O Painel do Clima decidiu restringir o consumo de carne bovina nos eventos oficiais da COP-30.
É uma espécie de alerta, um simbolismo. Argumentam coerência com suas afirmações, ao meu ver equivocadas, de que a pecuária é uma das grandes causadoras das mudanças climáticas.
Não seria, se utilizassem métricas justas e corretas para o cálculo da pegada de carbono da bovinocultura. Consideram e citam somente as emissões esquecendo-se dos atenuantes promovidos pelas novas tecnologias de produção, que sequestram carbono e reduzem as emissões. Somam-se a isso as métricas equivocadas utilizadas nessa contabilidade.
Várias entidades científicas e cientistas isolados já contestam essa métrica.
Utilizam o índice GWP-100 para calcular o potencial do aquecimento do metano. Assim fazendo, consideram esse gás ativo por 100 anos em vez de 10-12 anos que é o consenso científico. Estão equiparando o metano bovino aos combustíveis fósseis.
Não consideram a bio-genicidade do carbono bovino, que após 10-12 anos, retorna a atmosfera de onde veio, sequestrado pelas pastagens via fotossíntese.
Não deduzem das emissões os sequestros e as reduções promovidos pelas novas tecnologias, que reduzem a idade do abate e promovem uma passagem mais rápida do alimento no rúmen, contribuindo para uma drástica redução das emissões por kg de carne produzida.
Também não consideram a carbonização do solo pelas reformas e manejos adequados das pastagens, nem os sequestros das recentes tecnologias de integração pecuária/floresta e lavoura/pecuária.
Considerando que a queima de combustíveis fósseis, é de longe a principal causa das emissões de GEE, sem nenhum atenuante: tudo que é queimado vai direto para a atmosfera e lá permanece por centenas de anos, é de se esperar, para ser coerente com as restrições da carne, que todos os participantes procurem uma maneira ambientalmente limpa de viajar de seus países até Belém e também para se locomover durante todo o evento.
De qualquer forma, a aceitação dessa restrição ao consumo de carne bovina, simbolizaria uma conivência dos pecuaristas com essa decisão do Painel do Clima, criando uma concordância de que somos os grandes vilões das mudanças climáticas.
Por ser o metano bovino um gás de vida curta, e biogênico, a pecuária pode contribuir muito na luta pela mitigação das emissões.
Mas antes de planejar um programa nesse sentido, é necessário mensurar com métricas justas a pegada de carbono da nossa atividade.
Considerando que o rebanho nacional e planetário, estão estáveis há mais de 12 anos, e até em declínio, pode-se afirmar que estamos no mínimo numa condição de neutralidade, que significa que não estamos adicionando novos GEEs na atmosfera.
Um saldo positivo nessa relação sequestro/emissão é o nosso próximo objetivo.
É de interesse total da pecuária, encerrar essa narrativa, que depõe muito contra a nossa atividade.
Ousaria solicitar ao Painel do Clima, a retirada dessas restrições do cardápio dos eventos oficiais da COP-30.
Arno Schneider é diretor da Acrimat.
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