O soldado da Polícia Militar Raylton Duarte Mourão afirmou em depoimento que foi “atormentado por demônios”, durante três dias, que o mandaram matar a personal trainer Rozeli da Costa Souza Nunes, em Várzea Grande. Ele negou que o crime tenha sido premeditado, mas a Polícia vê contradições.
“Nesse dia, acordei com uma sensação e a voz falando mais forte: ‘Mata essa desgraçada. Vai lá e mata ela’. E aí peguei e fui. Saí do quarto e fui tomar banho no banheiro que tem no fundo para não acordar minha esposa. Vesti uma roupa lá na edícula do fundo e saí empurrando a moto até o portão, só dei partida bem encostadinho no portão para não acordar minha esposa e fui fazer essa loucura”, disse Raylton em trecho de depoimento.
Segundo o delegado Bruno Abreu, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que está à frente do caso, o crime foi motivado por uma ação judicial movida por Rozeli contra o militar e a esposa dele, cobrando R$ 24,6 mil por danos morais e materiais decorrentes de um acidente de trânsito.
O caso é de março deste ano, quando um caminhão-pipa da empresa Reizinho Água Potável, de propriedade do casal, danificou o carro da vítima. Conforme consta nos autos, Rozeli tentou resolver a situação amigavelmente, mas não obteve resposta.
Segundo o delegado, Raylton teria ficado revoltado com a vítima, por achar que ela “não tinha o direito de pedir a indenização”.
Apesar do militar negar a premeditação, Abreu destaca a contradição no próprio depoimento. “Ele fala que em tese não foi premeditado, se contradiz, porque há três dias estava pensando no crime e tentou lutar contra isso, contra esses ‘demônios’ que atormentavam a cabeça dele, ficava nessa guerra interna. Disse que, para ele, foi algo incontrolável, que não sabe explicar”, afirmou o delegado.
Rozeli foi assassinada a tiros dentro do próprio carro no último dia 11, assim que saiu de casa, no bairro Cohab Canelas, em Várzea Grande. Câmeras de segurança registraram dois homens em uma motocicleta atirando contra a vítima.
Veja o vídeo:
Na mira da Polícia
Inicialmente, a Polícia pensou se tratar de um crime com envolvimento de facção criminosa. Logo, os olhos se voltaram para a possibilidade de ser um agente de segurança pública, pela firmeza com que o tiro foi disparado.
“Olhando um pouco melhor a imagem [de câmera de segurança], você percebe que era um tipo de empunhadura mais dura, um nível mais profissional. A gente começou a detectar ali que podia ser um policial militar, ou um policial civil, ou alguém das forças policiais”, afirmou o delegado.
Logo a Polícia encontrou nos registros públicos a ação movida por Rozeli contra o casal e estranhou o fato de Raylton ter saído de moto durante a madrugada e voltado a pé cerca de meia hora depois do crime.
“Vimos duas situações muito estranhas: ele saindo às 3h28 da manhã, aparentemente com a moto desligada, liga a moto na rua, sai e volta 23 minutos depois do crime a pé, numa rua de trás”, afirmou o delegado.
“Com base nessa prova técnica e nos indícios da ação judicial, a linha de investigação não era outra a não ser essa”, explicou o delegado.
No sábado (13) passado, Raylton e a esposa foram alvos de mandado de busca e apreensão, mas não foram encontrados em casa. No dia seguinte, a Justiça emitiu mandados de prisão contra o casal, que permaneceu foragido até se entregar: Raylton no domingo (21) e sua esposa, a farmacêutica Aline Valandro Kounz, nesta terça-feira (23).
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