Cuiabá, Quinta-Feira, 2 de Outubro de 2025
SORAYA MEDEIROS
02.10.2025 | 05h30 Tamanho do texto A- A+

Receita para a alma!

A vida, percebo aos poucos, se parece muito com uma cozinha

Escrevo estas linhas entre uma xícara de café esfriando e o rascunho de um cardápio. A vida, percebo aos poucos, se parece muito com uma cozinha — ingredientes doces e amargos, temperos que curam e outros que ardem. Hoje quero compartilhar uma receita que venho elaborando na quietude dos meus dias: o alimento da cura.

 

Por muito tempo esperei desculpas que nunca chegaram, como quem aguarda uma sobremesa que não sai do forno. Ficava diante do vazio, ouvindo o eco do silêncio onde deveriam existir palavras. Até que entendi: algumas chuvas simplesmente não molham a terra seca, e insistir na sede é desperdiçar a água que carregamos dentro de nós.

 

Aprendi, na marra, que nem todos servem o amor no mesmo prato que nós. Oferecíamos vinho fino em taças de cristal e recebíamos de volta em copos descartáveis. Mas eis o segredo: a falta de educação alheia não precisa manchar nossa toalha de linho. Podemos continuar servindo a vida com a elegância que nos é própria.

 

Ah, as promessas... Receitas mágicas que nunca saíam do papel. Palavras lançadas ao vento como ervas que nunca temperaram o caldo. E os adeuses sem despedida — esses deixam um gosto amargo peculiar, como alimento estragado que precisamos cuspir para não adoecer.

 

Mas um dia, diante de panelas e temperos, entendi a verdade mais sábia: quem nos feriu não será o chef da nossa recuperação. Muitas vezes, eles nem sabem o sabor amargo que deixaram em nosso paladar emocional. A cura, essa receita secreta, precisamos cozinhar nós mesmos.

 

E que descoberta libertadora! Curar-se não é apagar memórias, mas transformar cicatrizes em novos temperos para a alma. A força não está em nunca se queimar no forno da vida, mas em aprender a usar as luvas da experiência.

 

Hoje sei que a cura tem o sabor da autenticidade. É um prato único, preparado com os ingredientes do autorespeito, o tempero do perdão próprio e o molho especial da reconstrução.

 

E ao final do banquete, descobrimos o mais belo dos sabores: o de renascer inteiros, luminosos, com cada experiência transformada em receita de coragem. Porque a vida, meus amigos, é a mais sábia das cozinheiras: depois de todo amargor, sempre nos serve a chance de um novo sabor.

 

Soraya Medeiros é jornalista com MBA em Marketing.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
0 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Preencha o formulário e seja o primeiro a comentar esta notícia



Leia mais notícias sobre Opinião:
Outubro de 2025
02.10.25 05h30 » Receita para a alma!
02.10.25 05h30 » Entre luz e escuridão!
02.10.25 05h30 » O que é cidadania digital?
01.10.25 05h30 » Dia do Vendedor
01.10.25 05h30 » É verdade! Mas qual verdade?
Setembro de 2025