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30.04.2012 | 11h30 Tamanho do texto A- A+

Base de Dilma quer evitar que Pagot vire "homem-bomba"

Planalto articula para tirar Delta do foco da CPI e alerta ex-diretor do DNIT

MidiaNews

Luiz Pagot, ex-chefe do DNIT: possível depoimento em CPI é visto com preocupação pela cúpula do PT

Luiz Pagot, ex-chefe do DNIT: possível depoimento em CPI é visto com preocupação pela cúpula do PT

DA REDAÇÃO

A base aliada do Governo Dilma Rousseff - em especial, o PT - articula no sentido de forçar a CPI do Cachoeira a tirar a construtora Delta do foco das investigações e impedir que o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot, "abra o verbo" e, em depoimento, complique o Palácio do Planalto, nas supostas ligações com a empresa e o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

A informação é do jornal O Estado de S. Paulo, que, na edição desta segunda-feira (30), revela que o interesse do Governo é centralizar tudo nas mãos de poucos para evitar eventuais vazamentos de documentos sigilosos, poupar a Delta e colocar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), no foco das investigações.

Em relação a Pagot, segundo o jornal, a avaliação é que o executivo mato-grossense não vai dar "um tiro no pé".

Um líder governista lembra que Pagot não vai correr o risco de "sair de exonerado para preso", se realmente quiser falar tudo o que saberia na CPI.

Confira a íntegra da reportagem do Estadão:

Governo opera para restringir CPI a Perillo e tirar empreiteira Delta do foco

Centralizar tudo nas mãos de poucos para evitar eventuais vazamentos de documentos sigilosos, poupar a Delta Construções, limitar a apuração aos funcionários da empreiteira com participação no esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e tentar pôr o foco das investigações em cima do governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo. Esta é a estratégia que começou a ser montada pelos partidos aliados do governo, em especial o PT, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira.

Incentivados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os petistas buscarão tirar o foco das investigações de cima da Delta Construções, principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. A ideia é impedir a convocação de empregados da empresa que não têm relação com o esquema de Cachoeira, como defende a oposição. A oposição estuda elaborar requerimentos, que os governistas tentarão derrubar, propondo a convocação dos diretores e gerentes da Delta dos 23 Estados onde existem obras da empresa.

Ao mesmo tempo em que tentam restringir as investigações em torno da Delta, a orientação é procurar incriminar o governador tucano no esquema ilegal de Carlinhos Cachoeira. A tática dos governistas é verbalizada pelo líder do partido na Câmara, Jilmar Tatto (SP), e será posta em prática tão logo sejam analisados os documentos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal.

Parlamentares do PT estão convencidos de que a atividade criminosa em Goiás tinha como parceira a Segurança Pública do Estado. Ou seja, em última instância, contava com o aval do governador Marconi Perillo.

Em relação ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que teve seu nome citado por integrantes do esquema de Cachoeira, os petistas tentarão poupá-lo neste primeiro momento de trabalhos da CPI.

Porém, nos bastidores já avisaram que, se for necessário, não vão titubear em entregar a "cabeça de Agnelo". "O envolvimento neste momento é muito maior do governador do PSDB", diz Tatto, para quem está claro que Perillo tem uma "relação muito próxima com Cachoeira".

Controle. Para conseguir manter as rédeas da CPI, os governistas também já decidiram que não vão ceder ao apelo da oposição para criar sub-relatorias por temas dentro da comissão. Dessa forma, estão certos de que evitaram vazamentos de informações e o esvaziamento do relator Odair Cunha (PT-MG). O temor é que as sub-relatorias ganhem "vida própria" e acabem se tornando mais importantes do que o trabalho do relator.

A blindagem da CPI tem a anuência do presidente da comissão, Vital do Rego (PMDB-PB), que já avisou ser contrário às sub-relatorias.

Reticente em relação à criação da CPI, o PMDB participa da comissão com parcimônia, com nomes apontados como de "segundo escalão" dentro da hierarquia partidária. Bem diferente do PT que reforçou a CPI com suas estrelas partidárias.

A não ser que apareça alguma surpresa, como o depoimento inusitado de algum personagem envolvido no esquema de Cachoeira, os governistas estão confiantes de que conseguirão manter a CPI sobre controle. Nem mesmo o eventual depoimento do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot assombra os aliados.

A avaliação é que Pagot não vai dar "um tiro no pé". Um líder governista lembra que Pagot não vai correr o risco de "sair de exonerado para preso", se realmente quiser falar. Além disso, argumenta o aliado, o PR, partido do qual Pagot se desfiliou somente na semana passada, controla a maioria dos Dnits do País. Não seria, portanto, de interesse do PR incentivar a "rebeldia" de Pagot que, em última instância, poderá acabar enredado na teia de eventuais irregularidades.

Cautela. Nestes primeiros dias de CPI, a cautela impera entre os integrantes da comissão. Tanto governistas quanto oposição apostam que os trabalhos da CPI começarão a deslanchar daqui a dez dias, com a análise dos inquéritos da Polícia Federal. "Só aí poderemos aprovar requerimentos de convocação e de quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico", diz o ex-líder Cândido Vaccarezza (PT-SP), um dos integrantes da comissão.

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3 Comentário(s).

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carlos silva  01.05.12 14h54
carlos silva, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas
ivan  30.04.12 15h32
Acredito que pagot nao vai falar, nada pois houve prevaricação por parte dele,portanto telhado de vidro neste caso.
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antonio carlos  30.04.12 13h15
Isso que a base aliada propõe tem capitulação no Código Penal, art. 319, prevaricação, aliás, crime que o sr. Pagot cometeu, pois, se sabia dos ilícitos e não tomou as providências cabíveis, prevaricou. Tudo gente boa.
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