“Temos uma geração estranha: põem os filhos na creche, os pais no asilo e vão passear com os cães na praça.” A frase do pastor Cláudio Duarte é um retrato cruel de uma realidade cada vez mais visível; a de que perdemos a noção de prioridades, e junto com ela, a autoridade dos pais e os valores da família.
Há não muito tempo atrás, bastava um olhar sério do pai ou da mãe para que os filhos entendessem seus limites. O respeito era imediato, silencioso, natural e sem birra. Hoje, a cena é oposta: há filhos que mandam os pais calarem a boca, e, pior, pais que acham isso normal. É a inversão total de valores, o famoso “poste mijando no cachorro”.
Estamos criando uma geração que sabe negociar preços, mas desconhece o valor das coisas. Crianças que sabem quanto custa um celular, mas não sabem cumprimentar o vizinho. Que decoram marcas de tênis, mas não sabem respeitar um professor. Que disputam jogos complexos, mas não sabem escrever. Que gritam por direitos, mas não entendem responsabilidades.
E a culpa não é deles. A culpa é de pais que trocaram disciplina por presentes, respeito por permissividade, tempo de conversa por horas de tela. Pais que erroneamente se dizem “amigos dos filhos”, dado que especialistas afirmam que pais não devem ser amigos dos filhos, porque ser amigo de alguém é manter vínculo afetivo desinteressado e ser pai significa amar, educar, corrigir, orientar e cuidar de quem é mais jovem e inexperiente.
Pais que deixaram de ensinar valores simples, tais como: forrar a cama ao levantar-se, pedir a bênção (“bença, pai; bença, mãe”), lavar o prato em que comeu, ajudar a limpar a casa, dar banho no cachorro, respeitar os mais velhos, pedir licença, agradecer. Valores simples e valiosos que moldam caráter e sustentam uma vida inteira.
Hoje, muitos se orgulham em dizer que “não querem que os filhos passem pelo que passaram”. Mas esquecem que foi justamente aquilo que passaram — as broncas, os limites, os nãos, o trabalho em casa, o respeito às regras — que os tornaram pessoas de fibra.
Ultimamente, em nome de uma tal “modernidade” que confunde liberdade com falta de limites, estamos criando e formando adultos frágeis, sem disciplina, sem reverência por nada, a verdadeira geração canguru.
O que é preciso, é resgatar a consciência de que educar vai além de prover. Educar é orientar, cuidar, corrigir, estar presente. É ensinar que a cama arrumada de manhã não é só ordem no quarto, mas ordem na vida. Que respeitar os mais velhos não é tradição ultrapassada, mas demonstração de humanidade.
Educar é ensinar que pedir licença e agradecer não é formalidade, mas respeito pelo próximo. Que dizer “bença, pai” ou “bença, mãe” não é caretice e sim reverência à história de quem nos antecedeu. E que lavar o prato em que comeu, dar banho no cachorro e ajudar a limpar a casa não é obrigação imposta, mas aprendizado de partilha, responsabilidade e humildade.
Portanto, se quisermos resgatar uma sociedade mais humana, precisamos resgatar os princípios (valores) que hoje estão sendo jogados no lixo. Porque filhos que aprendem apenas preços se tornam adultos que vendem princípios. Mas filhos que aprendem valores crescem para construir um mundo em que a dignidade não tem etiqueta e o respeito não está à venda.
Afinal, “De que serve o preço na mão do tolo para comprar a sabedoria, visto que ele não tem entendimento?” (Provérbios 17:16).
Claiton Cavalcante é contador, membro da Academia Mato-Grossense de Ciências Contábeis.
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