Presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o pecuarista Marco Túlio Duarte afirmou que a repercussão da Operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira (17) pela Polícia Federal, ainda não afetou o consumo em Mato Grosso.
A "Carne Fraca" apontou um esquema de venda de carnes vencidas, possibilitado pela corrupção de fiscais federais. Foram atingidos alguns dos principais nomes de empresas do setor, como a JBS/Friboi e a BRF Foods (Sadia e Perdigão).
Duarte diz ter feito um levantamento informal em açougues e supermercados de Rondonópolis, Cuiabá e outros municípios pólos e não atestou mudanças nos hábitos dos consumidores.
Apesar disso, ele acredita que na hora da compra a população analisará o produto com mais cautela.

“O mercado regional não foi afetado. Obviamente, as pessoas estão mais atentas no que diz respeito às marcas citadas, aos produtos citados, principalmente aos produtos industrializados. As pessoas estão vendo a situação com mais cautela. Mas não teve impacto no consumo regional”, disse.
Mesmo assim, ele disse que o mercado está em alerta e apontou excessos da Polícia Federal na operação.
“O setor está em estado de alerta, não tenho dúvida nenhuma. Apesar de não ter tido impacto no consumo, a repercussão é geral, todos estão sabendo da situação. A mídia, as redes sociais, o Whatsapp, fez isso se multiplicar de uma forma gigantesca”, afirmou.
“Mas acho que houve também uma somatória de erros da Polícia Federal. Erro de interpretação que levou a própria população a partir para um sensacionalismo grande, como no caso do papelão. Começaram a satirizar essa questão. Isso criou proporções avassaladoras. Isso prejudica”, disse.
Marcas irão sofrer
Para o presidente da Acrimat, as empresas citadas na operação da PF sofrerão um impacto inicial, mas deverão se recuperar.
“Eu não tenho dúvida de que as marcas citadas vão sofrer com essa repercussão. Mas o caso investigado é somente uma parte do que é produzido. São marcas consolidadas, embasadas em qualidade ao longo de décadas. As pessoas vão ser um pouco mais cautelosas, mas não tenho dúvida que vai existir uma reconquista rápida do mercado por essas empresas, que se consolidaram como marcas de qualidade”, afirmou.
Marcus Mesquita Imagens
"Houve uma somatória de erros da Polícia. Erro de interpretação que levou a própria população a partir para um sensacionalismo grande"
Segundo Marco Túlio Duarte, Mato Grosso tem quase 30 milhões de cabeça de gado, 40 indústrias frigoríficas, sendo 21 em atividade, e exporta para mais de 80 países.
Para ele, a vigilância realizada pelo Instituto de Defesa Agropecuária (Indea-MT), que fiscaliza apenas frigoríficos do Estado, é satisfatória e não há riscos na produção local.
“Mato Grosso não foi citada na operação. Os níveis de fiscalização são satisfatórios aqui no Estado. Então, o fato de não ter nenhuma indústria citada, é um reflexo disso, de trabalho sério, de ter pessoas sérias por trás disso”, disse.
“Temos bons exemplos de produção em Mato Grosso e temos que continuar fazendo o dever de casa. É preciso pegar as laranjas podres, que existem em todos os segmentos, e fazer com que isso se estanque. Fechar indústrias, prender pessoas. E que os que cuidam da sua qualidade, não sejam penalizados por isso”, completou.
Operação
Ao todo, foram expedidos 38 mandados de prisão. A Justiça Federal do Paraná determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão das empresas investigadas.
O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, também é citado na investigação. Ele aparece em grampo interceptado pela operação conversando com o suposto líder do esquema criminoso, o qual chama de "grande chefe".
A investigação apontou o uso de carnes podres, maquiadas com ácido ascórbico, por alguns frigoríficos, e a re-embalagem de produtos vencidos.
Segundo a PF, essa é a maior operação já realizada na história da instituição. Foram mobilizados 1.100 policiais em seis Estados (Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás) e no Distrito Federal.
Os grupos acusados, JBS e BRF, possuem 28 unidades industriais em Mato Grosso.
Em Mato Grosso, o grupo JBS informa em seu site que possui 24 plantas, entre unidades de processamento de bovinos, de confinamento de bovinos, de couro, centros de distribuição e unidades e centros de distribuição de aves.
Já a BRF possui quatro unidades industriais, além de um centro de distribuição, em Várzea Grande, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Nova Marilandia e Campo Verde.
De acordo com o superintendente federal da Agricultura do Estado (SFA-MT), José Assis Guaresqui, embora as unidades em Mato Grosso não tenham sido alvo no esquema apurado, não é possível descartar a possibilidade de os frigoríficos serem investigados em desdobramentos da operação.
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