tamanho do texto A- A+

Por que meu filho de 5 anos não fala?

Primeira avaliação que deve ser feita no recém-nascido é a da audição

Você sabia que, desde o período gestacional o bebê pode ouvir sons por volta da 12ª semana de gestação, e responder aos sons de fala com movimentos a partir da 24ª semana?  Isso mesmo! O desenvolvimento da linguagem e da fala humana iniciam muito cedo, mas há casos em que a criança, já com cinco anos, ainda não consegue pronunciar as palavras corretamente.

 

Por isso, a primeira avaliação que deve ser feita no recém-nascido é a da audição, não excluindo outras causas que podem estar causando o atraso na fala concomitantemente, que, sem dúvida, é uma grande preocupação para os pais.

 

O reconhecimento das vozes e outros sons evolui continuamente após o nascimento, junto das formas não-verbais de comunicação, como o olhar para o rosto das pessoas, sorrir para elas, e iniciar a vocalização (a chamada linguagem de bebês, o balbucio).

 

Por volta de 1 ano de idade, a compreensão de palavras deve ter avançado e espera-se o “papa” e “mama”, que enchem os pais de alegria e marcam o que se espera com o início do desenvolvimento da fala propriamente dito. E, quando menos se espera, podem falar demais!

 

Nunca devemos esquecer que ocorrem variações e algumas crianças demoram mais a falar do que as outras. Neste caso, comumente podem ser sugeridas causas que na verdade são mitos, como a de que as meninas falam mais cedo que os meninos e a de que crianças com 2 anos e meio não precisam falar.

 

Além disso, o desenvolvimento motor tão valorizado no primeiro ano de vida como indicador de boa saúde inclui também o desenvolvimento e uso da musculatura orofacial (que são os músculos usados na fala) caracterizando a condição de normalidade como uma associação, um conjunto de outras formas de linguagem. Portanto, vários sinais devem ser avaliados e não somente a “quantidade” de palavras emitidas em cada idade. 

 

O primeiro estímulo para o desenvolvimento da fala acontece quando o bebê é amamentado pela mãe. O uso de mamadeira pode ser um grande facilitador para a mãe, porém, além do componente nutritivo do leite materno, a força necessária para sucção no seio materno é extremamente mais benéfica para o fortalecimento destes músculos que também são os mesmos usados para o desenvolvimento da fala.

 

As causas de atraso da fala são variadas, desde o uso prolongado de chupeta, desde dificuldade sensorial (uma falha na audição como citado primeiramente), passando por alterações do neurodesenvolvimento como deficiência intelectual e autismo, distúrbios específicos de linguagem ou apraxia da fala, na qual a criança tem a ideia do que quer comunicar, mas seu cérebro falha ao planejar e programar a sequência de movimentos para produzir sons da fala.

 

E não se deve esquecer que a exposição excessiva à telas eletrônicas associada a falta de estimulação, principalmente para os menores de 2 anos de idade, tem sido apontada como fator de risco para atraso de linguagem.

 

A valorização do relato dos pais, a comparação com o esperado mínimo para cada idade, e principalmente a correta interpretação do pensamento “cada criança tem seu tempo” são muito importantes ao se considerar a necessidade de diagnóstico preciso e tratamento com estimulação adequada de forma precoce.

 

Tanto o diagnóstico do atraso como o tratamento dependerão de avaliações especializadas, incluindo profissionais da área médica como o pediatra, neuropediatra, em conjunto com um Otorrinolaringologista e um Fonoaudiólogo.

 

O atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem podem ser os primeiros sinais que levam ao diagnóstico de doenças graves, com repercussões em outras esferas do desenvolvimento que naquele momento ainda não são perceptíveis, e por isto não deve ser negligenciado.

 

Segue abaixo o desenvolvimento esperado da linguagem:

 

0 - 3 meses: Presta atenção a sons, acalma com a voz do cuidador, emite alguns sons;

 

3 - 6 meses: Emite sons como se estivesse conversando, imita alguns sons que ouve;

 

6 - 12 meses: Entende “não”, tchau e outras palavras comuns, começa falar palavras ou sílabas simples;

 

12 -18 meses: Identifica partes do corpo, aponta o que quer, pode combinar palavras simples;

 

18 – 24 meses: Combina palavras, fala em torno de 20 palavras diferentes;

 

2 a 3 anos: Fala frases de 2 a 3 palavras, responde sim e não, pode ter fala ainda não totalmente compreensível;

 

Até os 4 anos: Pode ter dificuldade como “R” e encontros consonantais como “LH”, mas fala frases e relatos, inventa histórias.

 

Mesmo que não exista uma causa ou doença para explicar o atraso, a criança deve receber tratamento, pois a linguagem é uma ferramenta mediadora para a comunicação, o aprendizado e a adaptação ao meio em que o ser humano vive, havendo risco de comprometimento escolar e social, já que envolve algo essencial para a participação e inclusão.

 

Vanessa Moraes é fonoaudióloga e audiologista.

 

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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