Deputado minimiza denúncia e admite lobby por obra

O deputado federal Wellington Fagundes (PR) afirmou que há mais de dez anos vem lutando pela conclusão da duplicação da BR-163, que liga Cuiabá a Rondonópolis (212 km ao Sul) e que vai interferir “quantas vezes for necessário” para que haja agilidade nas obras.

“Se precisar da minha interferência, do meu trabalho, farei quantas vezes for necessário para que haja agilidade nessa obra e para que ela possa ser entregue à população. A questão partidária, outras situações, não cabe a mim discutir. Não vou entrar nesse mérito. Eu tenho, acima de tudo, consciência do meu trabalho”, disse o parlamentar.

Fagundes estava se referindo à acusação feita pelo ex-colega de partido e ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antônio Pagot, de que o deputado federal é lobista.

Em entrevista à revista Época, no mês passado,  o executivo acusou o deputado de fazer lobby para que o órgão afrouxasse a fiscalização sobre a construtora Delta, que executou as obras no trecho de duplicação da rodovia federal, na Serra de São Vicente, a 80 km da Capital.

A empresa teria executado uma camada de asfalto com espessura menor do que o prevista em edital. (Leia mais AQUI)

Na ocasião, Fagundes apenas soltou uma nota de esclarecimento, negando que tivesse interferido para facilitar ou diminuir as exigências impostas à empresa, e que esteve, sim, por diversas vezes, no DNIT, mas para reivindicar a conclusão da obra.

“Que fique bem claro: eu trabalhei por mais de 10 anos nessa obra. Depois que ficar pronta, não me venha aparecer o pai da criança”, disparou o parlamentar na entrevista.

Fagundes disse que cobrou agilidade devido à importância dessa obra para a população mato-grossense. “Porque tudo o que demanda a Amazônia passa pela Serra de São Vicente. O movimento entre Cuiabá e Rondonópolis é muito grande. Então, a cada dia que essa obra não é entregue à população, o prejuízo é muito grande”, argumentou, lembrando que a obra deveria ter sido entregue há um ano.

A duplicação da estrada na Serra de São Vicente foi entregue na quinta-feira (10), ao custo de R$ 26,5 milhões. O contrato se encerrou no dia 4 de maio.

Saída de Pagot

Questionado sobre como avaliava a saída de Luiz Antonio Pagot do PR, que pediu a desfiliação após disparar acusações contra deputados do partido (além de Fagundes, ele apontou Valdemar Costa Neto, deputado por SP, como lobista), o republicano evitou polemizar.

As acusações de Pagot caíram como uma bomba no Governo estadual. A cúpula do PR havia indicado Fagundes para assumir o comando da Secopa no lugar de Eder Moraes (PR), apenas dois dias antes de ser publicada a entrevista em que Pagot disparou acusações contra colegas de partido.

Fagundes, que é presidente regional da sigla, ainda surpreendeu a todos, afirmando que gostaria que Pagot voltasse para a legenda. O parlamentar evitou, porém, comentar o fogo amigo disparado pelo ex-diretor do DNIT.

“O Pagot decidiu desfiliar, então nós sentimos a saída dele. Isso é ruim para o partido, cada membro que a gente perde é ruim. Então, eu gostaria, se possível, que ele voltasse. Porque, às vezes, a pessoa toma uma decisão e, de repente, muda de ideia. Assim como saiu, é bem-vindo para voltar. Assim como outros que já saíram e voltaram. Isso é perfeitamente normal”, afirmou o deputado.